terça-feira, 22 de novembro de 2011

PLAKA E A ILHA DE HYDRA


Plaka é um bairro de Atenas, onde se encontram as boutiques pitorescas da cidade. Ruas estreitas, casas antigas lembrando Ouro Preto, lojas de bijuterias, sacolas, tapetes bordados, vasos gregos. Turistas sobem as ladeiras, que às vezes são escadarias, à procura da arte local.
À noite, os barzinhos acendem suas luzes e os atenienses reúnem-se em bandos, assistindo a espetáculos de danças gregas, shows característicos da região. No alto do tablado, ao som de música, dois rapazes dançam uma espécie de luta que me recorda o jogo de capoeira da Bahia.

Atravessamos o Mar Egeu num barco cheio de turistas, vendo as espumas espalharem-se junto ao casco do navio. Atenas se afasta e, depois de algum tempo, as pedreiras anunciam uma nova paisagem. Fachadas de casas cor-de-rosa começam a aparecer e, tão logo descemos, encontramos pequenas lojas mostrando objetos de artesanato, tapeçarias, cerâmica. Pulseiras com incrustações de deuses da mitologia revelam sobriedade de gosto. Deixamos Istambul com suas jóias requintadas, e agora observamos a simplicidade grega manifestada através do trabalho de seus artesãos.
Em Hydra, a influência bizantina se faz sentir nos ícones da igreja ortodoxa, com cenas da vida de Cristo reproduzidas em miniaturas sobre fundo de ouro.
A história de Hydra é uma página de heroísmo dentro da história grega. A pequena ilha, cheia de montanhas e acidentes geográficos, resistiu às invasões, tendo os proprietários das terras colocado todos os seus recursos econômicos à disposição do governo, para a defesa da cidade. Hydra manteve-se livre dos conquistadores, defendendo o ideal de liberdade apregoado por seus grandes antepassados.

*Fotos da internet

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CORINTO


         Corinto fica situada a algumas milhas de Atenas. Enquanto andamos pelas ruínas da cidade, uma rua de pedras e colunas desmoronadas, revivemos um pouco da história grega, seus aspectos pitorescos, inclusive a famosa greve das prostitutas. Corinto foi lugar de perdição, onde as jovens sacerdotisas eram usadas como escravas, a serviço dos sacerdotes pagãos. “Um dia, percorrendo em procissão a cidade, negaram-se a receber clientes, até que suas reivindicações fossem atendidas”. Este fato é conhecido como a greve mais antiga da História. Ao povo de Corinto, São Paulo trouxe o Evangelho de Cristo, e a cidade do pecado levantou-se para ouvir o apóstolo.  No centro de uma muralha, em meio às ruínas da cidade, o símbolo de Cristo foi impresso na pedra.
 Podemos ver a colina e o que restou da antiga civilização. Corinto parou no passado. O mato cresce e se enrosca às colunas, e turistas curiosos se detém nas inscrições. Depois de uma época de glórias, a cidade, outrora freqüentada por intelectuais e artistas, reduziu-se a um amontoado de pedras. A dominação turca destruiu parte das obras de arte gregas, e a maioria das esculturas que resistiram à violência pertence hoje ao Museu Britânico.
  A lembrança de Sócrates e Platão projeta-se nas pedras de Corinto. Sócrates, desprezando os deuses, induzia os jovens a agirem de acordo com a própria consciência. Considerado líder subversivo, foi levado a ingerir cicuta e morreu. Mas, sobre suas idéias, que não puderam ser ouvidas na época, foram construídos sistemas que até hoje encontram ressonância no comportamento da juventude de nossos dias. Em filosofia e arte, os gregos abriram caminhos novos que marcam o mundo ocidental.

         As teorias de Platão, no que se refere à arte, até hoje são os fundamentos do construtivismo. Platão situava a beleza ideal na forma pura, livre do prurido do desejo. Suas idéias coincidem com todas as correntes artísticas onde a razão se antepõe à emoção :clássico e neoclássico, cubismo e construtivismo, concretismo e arte cinética. A procura da forma ideal, destituída de qualquer ligação com as emoções, crenças ou afetividades do homem, são direções indicadas pelo pensamento platônico: o uso da régua e do esquadro, a escolha das formas geométricas simples, o computador que densensibiliza o traço, são características atuais de idéias platônicas.
 A linha do pensamento grego atravessa tempo e espaço e se projeta nos quadros de Mondrian, nas esculturas construtivistas de Max Bill, na arte cinética de Vasalery. Se em Istambul pudemos testemunhar o confronto geográfico de dois continentes, agora, em Atenas, nas ruínas de Corinto, relembrando os grandes intelectuais gregos, refletimos sobre as direções que o mundo tomou, dirigido por pensamentos opostos.

*Fotos da internet

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