quarta-feira, 27 de novembro de 2013


ARTE E EVOLUÇÃO HUMANA NA VISÃO DE SRI AUROBINDO

Em 1979, visitei  uma comunidade na Índia cujo modo de viver tem atraído pessoas no mundo interior. Seu fundador, Sri Aurobindo, foi o pensador oriental que mais se aproximou de nossa civilização. Procurava um entrosamento das idéias espiritualistas do Oriente com o dinamismo progressista do ocidente. Sua filosofia, baseada na evolução, prevê a transformação do homem acreditando que “por detrás da inteligência existe em todo o ser humano outra ordem de consciência ainda oculta, que espera o momento de surgir.”
A insatisfação do homem, seu desejo de progredir, é uma prova disto. Essa sede de progresso que nos impulsiona para a evolução não se prende apenas ao raciocínio lógico, mas o ultrapassa. A evolução, processada anteriormente pelas forças da natureza, seria realizada agora conscientemente, no próprio homem, através de praticas, exercícios e o desenvolvimento e suas energia internas.
Tendo sido educado na Europa e conhecendo bem a civilização ocidental, Sri Aurobindo  considerava impossível dominarmos as conquistas da ciência e da técnica sem a ajuda de um poder maior do que a inteligência. O desenvolvimento interior através da ioga integral viria despertar nossas potencialidades adormecidas, conduzindo-as à ação. A busca e a educação dessas energias existentes em todo o ser humano são formas de atividade que identificam a filosofia do mestre. Tornar consciente o que está inativo e forçá-lo a atuar, despertar, discernir, desapegar-se, agir, purificar-se e evoluir. A transformação se realizaria inicialmente em cada pessoa que já estivesse preparada, mais tarde atingindo a todos. Essa evolução para um plano mais alto de existência se efetuaria normalmente através do desenvolvimento das aptidões de cada um, considerando-se que o trabalho feito com amor conduz ao aperfeiçoamento da pessoa. Qualquer forma de atividade pode ser considerada veículo de evolução. O trabalho assim realizado prevê a ajuda mutua e o espírito comunitário. O trabalho feito com idealismo transforma e purifica o homem. A vocação já é o chamado para a evolução. Bloqueá-la significa atraso.
A criatividade também ajuda a despertar as energias interiores. Através dela, usamos a intuição que nos conduzirá à descoberta da realidade interna. O exercício da criatividade, em todos os seus aspectos - científicos, filosóficos, artísticos - ajuda em nossa integração, conduzindo-nos a planos mais altos. É necessário despertá-la por meio da arte na educação e do incentivo aos artistas e pesquisadores. Mas a evolução exige o aperfeiçoamento total do homem. Baseado nisso, Sri Aurobindo incentivou o esporte, acreditando que o corpo deveria se fortalecer para ajudar na transformação espiritual que se processaria através dele. Suas idéias unificam matéria e espírito. O progresso tecnológico avança, impulsionado por outras forças que ultrapassam as dimensões da inteligência e do raciocínio lógico. Dentro desse impulso totalizante e unificador, o homem crescerá para a sua evolução.
A experiência comunitária de Sri Aurobindo apoiada pela UNESCO traz-nos a mensagem de esperança. Suas idéias, aliando a agudeza do ocidente com a iluminação do oriente, conduzem-nos a reflexão. Nossas forças também poderão ser dirigidas e transformadas para que o homem do futuro possa encontrar uma humanidade melhor.

*Fotos de Maurício Andrés e da internet

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG "MINHA VIDA DE ARTISTA", CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.









quarta-feira, 13 de novembro de 2013


NEPAL

 Estou no Nepal. O céu muito azul, montanhas circundando a cidade, lembrando Minas Gerais, Belo Horizonte, Ouro Preto, Retiro das Pedras. O mesmo céu, a mesma situação geográfica. 4000 pés acima do nível do mar. No inverno há neve e gelo, estamos no verão na Índia, 40 ° em Madras de onde saí. Aqui a temperatura é agradável e a altitude me pôs de cama o primeiro dia. Há hippies nos bairros da cidade, na zona comercial. Aqui é o bairro dos grande hotéis, do palácio real. Meu hotel é modesto, parece uma fazendinha. Acordo com os passarinhos cantando, com os galos anunciando um novo dia. Tenho de sair de casa para almoçar e jantar. Desço as ruas até o restaurante chinês. No caminho observo as casas, as varandinhas de madeira, as janelas de grade, antigas, os compartimentos pequeninos onde os nepalenses fazem seu comércio, seus negócios. Lembra Ouro Preto, mas também a China, o Japão. Os pagodes chineses vieram daqui e do Tibet. O estilo arquitetônico dos pagodes começou nos himalaias, berço da arte, cultura, civilização , costumes, religião. As caras dos nepalenses lembram os peruanos, bolivianos, mas também aquele olhinho puxado dos chineses. O mundo é realmente uma unidade e o planeta terra neste universo de estrelas não pode ter a pretensão de se dividir. Somos na realidade uma só e única família. Sentimos isto nas fisionomias, no jeito de ser; os nepalenses residem em lugares montanhosos, os peruanos também. Carregam seus filhos nas costas, enrolam panos na cintura para carregar pertences (nada de bolsas ocidentais). Os sáris não têm a graça dos indianos, são sóbrios, sem bordados. As comidas tem influência chinesa e tibetana. Vejo os costumes chineses de carregar mercadoria – muito prático – um pedaço de bambu e dois cestos, cada um de um lado, presos nas pontas por cordas. A idéia é ótima, porque o corpo não carrega o peso todo, não traz problemas de coluna. Seria uma ótima idéia se fosse adotado nas fazendas brasileiras. Como tudo nasceu nas montanhas, fico achando que muitos dos costumes chineses não são chineses, mas nepalenses. Às vezes vejo carinhas de brasileiros, do Paixão, do Juscelino... Meu dentista (tive de arrumar um) é a cara do Juscelino. Deve ser bom, pois é o dentista do Rei. Estudou em Londres e não acredita em homeopatia. Fui dizendo “Tive um problema, um abscesso, cuidei com homeopatia”. “Para abscesso? Só antibiótico!”
No dia seguinte cheguei com as radiografias, antes e depois. Ele examinou, olhou... “Sarou, não tem nada.”
Hoje vou correr os mosteiros. A paz de Buda é diferente, Buda é um estado de consciência que os ocidentais chamam de intuição. Para entrar nele só transcendendo o ego e o intelecto , os conceitos, teorias, fórmulas. Sair da forma e entrar na essência – sabedoria, caminho do meio, equilíbrio corpo, mente, espírito. Somos uma só unidade. Enquanto nos dividimos, sofremos. Para crescer é preciso estar só, sentir-se só... Até que a gente percebe que não está só. Que o mundo inteiro é irmão, não existem fronteiras, divisões, separações. As caras são iguais, um sorriso, quando sorrimos estamos felizes. Por que não sorrir sempre para tudo e todos? Buda recomenda sorrir na meditação.
A rua está cheia de gente passando. Estou em Anapurna, bairro hippie. Há gente de toda parte do mundo.

*Fotos da internet


VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.