domingo, 15 de junho de 2014


VIAGEM À TOSCANA, ITÁLIA

Recebi de Ivana, minha grande assessora nestas postagens, um relato de sua viagem à Itália, onde encontrou com Teresa e Alberto. Em 2013 coloquei uma postagem sobre o casamento de Teresa e Alberto, aqui em Minas, no Campo das Vertentes. Agora este mesmo blog vai relatar para todos os meus amigos o lugar onde Teresa e Alberto estão morando.

“Estamos na Toscana, considerada a região mais bonita da Itália. Segundo escavações, a região da Toscana por volta do ano 1000 AC sofreu influência dos etruscos que, não fundaram um estado unitário, mas se organizaram em 12 cidades semelhantes às polis gregas. O povo etrusco foi um dos primeiros povos a desenvolver a fundição e elaboração de metais e nas escavações foram encontrados magníficos jarros, armas, instrumentos de trabalho e objetos de metal.

Em Ponggibonsi, onde chegou o trem vindo de Florença, encontramos Teresa, minha muito querida sobrinha. Mais do que isto, uma amiga. Quando a amizade encontra a família, os céus abençoam. Foi um abraço feliz, com muita gente de Belo Horizonte abraçando junto. Alberto sempre nos transmite paz e nos faz um bem enorme. A casa deles em Vico D’Elsa me lembrou as casa de Olinda, espaçosa e com divisões diferentes. Como em Olinda me veio a vontade de desenhar. Há um terraço com uma linda árvore tortuosa onde estão brotando figos. Defronte 3 grandes ciprestes  emolduram um campo verdinho que parece trigo ou arroz. No meio do trigal uma fazenda desponta. Atrás montanhas. Hoje e ontem corremos com eles esta região que lembra o Campo das Vertentes em Minas. No alto dos morros há sempre um povoado com torre e sinos. Aliás a casa deles tem uma torre como essas que vemos nas construções daqui. Embaixo corre o rio Elsa e os povoados tomam este rio como referência. Vico D’Elsa, Colle D’Elsa, e assim por diante. Construções de pedra e tijolo à vista alternam seus tons de bege, marrom e ocre. Às vezes muros altíssimos cercam vielas com janelas e até portas que a muitos metros da rua se abrem para o nada. Numa destas viagens assistimos a Teresa apresentar  “novas aptidões” como frentista num posto de gasolina.  Aqui a gasolina é  “self service”, com tudo feito através de máquinas, inclusive o pagamento.

O sol chegou e com ele a terra e os seres que se escondiam no frio saíram para a luz, para o calor. Teresa comentou sobre pios e ruídos de pássaros que não são ouvidos no inverno. Até os pequenos caramujos de jardim saíram para tomar sol. Ontem um deles se agarrou no tênis do Alberto, hoje pela manhã outro estava na entrada da casa. Pensei em tirar dali aquele pequenino ser, infelizmente tive nojo. Passou o Lu e ouvi um crack. Ai, meu Deus, porque não salvei quem não tem pernas rápidas para se safar?

Hoje fomos à Pisa ver a famosa torre tombada. De repente, por detrás dos telhados, uma torre quase tombando. Vai cair Lu, e é agora! Chegamos por detrás da praça do Duomo de Pisa, vindo por uma das muitas vias que ligam a estação ferroviária à praça. Um grande gramado cheio de jovens deitados, olhando aquelas construções brancas com faixas escuras, influência islâmica em todos os Duomos que existem na Itália. A fachada da catedral é toda trabalhada com rendas de arabescos que ressaltam imagens de santos ou profetas, imagens com o gracioso movimento renascentista. Durante muito tempo contemplei as cenas bíblicas descritas com extrema sensibilidade nas 3 portas de bronze do Duomo. As figuras saltam do primeiro plano para planos intermediários, terminando em linhas difusas ao fundo, tudo em baixo relevo que vai se tornando leve e em perspectiva.
A Torre de Pisa, uma das sete maravilhas do mundo totalmente restaurada, se ergue tombada, mas firme no chão. De perto ela exibe sua inclinação com leveza e graciosidade. É simplesmente um charme, uma atração turística que muitos turistas fazem troça ao tirarem fotos com ilusões de óptica: alguns empurram a torre, outros a sustentam com expressões de cansaço. Na minha foto eu a sustentava com um dedo só, e a cara era de enfado...
Pisa, terra natal de Galileu Galilei, possui uma Universidade com estudos avançados em física e matemática. Dizem que Galileu realizou do alto da Torre de Pisa, graças à sua inclinação,  importantes experimentos sobre a gravitação dos corpos.” (Ivana Andrés, Diário de Viagem, 1914)

Fotos de Luciano Luppi


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domingo, 1 de junho de 2014


EXPOSIÇÃO NO ICBEU EM WASHINGTON, 1967

Em 1967 fui convidada pelo Instituto Cultural Brasil- Estados Unidos (ICBEU) de Washington para uma exposição de meus trabalhos que, na ocasião correspondiam à minha fase de “Guerra”. Convidei a minha amiga Mrs Phillips para exposição. Como ela aceitou o convite para comparecer à abertura, a minha presença nos EUA seria importante. Com esta determinação parti para Washington, passando pelo Peru e México. Foi naquela viagem que encontramos a equipe da TV Globo que iria filmar no México cenas da novela “A rainha louca”. Foi uma experiência muito importante conhecer de perto a gravação de uma novela.

A exposição em Washington reuniu os trabalhos de duas vertentes opostas, “Guerra” e “Paz”. A guerra, motivada pela violência que se instalava no Brasil sob a ditadura militar e a esperança de paz ilustrando textos de poetas brasileiros como Cecília Meireles, Emílio Moura e Henriqueta Lisboa, bem como o norte americano Walt Whitman. Na minha concepção de artista, considero a poesia, a música ou qualquer outra forma de arte como o canal que pode transmitir a paz numa época de violência. A arte continua sendo a grande responsável por nos trazer a paz e a esperança de um mundo melhor. Mrs. Phillips compareceu à exposição e adquiriu um quadro para sua coleção. Chegando ao Brasil, fui entrevistada por Jesus Rocha, jornalista do Estado de Minas. Abaixo seguem trechos daquela entrevista:

“O êxito da exposição da pintora mineira Maria Helena Andrés no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos (ICBEU) em Washington, é uma boa prova de que brasileiro pode fazer sucesso nos Estados Unidos. A mostra foi inaugurada no início de março e continua aberta (e muito visitada) até o fim do mês, o que é motivo de emoção para a artista, e de satisfação para seus patrícios.
Não é a primeira vez que Maria Helena Andrés se apresenta como artista, aos americanos: em 61 ela realizou uma individual na União Panamericana e, algum tempo depois, na Galeria Sudamérica (hoje Zegree) em Nova York. Mas desta vez, o êxito foi maior: entre os tantos trabalhos já vendidos, encontram-se “Tempestade” (Storm) que foi adquirido pela Phillips Collection e “Destruição”, vendido à Embaixada Brasileira nos EUA. Um detalhe importante: a Phillips Collection não aceita doações (este, um de seus critérios de seleção) e só mantém em sua galeria nomes de destaque internacional, sobretudo europeus.
A exposição de Maria Helena Andrés, no ICBEU está dividida em duas salas que mostram o duplo aspecto da sua arte: o violento e o lírico, ambos dentro da fase abstrata da artista. Quadros dramáticos como “Tempestade”, “Máquina de Guerra”, “Partida”, “Fuga”, “Destruição”. Quanto aos líricos, Maria Helena os chamou através de versos de poetas brasileiros, como Cecília Meireles, Emílio Moura, Henriqueta Lisboa e outros, além do americano Walt Whitman. São títulos-legenda: a artista com isso, não quis explicar o quadro mas sugerir o que quis dizer (e naturalmente disse) nos trabalhos. Aliás os abstratos de Maria Helena não contam histórias (no que tem de revelação este termo), mas sugerem-nas, deixando a cada um a liberdade de sentir a mensagem expressa através das cores, da forma e do espaço.
Lírico e dramático ao mesmo tempo? Exato. Para ela não existe a menor incompatibilidade, na dualidade de tendências, que possa comprometer a autenticidade do artista. Ao contrário, é um fato natural. Haja visto os Cristos dramáticos e os balãozinhos líricos de Ouro preto do grande Guignard, e tantos outros. Acontece que a marca pessoal do artista continua, em termos de técnica, tanto no lírico quanto no dramático – e isso é o que importa. No caso de Maria Helena Andrés, por exemplo: vê-se claramente o mesmo toque técnico – transparências, divisão do espaço, cores – tanto nos seus trabalhos violentos, como nos líricos. As tendências – às vezes extremadas – dizem respeito mais, por conseguinte, ao tema – como explica a artista.” (Jesus Rocha, Estado de Minas, 1967)

Fotos de arquivo


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