segunda-feira, 23 de janeiro de 2017


ESTAR SÓ

Relembrando o meu passado de viajante, selecionei esta página do meu diário em 1978.

“Estou sozinha e, por incrível que pareça, não me sinto só. Há um enfileirado de árvores em minha frente, bandos de pássaros pousam em suas ramagens e levantam voo em disparada. Posso escutar da minha varanda um concerto de pássaros. Sinto-me ligada a eles, estou livre , como um passarinho.

Sou um desses pássaros, admiro tudo, porque tudo é novo em redor.

Não existe o ontem, nem lembranças ligadas ao passado. Existe o agora – Lá embaixo, vejo o movimento dos diversos blocos do hotel – homens de saiotes brancos, entram e saem. Aqui parece ser um dos hotéis mais freqüentados de Madras. No alto do quarto o ventilador roda, e eu me ajoelho no chão para fazer a minha yoga. Neste momento eu me sinto ligada a tudo fazendo parte de um todo indivisível.

Andando pelos caminhos da Índia, eu me deixava guiar pela intuição. Sentindo as semelhanças existentes entre os povos e os contrastes gerados pelas diversas culturas, observando como essas culturas se comunicam, comecei a perceber que os seres humanos pertencem realmente a uma só e única família.” (Diário de Viagem à Índia, 1978)

*Fotos da internet

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terça-feira, 17 de janeiro de 2017


MEMÓRIAS DA EXPO 70

Cada vez mais eu me convenço de que a minha arte não está separada, mas acompanha sempre a minha vida e às vezes até antecipa os acontecimentos. Arte e vida são uma coisa só.

Contemplando as fotos e  relendo os textos, as lembranças do passado, das viagens, me vêm à tona com todo o seu deslumbramento. Descortina-se para mim toda a apoteose do mundo do futuro, apresentada na Expo 70, no Japão.

A imaginação do homem constrói o mundo do futuro, das viagens espaciais descobrindo mistérios, desvendando outros mundos, outras terras.

Eu estava em plena fase dos astronautas quando viajei para o Japão. Nos meus quadros daquela fase, eu pintara aqueles objetos estranhos, brilhantes. Era o meu mundo imaginário que ali estava exposto!

Foi assim que, visitando a Expo 70,  me perdi no meio de tantas coisas deslumbrantes! Não me perdi sozinha, levei comigo a minha prima Myrtes, companheira de viagem.  Ela também participava do meu entusiasmo. Entramos para o mundo do futuro, esquecemos o horário de regressar ao ônibus e nos perdemos na multidão. Esquecemos das guias turísticas, a exposição era grande, imensa, só coisas nunca antes percebidas. De repente, a multidão foi diminuindo, era hora de fechar.
Perdemos o ônibus, teríamos de voltar de taxi.

Entramos numa fila imensa,  só japoneses. Os taxistas ofereciam seus préstimos, mas a única referência que tínhamos era um papel com o nome do hotel  (Oriental Hotel) escrito na escrita japonesa.
Um casal de jovens que falava inglês, nos conduziu a um motorista que parecia ser uma pessoa responsável.

O nosso motorista era velho, prudente, honesto, mas não sabia uma só palavra de inglês. Sob tensão vimos as cercanias de Kioto desfilando sob nossos olhos. Rezamos, e talvez isto tenha nos ajudado. Era meia noite e, aos poucos, a cidade se apagava.
De repente, no meio da estrada, as luzes de um bar. Paramos o carro. O velho motorista desceu com o nosso papel na mão e voltou sorridente.

Nosso hotel não estava longe. Chegamos aliviadas. Fomos censuradas pelas nossas guias, que já haviam contatado a polícia...

*Fotos de arquivo e da internet


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