terça-feira, 14 de agosto de 2012

MEMÓRIAS


Escolhemos o título de “Memórias” para a mostra inaugurada dia 18 de agosto na Galeria “Livro Objeto”, na Pampulha.  “Memórias” significa retornar ao passado, revivê-lo, transcendê-lo. 
Nesta trajetória de volta ao passado, revivi, sem palavras, momentos de pesquisa, quando, ainda jovem, inaugurava o meu caminho dentro do construtivismo. Eram dias e noites de intensa dedicação, vivendo o entusiasmo de fazer a cor e a linha falarem por si mesmas, sem conteúdo anedótico. A linha contínua foi o fio condutor de todas as descobertas, buscando sempre a essência da forma. Dali surgiram os ”boizinhos” , hoje transformados em esculturas em fio de ferro, depois os postes de luz que estruturaram as “cidades iluminadas”. Havia sempre uma necessidade poética de expressar minha vida de dona de casa e artista.
Releio hoje a mensagem que me chegou por email do meu amigo Jarauta, filósofo e historiador de arte: “Belíssimos trabajos, siempre me ham emocionado por su poética.” Estas palavras me fazem refletir sobre a poética na arte, uma das características do meu trabalho.
Na década de 50, cercada de filhos, eu trabalhava nas artes plásticas, dava aulas na Escola Guignard e escrevia também algumas poesias concretas. Transcrevo aqui uma delas:
Escultura
a forma pura se eleva
se eleva como uma prece
se elevando
levantando
eleva
a alma também
forma branca
alva
brilhante
forma esguia
forma pura
forma síntese da vida
                   vida
                   plena
                   plenitude
forma pura musical
                   levantando
                   se elevando
                   se eleva como uma prece

De lá para cá fui mudando, acompanhando o meu itinerário de vida. A vida não pode se expressar através de uma só forma.
Todo artista é sempre um mutante em potencial. Ele veio com esta missão de se transformar e si mesmo e de conduzir outros a esta transformação.

Transmutar
Transformar
Transgredir
Transubstanciar

Na exposição “Memórias” podem-se ver três pequenas esculturas em ferro, executadas a partir de desenhos concretos, feitos na época do concretismo brasileiro.
Os livros de artista trazem temáticas de barcos e cidades, cada uma correspondendo a uma fase da minha trajetória.
As cidades correspondem a uma necessidade de disciplina, os barcos à liberdade gestual.
Se o construtivismo no meu trabalho me conduziu à terra e ao recolhimento familiar, os barcos significaram as viagens internacionais que aconteceram a partir de 1961.
Hoje as viagens são rememoradas no meu blog “Memórias e Viagens”. Continuo viajando de forma virtual. O blog “Minha vida de artista” relata experiências no campo de várias artes e teve a colaboração de outras pessoas.
Caminhando pela exposição “Memórias”, encontramos também uma homenagem aos meus bisnetos, com quadrinhos lúdicos.
Arte vida
Idéias do passado
Vivências do presente
Assim vamos
Construindo também
Nosso futuro.

*Fotos de Rafael Chimicatti e Marília Andrés

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG, “MINHA VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA