segunda-feira, 25 de março de 2019


DESPEDIDA DE ARUNACHALA


Na viagem de volta, a montanha nos acompanhou por muito tempo.

 Ela está bem em frente à estrada e, para vê-la tivemos de olhar pelo vidro traseiro do carro. 

Enquanto o motorista seguia à caminho de Chenai, procuramos sentir o mistério da montanha.

 Cantamos “Arunachala, Shiva, shiva” com música de embalar crianças. A montanha às vezes se encolhia por detrás  das árvores, às vezes aparecia de novo, majestosa, imponente como uma rainha.

De repente me vi cantando “Alexandre, Shiva, Shiva”. Nesta hora, lá, bem distante, no Brasil, Alexandre, meu neto, deve estar chegando ao mundo. Mais um personagem para a minha família e uma benção especial de Arunachala para o recém nascido.

Quando nos despedimos de Arunachala, um sentimento de paz e amor desceu sobre nós. Realmente a Índia tem seus mistérios seculares e a energia ainda está muito viva. 

É só saber percebê-la no agora. O agora é este momento de “awareness” (consciência) que estamos vivendo. “Awareness” não pode ser encomendado. É uma percepção clara, sem interferência do pensamento ou do passado. “Awareness” é o agora, e no agora, podemos sentir o eterno. (Trecho do Diário de viagens, 1990)

*Fotos da internet

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segunda-feira, 18 de março de 2019


UMA COMUNIDADE NO SUL DA ÍNDIA


 Arunachala é uma montanha em forma de triangulo, simbolizando a trindade hindu “Brahma, Vishnu, Shiva”. Shiva apareceu ali em séculos passados, primeiro em forma de luz, depois em forma de montanha.

Há um caminho até o alto, onde Ramana Maharshi se recolheu ao silêncio por 8 anos.

Ramana Maharshi via a cidade em baixo, por entre as montanhas. Ramana foi o mestre do silêncio. Ação silenciosa, sem trombetas. O silencio tem alma, é a alma das coisas e a gente aprende mais no silêncio do que através de microfones. Exemplo silencioso de humildade, harmonia e paz.

Há um americano na comunidade, foi ele quem me introduziu a um Swami muito santo, que foi discípulo do próprio Ramana. Lembrei-me do outro americano no Nepal, que me conduziu ao Lama Tibetano. O silêncio do Boudanah, no Nepal lembra o silêncio de Arunachala.

Jnana yoga e o budismo se parecem – observar a mente. Quem sou eu? São sistemas elaborados sobre o universo: viver a unidade, respirar a unidade, sentir a unidade. Todos somos um – homens, animais, plantas, céus, terra. A energia é a mesma, a luz é a mesma.

Convidaram-me a entrar em contato com um Swami de 82 anos discípulo de Ramana. Das 4:30 às 5:30, ele fazia meditação com os visitantes. Não falava nada, sentava-se em cima de uma cama de madeira. O quarto era simples e as roupas lavadas balançavam sobre o ventilador, meia dúzia de panos voando. Ele estava envolto em apenas dois panos. Alto, calvo, fisionomia serena. Fui recebendo a sua mensagem sem uma palavra.

Sem silêncio não se atinge nada. Meditação é silêncio, doação é silêncio, amor é silêncio. Tudo vem desse silêncio que conduz ao Eterno. La fora pavões andavam sobre os telhados, voavam no pátio, abrindo os leques coloridos. Naquele lugar o silêncio era tudo. Impressionou-me a humildade e o silêncio. Aprendi sem ouvir, sem ler, sem cansar a vista e sem perder a energia.

*Fotos da internet

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segunda-feira, 11 de março de 2019


SRI AUROBINDO E A MÃE



Sri Aurobindo foi revolucionário, lutou como Gandhi pela libertação da Índia dos colonizadores ingleses e se refugiou em Pondichery, pequeno território de posse dos franceses. Viveu aqui, recolhido dentro de um casarão, hoje reservado às meditações e à visitação pública, escrevendo livros inspirados em planos superiores.

Seu pensamento atravessou fronteiras, alcançou  um futuro ainda não vivenciado. Suas ideias sobre educação, ecologia, unidade planetária, supramental, são estudadas como uma das formas de traduzir a linguagem do cosmos, que diariamente desce até nós, sem que dela tenhamos consciência.

Por coincidência, foi também uma francesa a sua companheira espiritual.

Mira, ou “A Mãe”, como afetuosamente foi chamada pelos devotos, morreu aos 95 anos em Pondichery e seu “samadi” coberto de flores e vasos superpostos fechando canteiros, é visitado diariamente por milhares de devotos. A Mãe escrevia livros e dava lições de amor universal às pessoas que a ela se ligavam.

“ The happiness you give, makes you more happy than the happiness you receive” (A felicidade que você dá para os outros te faz mais feliz do que a felicidade que você recebe dos outros)

Seus pensamentos estão espalhados pelas paredes, em cartazes sugestivos e pequenos livros decorados com desenhos e vinhetas, distribuem suas ideias pelo mundo.

Mas o livro da vida também nos ensina. Olhando para a mar hoje de manhã, busquei o nascer do sol, contemplando o horizonte. Havia nuvens e a claridade se fazia sem a presença do sol. As nuvens se tornavam cada vez mais escuras, porque por detrás delas, o sol impunha sua presença. Começou colocando uma aura luminosa por detrás das sombras. Depois surgiu radiante, muito mais brilhante do que das outras vezes.
A nossa sombra é necessária, para que a luz se faça mais brilhante.(Trecho do Diário de viagem, 1990)

*Fotos da internet

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quarta-feira, 6 de março de 2019


ANDANDO PELAS ESTRADAS DA ÍNDIA


Andando novamente pelas estradas da Índia. A pessoa encarregada dos transportes aqui, arranjou-nos um carro para seguirmos até Chenai, via Tiruvanamalai. Saímos às 4 da tarde, porque o sol nesta hora é menos intenso. Mais um olhar para o Golfo de Bengala, as ondas serenas, os coqueiros balançando ao vento.

A despedida é mais um agradecimento pela oportunidade de vivenciar esta experiência.

 Enquanto o carro roda, vamos anotando as cenas, gente em quantidade nas ruas, homens de panos brancos enrolados nas pernas, mulheres de saris e flores nos cabelos.

São 4 horas e as aulas devem estar acabando. Nas ruas, rickshaws pedalam carregando crianças, de volta à casa.

Novamente os campos de arroz, muito verdes, com pequenos vilarejos onde o mercado é sempre à beira da estrada. Paramos para comprar frutas. Não sabemos que tipo de comida vamos encontrar pela frente...

O espetáculo do poente nos faz parar o carro novamente para tirar fotos. No alto do morro, o palácio do Marajá Krishnague, famoso num passado de 200 anos, hoje transformado em museu.

Não sei como estes marajás faziam para escalar a montanha. Só poderia ser no lombo de elefantes, com aquelas padiolas enfeitadas de espelhinhos, arabescos e pedrarias...
Neste momento fico pensando porque o Collor de Melo escolheu a palavra “Marajá” como exemplo de riqueza.

Aqui, nem todos os marajás eram ricos, mas todos tinham apego ao poder. Trabalhavam para aumentar as riquezas nas artes, hoje um espetáculo fascinante para o turista. Existem palácios maravilhosos, deslumbrantes na arquitetura e decoração. 
(Trecho de diário de viagem, 1990)

*Fotos da internet

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