DIÁRIO DA MINHA MÃE NAIR, GENEBRA

Encontrei nos meus arquivos um relato de minha mãe Nair, por ocasião de uma viagem que fizemos à Europa em 1980.

“Saímos do Galeão às 11 hs da noite de 7/7/80, viagem muito boa. Estamos agora parados no aeroporto de Dakar. Cheguei um pouco cansada, pois saímos às 11 da noite e chegamos às 8 hs da manhã do dia seguinte (embora há uma diferença de 3 horas para mais, por acusa do fuso horário). Chegamos em Genebra  e no aeroporto estava à nossa espera  um empregado da companhia de aviação. Foi muito atencioso, tomou conta da nossa bagagem e nos levou ao Hotel Eden.

Hoje , dia 9, está bastante frio, tomamos um carro por 2 horas e corremos parte da cidade. Helena conversa correntemente em francês e Inglês, de maneira que estamos nos saindo muito bem. Entendo porém quando falam em espanhol e um pouco do francês.  A cidade é linda, com prédios verdadeiros castelos. É muito limpa, não se vê sequer um pedaço de papel  jogado no chão. O que admira também são os jardins, todos floridos, com qualidade de flores que eu nunca havia visto. Arborização lindíssima, as árvores todas com um verde de diversos tons. Nunca tinha visto coisa mais bonita. Num lago (não sei ao certo o nome) haviam diversas embarcações  e repuxos de água que subia altíssima.

 Hoje me sinto um pouco cansada (coração), mas vou controlando com os meus remédios. Helena tem sido maravilhosa companheira. O dinheiro que corre aqui é o franco suíço, e a vida é caríssima. Helena comprou um casaco de chuva que estava na remarcação. Faltava o cinto, e o dono da loja devolveu 5 francos.  Ônibus só paga se quiser. O nosso chofer disse que aqui não existe ladrão nem violência.

Estamos ainda em Genebra e hoje é dia 10 , meu aniversário. Estou um pouco triste pois passei longe de meus outros filhos. Almoçamos num restaurante italiano, eu, Helena e Dr Peter, um médico indiano muito simpático. Fomos depois para o hotel e ele tomou a minha pressão, achando um pouco alta. Acho que, com a emoção da viagem ela tem subido um pouco. Resultado: tive que ficar 2 dias de repouso comendo sem sal. Logo melhorei.” (Nair Barroca, Diário de viagem, 1980)

*Fotos de arquivo e da internet

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CAMINHANTE

 Desço do carro

até a passarela

dos caminhantes. 

Lá em

Entre Rios

O povo sai de

casa para andar

na natureza.

Aqui no Retiro

o lugar de caminhar

é a beira do precipício

protegido por

uma grade de madeira.

Caminhamos à tarde      

quando o sol se põe

e pela manhã

quando o sol se eleva

acima da terra.     

Os moradores

escolheram este

lugar privilegiado

e daqui admiram

o panorama.

Montanhas curvas

com formas de

mulher

rodeadas por

pedreiras em

forma masculina.

Há sempre este

encontro

na natureza

e na vida.

Feminino-masculino.

Os opostos se atraem

e se completam.

Yin e Yang

Ao longo do tempo

e do espaço.

*FOTOS DE MARÍLIA ANDRÉS

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A BELEZA DO COTIDIANO

Marília plantou um flamboyant em frente à sua casa, mas a árvore não gostou de ficar na rua.

Queria ver a piscina, queria ver as pessoas nadando. Era muito mais divertido do que ver os carros passando na rua.

A árvore cresceu, deu folhagens e galhos pendentes e se debruçou para ver as estrelas que o artista Manoel Serpa pintou nos azulejos da piscina.

Os azulejos são lindos e as estrelas desenham um caminho para o norte.  A árvore dança para as estrelas, de forma suave, ao sopro do vento. A dança é leve e a água azul agradece a coreografia verde. Ela responde ao espetáculo, participando com pequenas ondas que tremem de frio.

Enquanto isto, os pássaros chegam bem perto e se debruçam no parapeito para beber água. Alguns dão um voo rasante para se banhar na piscina.

E assim, a beleza do cotidiano acontece diante dos meus olhos.

*FOTOS DE MARÍLIA ANDRÉS

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