Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
ARTE E EDUCAÇÃO NA MINHA VIDA II
Em 1944 Guignard chegou a Belo Horizonte convidado
pelo prefeito Juscelino Kubitschek para dirigir a Escola de Belas Artes. Senti
o impacto de sua presença como uma renovação no panorama artístico de Minas e
uma ruptura com o academismo. Procurei me inscrever em seu curso. Foi
necessário um descondicionamento dos conceitos e fórmulas herdadas do
academismo, para que eu pudesse ter acesso a minha própria individualidade. Meu
objetivo era libertar-me do passado acadêmico e encontrar a linguagem adequada
ao meu tempo. Guignard estimulava a coisa nova e a partir desse incentivo descobríamos nosso estilo
individual. A convivência com os colegas e a poesia do Parque Municipal me
estimulavam a criação e me despertavam novas indagações sobre a arte.
Atualizava-me também lendo os filósofos e místicos
que estudavam a arte como abertura de consciência: Rainer Maria Rilke, Jacques
Maritain, Kandinsky. Gostava de escrever textos que mais tarde se tornaram
livros. Esses textos revelavam também a necessidade de escrever que sempre
acompanhou paralelamente à minha necessidade de desenhar e pintar.
Participei do movimento concretista integrando o
grupo de Minas Gerais ligado à Escola Guignard: Mário Silésio, Marília
Giannetti Torres, Nelly Frade, Mary Vieira, Amilcar de Castro e Franz
Weissmann. Naquela ocasião, as formas do mundo exterior deixaram de servir de
ponto de referência obrigatório. Os artistas buscavam a simplificação da forma
para que a linha e a cor pudessem falar por si e expressar seu equilíbrio
próprio independente da figura. O concretismo possibilitou um encontro da arte
com a ciência, a matemática e a física. Integrou-se à poesia e à música. A
poesia concreta revelou a possibilidade da palavra no campo visual e na pintura
as cores eram distribuídas em pequenos quadrados coloridos sobre fundo chapado,
sugerindo partituras musicais. Nunca a pintura se aproximou tanto da música
como naquela período da história das artes plásticas.
Na década de 50, eu participava de salões e Bienais
e isto me permitia estar atualizada com a vanguarda da época. Viajava para São
Paulo para conhecer o que se fazia no mundo artístico, e ali encontrava
jornalistas, críticos de arte e artistas. O crítico de arte Mário Pedrosa vinha
me visitar em Belo Horizonte e um dia me telefonou dizendo que eu era a melhor
candidata ao Prêmio de Viagem à Europa pelo Salão Nacional de Belas Artes. Não
hesitei em adverti-lo: Não posso me afastar do Brasil por dois anos. Razões de
família me impedem. O importante para mim era continuar minha vida de artista,
junto aos meus filhos em Belo Horizonte.
Meu atelier situava-se num quintal muito grande onde
as crianças brincavam. Gostava de senti-los perto de mim, criando seu universo
lúdico através de desenhos. Meu marido trazia papéis e eu acrescentava lápis de
cores e pastéis coloridos. Com este material as crianças se expressavam
livremente. Meus filhos pintavam nos muros imensos painéis com tintas
preparadas em casa. Esse constante estímulo à criatividade, de certo modo,
constituiu a base necessária para que eles se expressassem na vida como seres
humanos criativos.
*Fotos de Ivana Andrés e da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA,
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