Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
domingo, 27 de setembro de 2020
Transcrevo abaixo o poema “Milagres” de minha filha Ivana Andrés
Ou milagres não existem?
Existe aquele que diz
Que não existem milagres
Existem lágrimas, dores
Amizade, alguns amores
Existe a luta incessante
Pelo pão de cada dia
Existe a busca constante
Por momentos de alegria
Tudo isso é o lado humano
Não milagre, já dizia
Quem não crê que haja
milagres
E vê nisso fantasia
Tudo, enfim é um milagre?
Ou milagres não existem?
Existe aquele que diz
Que tudo, enfim é um milagre
O sol, a lua, as estrelas
A noite depois do dia
A flor ofertando à abelha
Alimento e moradia
A lagarta transformando
O seu corpo em fantasia
O mar, o ar as montanhas
O vento e a ventania
E homens que sonham juntos
Com amor, paz e poesia
FOTOS DE MARIA HELENA ANDRÉS
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domingo, 13 de setembro de 2020
FORÇAS DA NATUREZA
No oriente, existem mantras que atuam sobre os elementos da matéria. “Om nama shivaya” é um deles.
No Brasil, os nossos indígenas, mergulhados nas
florestas, conhecem a natureza muito melhor do que nós, habitantes das cidades.
Em 1998, o estado de Roraima teve quase um quarto de
seu território queimado, devido à uma seca que já durava três meses. Depois de frustradas
tentativas de apagar o fogo, o governo resolveu recorrer à sabedoria popular.
Dois indígenas de tribos da Amazônia foram levados de Mato Grosso até Boa Vista
para executarem a dança da chuva.
As passagens e o hotel foram pagos pela FUNAI.Os dois pagés dançaram durante
40 minutos, às margens do rio Curupira, pedindo chuva ao deus Coroti. Para
surpresa geral, a chuva veio e apagou a maior parte dos focos de incêndio!
(notícia publicada na internet em maio de 2011 como “curiosidades”)
*Fotos da internet
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domingo, 6 de setembro de 2020
MACACOS, EXPERIÊNCIAS DE AUTO-CONSTRUÇÃO
Recebi de Ivana Andrés o texto abaixo sobre suas experiências, junto com o Luciano Luppi, de construção de casas alternativas, feitas por eles mesmos, na região de Macacos, Nova Lima.
"Era 1995. Um dia fomos visitar minha prima Maria Isabel na sua recém construída casa em Macacos, São Sebastião das Águas Claras. Lembro como se fosse hoje do banho de bica e do corre-corre para apagar um incêndio em algum ponto da mata. Bel nos deu o toque:
“Aqui é um poeirão, a turma “careta” não gosta. Aqui
é só para os alternativos, os “iniciados”.
Era véspera de uma viagem nossa com a tia Lúcia e a
Ida, mãe do Luciano para Israel. Comentamos sobre Macacos com Galvani, irmão do
Luciano.
E partimos para uma viagem que acabou se estendendo
por 2 meses.
Quando voltamos, a boa surpresa: Galvani e Roseane
haviam comprado um terreno em Macacos!
Acampamentos, barracão de obras, passeios no riacho
que corria próximo. E, um dia, o convite para construirmos lá uma “Casa no
mato”.
Luciano tinha um desejo de construir uma casa de
madeira com as próprias mãos. Conversando com o arquiteto Lélio Nogueira, soube
das boas dicas das “mãos francesas”, que podem estruturar a casa a partir de cima,
próximo ao telhado. Naturalmente com uma fundação suficiente. À toda hora lembrávamos
das construções indígenas. Tudo devia ser trazido no bagageiro do nosso fusca
79. Portanto, o tamanho das madeiras não podia ultrapassar o comprimento do fusca.
E tudo foi feito no serrote e no martelo. No final pintamos a nossa casa de
rosa e verde.
Escolhemos a área num local onde não seria
necessário derrubar nenhuma árvore. E mãos à obra. Em 6 meses tínhamos a nossa
casa de madeira totalmente feita por nós mesmos. Foi a nossa primeira casa
autoconstruída em Macacos.
Não prevíamos que 5 anos depois Galvani e
Roseane resolvessem vender a área.
Apesar de termos comprado a nossa pequena parte, ela estava no meio do terreno
deles. Decidimos então sair.
Começou então a visita a outros terrenos na região.
Foi quando Mauro Chiari, amigo de juventude do Luciano nos mostrou a área que
ele tinha na rua da Luz. Muito mais “selvagem”, com uma subida em S, que
nos obrigava a ter de tomar impulso e subir correndo, acelerando.
E começamos a nossa segunda autoconstrução. Uma
estrutura cheia de mãos francesas, com uma parte fechada. A parte fechada era o
nosso quarto. O banheiro, seco. Passamos lá 2 anos e meio. Agora serve de
garagem para os2 fuscas que temos.
A terceira autoconstrução não incluiu a casa toda.
Mauro nos entregou a estrutura com teto e piso. E uma escada linda que faz a
casa parecer uma casa na árvore. O Luciano fez, também à mão, todo o resto:
paredes, portas e janelas. E os armários de dentro. Tivemos a ajuda para fazer
um fogão de lenha e fechar o banheiro.
Há 20 anos estamos lá, ainda sem luz elétrica, por
opção. Temos agora um vizinho com família e filhos pequenos. É amigo da Regina
Caram, outra prima, que vendeu para ele um terreno próximo ao nosso. Isto fez
uma enorme diferença, pois posso ficar lá 2 dias na semana, sozinha, sem o
Luciano. Assim, nos revezamos no cuidado com a Ida. Nesta quarentena a nossa
casinha no mato tem sido o nosso refúgio e o nosso alento. Ali ficamos perto da
natureza, tendo contato com a terra, plantando um jardim e fazendo pequenas
reformas." (Depoimento de Ivana Andrés)
FOTOS DE ARQUIVO
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