As esculturas nasceram dos desenhos.
Em 1953, na minha exposição na Galeria do IBEU no Rio, o crítico
Antonio Bento me sugeriu transformar os desenhos em esculturas de fio de ferro
para alcançar o espaço tridimensional.
Escreveu
ele: “Alguns desses desenhos possuem uma grande pureza linear. E são, ao mesmo
tempo, de uma qualidade arquitetônica irrecusável. Lembram esculturas de fio de
ferro, pela nitidez com que se erguem no espaço, parecendo feitas para uma vida
mais transcendente que a do simples desenho em preto e branco. As últimas
composições da artista denotam uma segurança que não se encontra em muitos dos
nossos abstratos de maior experiência. E revelam também uma sensibilidade
apurada.”
Naquela época eu não investi nas esculturas porque gostava
das cores da pintura. Trabalhei com as cores até os painéis de grandes
dimensões. Depois vieram novos desenho, em grandes dimensões, os desenhos
gestuais. Eles nasceram da minha fase de Barcos de 1963 e foram ampliações
desta fase.
Mas a grande virada veio no ano 2000, meu ponto de mutação.
Foi quando surgiram as primeiras esculturas originadas de pequenos desenhos da
década de 1950.
Na ocasião, eu observava o trabalho tridimensional de minha
neta Elena que estudava arquitetura. Ela usava programas de computador para
transformar o bidimensional em tridimensional. Fiquei animada a usar também o
tridimensional para os meus desenhos.
Ali eu poderia ampliá-los para maiores dimensões , como foi
sugerido pelo crítico Antonio Bento em 1953.
Os desenhos bidimensionais se tornaram tridimensionais.
Elena construiu as primeiras maquetes e procuramos o Allen Roscoe que
trabalhava para o Amílcar de Castro.
Com a colaboração do Allen, muitas esculturas surgiram.
Mais tarde busquei a forma redonda usando tiras de papel.
Foi importante este tipo de trabalho.
Foi necessário um despojamento completo das cores, através
dos grandes desenhos para dar início às esculturas.