sexta-feira, 29 de junho de 2012


ADYAR, UM CENTRO DE ESTUDOS EM CHENNAI



Localizada na costa oriental da Índia, Chennai é a principal cidade do Estado de Tamil Nadu.
No final do século passado, Helena Blavatsky estabeleceu a sede da Sociedade Teosófica na cidade de Chennai, às margens do rio Adyar. A Teosofia pretende restabelecer a importância da sabedoria antiga e na Sociedade Teosófica incentiva-se o estudo da ciência, filosofia e das religiões comparadas. Nos jardins do belíssimo condomínio dos teosofistas existem templos e celebrações variadas das diversas religiões do mundo.
 Krishnamurti cresceu e foi criado na Sociedade Teosófica e Rukmini Devi, fundadora da famosa Escola de Belas Artes Kalakshetra, ali residiu por toda a sua vida
 Muitas vezes, depois de atravessar a Índia em longas e cansativas viagens, ali parei para descansar. Freqüentava palestras e atendia aos cursos.
O meu trabalho de síntese e estudos comparativos exigia um contato com a antiga sabedoria do mundo e as programações da Sociedade Teosófica eram necessárias para um aprendizado teórico da Filosofia Perene.
 Em 1989, assisti às palestras sobre ecosofia ou filosofia da ecologia administradas pelo professor Henryk Skolimowski, então radicado nos EUA. Falando sobre ecologia como um dos fundamentos da paz no mundo, o professor Henryk abordou de maneira clara e profunda a herança ecológica que o ser humano recebeu ao longo dos séculos e analisou a responsabilidade do homem em relação ao meio ambiente. "Os valores ecológicos despontam neste momento da história da humanidade, com a conscientização que a vida não pode ser compreendida somente através de nossa herança biológica". O professor Henryk Skolimowski dissertou sobre a necessidade de preservar a qualidade de vida do planeta, compreendendo a interdependência de todas as coisas. Seria necessária uma atitude de reverência para com a vida em geral.
  “Um dos mais importantes valores ecológicos é a Responsabilidade. A responsabilidade para com o meio ambiente, para com o planeta, os seres vivos e o cosmos. Esta forma de responsabilidade constitui um dos fundamentos da Paz.”
 Aprofundando um pouco mais o espaço ético desses valores, iremos encontrar a Compaixão para com os nossos semelhantes. Num universo interligado no qual a reverência pela vida é a principal força, a Compaixão seria o veículo através do qual ela se expressaria. A Frugalidade foi também enfatizada como um dos valores ecológicos e, a exemplo da natureza, o professor nos aconselhava a viver simplesmente com o necessário. “O mais rico não é aquele que possui muitas coisas, mas quem necessita de poucas coisas para sobreviver.” A Solidariedade também foi considerada importante, porque ela é uma expressão da Unidade de todas as criaturas. “Todos estes valores estão interligados e se ajudam mutuamente num processo de simbiose. Se fizermos um estudo comparativo dos valores ecológicos com os valores científicos e religiosos podemos fazer o seguinte paralelo: Os valores religiosos são centrados em Deus, regulam o relacionamento do homem com o criador e com os outros seres vivos. Os valores científicos e tecnológicos são centrados no objeto e despertam o controle, a manipulação e o poder sobre ele. Já os valores ecológicos são centrados no universo e na vida. Eles nos ligam a todas as formas de vida e nos dão responsabilidade para com todos. O respeito e o amor para com a vida, outras culturas e outros povos é a única forma do estabelecimento da Paz na terra.”
*Fotos da internet
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terça-feira, 12 de junho de 2012


HOMENAGEM A ZAUHRY BARROSO SANTA ROSA


 Zauhry faleceu na madrugada do dia 31 de maio - uma morte, sem traumas, em casa. Queria morrer assim, sem dar trabalho, silenciosamente, apenas parando de respirar. Deixou a densidade de nosso planeta, para voar mais alto em busca de luz.

Recordamos sua vida, uma trajetória de guerreira, que foi abrindo caminho para outros passarem. Filha de um imigrante sírio que, quando chegou ao Brasil, trocou seu sobrenome de Chukair para Barroso e assim inaugurou uma nova família, ela foi a caçula de 14 irmãos, sendo cinco mulheres: Zaifa, Zilda, Zélia, Zaida e Zauhry. Adotou o sobrenome Santa Rosa do marido, Delfino, com quem teve seis filhos: Aparecida, Márcio, Lydia, Jason, Eleonora e Júnia, que lhe deram três netos: Joaquim Pedro, Alice e Tomás. Formou-se em História pela UFMG, no mesmo ano em que sua filha Aparecida se formou ali. Nunca parou de trabalhar, como executiva no Ministério do Trabalho em Belo Horizonte e em Brasília, e como dona de casa. O grande exemplo que nos deixa é este, transformando o próprio trabalho em forma de crescimento, exemplo seguido por seus filhos e filhas. Quando se viu aposentada, continuou estimulando outras colegas da terceira idade a não pararem. A vida é um caminho sempre aberto para o aprendizado e Zauhry deu testemunho disto. Foi uma das primeiras alunas a ingressar na Universidade da terceira idade na Fumec e seguiu em frente, interessada em aprender cada vez mais, pelo próprio prazer de se atualizar. O conhecimento que não visa apenas receber um diploma no final de um período é o conhecimento que faz crescer cada vez mais a pessoa como ser humano.
Suas aptidões domésticas não ficaram abandonadas com todo esse currículo de cursos de extensão. Zauhry era ótima cozinheira e algumas vezes pude participar de almoços em sua casa, onde, cercada de filhos e netos, ela demonstrava suas aptidões na arte culinária. Reunir-se em torno da mesa para o congraçamento familiar é um hábito que sempre exerceu.
Toda pessoa com sensibilidade tem poesia no fundo do coração, e, em casa, sozinha, Zauhry também era poeta. Recebi um poema de 2003, que transcrevo abaixo:

“A EMENDA E O SONETO

Para se chegar aos 80
não há receita inteira.
É como colcha emendada
costurada com linha caseira.
Ontem era um brilho no pano,
depois um filó bem rendado,
anteontem um cetim lustroso,
que estava muito amassado.
Às vezes aparece um quadrado
ou quem sabe um redondinho,
o formato não se escolhe
ele chega e se junta, mansinho.
Há certo tempo difícil.
A gente pára, olha a colcha
e pensa: será que vale juntar
aquele pedaço sem cor
desbotado pelo choro, vale pregar ?
Mas é preciso ir adiante.
A vida segue e mais panos,
agora estampados, com flores
que nem lembram os desenganos.
Há pedaços de camisolas
das crianças bem pequenas,
todos guardam uma saudade,
mas são saudades, apenas.
Até que beirando os “oitenta”,
os pedaços já esgarçados
tem que ser juntados, de leve,
senão, se perdem, coitados !
Os dedos, a linha e olhos
anuviados, bem iguais
olham o tamanho da colcha
e perguntam a Deus, tem mais ?”

*Fotos de arquivo

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