Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
ADYAR, UM CENTRO DE ESTUDOS EM CHENNAI
Localizada na
costa oriental da Índia, Chennai é a principal cidade do Estado de Tamil Nadu.
No final do
século passado, Helena Blavatsky estabeleceu a sede da Sociedade Teosófica na
cidade de Chennai, às margens do rio Adyar. A
Teosofia pretende restabelecer a importância da sabedoria antiga e na Sociedade
Teosófica incentiva-se o estudo da ciência, filosofia e das religiões
comparadas. Nos jardins do belíssimo condomínio dos teosofistas existem templos
e celebrações variadas das diversas religiões do mundo.
Krishnamurti cresceu e foi criado na Sociedade
Teosófica e Rukmini Devi, fundadora da famosa Escola de Belas Artes
Kalakshetra, ali residiu por toda a sua vida
Muitas
vezes, depois de atravessar a Índia em longas e cansativas viagens, ali parei
para descansar. Freqüentava palestras e atendia aos cursos.
O meu trabalho
de síntese e estudos comparativos exigia um contato com a antiga sabedoria do
mundo e as programações da Sociedade Teosófica eram necessárias para um aprendizado
teórico da Filosofia Perene.
Em 1989, assisti às palestras sobre ecosofia
ou filosofia da ecologia administradas pelo professor Henryk Skolimowski, então
radicado nos EUA. Falando sobre ecologia como um dos fundamentos da paz no
mundo, o professor Henryk abordou de maneira clara e profunda a herança
ecológica que o ser humano recebeu ao longo dos séculos e analisou a
responsabilidade do homem em relação ao meio ambiente. "Os valores
ecológicos despontam neste momento da história da humanidade, com a
conscientização que a vida não pode ser compreendida somente através de nossa
herança biológica". O professor Henryk Skolimowski dissertou sobre a
necessidade de preservar a qualidade de vida do planeta, compreendendo a
interdependência de todas as coisas. Seria necessária uma atitude de reverência
para com a vida em geral.
“Um dos
mais importantes valores ecológicos é a Responsabilidade. A responsabilidade
para com o meio ambiente, para com o planeta, os seres vivos e o cosmos. Esta
forma de responsabilidade constitui um dos fundamentos da Paz.”
Aprofundando
um pouco mais o espaço ético desses valores, iremos encontrar a Compaixão para
com os nossos semelhantes. Num universo interligado no qual a reverência pela
vida é a principal força, a Compaixão seria o veículo através do qual ela se
expressaria. A Frugalidade foi também enfatizada como um dos valores ecológicos
e, a exemplo da natureza, o professor nos aconselhava a viver simplesmente com
o necessário. “O mais rico não é aquele que possui muitas coisas, mas quem
necessita de poucas coisas para sobreviver.” A Solidariedade também foi
considerada importante, porque ela é uma expressão da Unidade de todas as
criaturas. “Todos estes valores estão interligados e se ajudam mutuamente num
processo de simbiose. Se fizermos um estudo comparativo dos valores ecológicos
com os valores científicos e religiosos podemos fazer o seguinte paralelo: Os
valores religiosos são centrados em Deus, regulam o relacionamento do homem com
o criador e com os outros seres vivos. Os valores científicos e tecnológicos
são centrados no objeto e despertam o controle, a manipulação e o poder sobre
ele. Já os valores ecológicos são centrados no universo e na vida. Eles nos
ligam a todas as formas de vida e nos dão responsabilidade para com todos. O
respeito e o amor para com a vida, outras culturas e outros povos é a única
forma do estabelecimento da Paz na terra.”
*Fotos da
internet
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quarta-feira, 27 de junho de 2012
terça-feira, 12 de junho de 2012
HOMENAGEM A ZAUHRY BARROSO SANTA ROSA
Recordamos sua vida, uma trajetória de guerreira, que foi
abrindo caminho para outros passarem. Filha de um imigrante sírio que, quando
chegou ao Brasil, trocou seu sobrenome de Chukair para Barroso e assim
inaugurou uma nova família, ela foi a caçula de 14 irmãos, sendo cinco
mulheres: Zaifa, Zilda, Zélia, Zaida e Zauhry. Adotou o sobrenome Santa Rosa do
marido, Delfino, com quem teve seis filhos: Aparecida, Márcio, Lydia, Jason,
Eleonora e Júnia, que lhe deram três netos: Joaquim Pedro, Alice e Tomás.
Formou-se em História pela UFMG, no mesmo ano em que sua filha Aparecida se
formou ali. Nunca parou de trabalhar, como executiva no Ministério do Trabalho em Belo Horizonte e em
Brasília, e como dona de casa. O grande exemplo que nos deixa é este,
transformando o próprio trabalho em forma de crescimento, exemplo seguido por
seus filhos e filhas. Quando se viu aposentada, continuou estimulando outras
colegas da terceira idade a não pararem. A vida é um caminho sempre aberto para
o aprendizado e Zauhry deu testemunho disto. Foi uma das primeiras alunas a
ingressar na Universidade da terceira idade na Fumec e seguiu em frente,
interessada em aprender cada vez mais, pelo próprio prazer de se atualizar. O
conhecimento que não visa apenas receber um diploma no final de um período é o
conhecimento que faz crescer cada vez mais a pessoa como ser humano.
Suas aptidões domésticas não ficaram abandonadas com todo
esse currículo de cursos de extensão. Zauhry era ótima cozinheira e algumas vezes
pude participar de almoços em sua casa, onde, cercada de filhos e netos, ela
demonstrava suas aptidões na arte culinária. Reunir-se em torno da mesa para o
congraçamento familiar é um hábito que sempre exerceu.
Toda pessoa com sensibilidade tem poesia no fundo do
coração, e, em casa, sozinha, Zauhry também era poeta. Recebi um poema de 2003,
que transcrevo abaixo:
“A EMENDA E O SONETO
Para se chegar aos 80
não há receita inteira.
É como colcha emendada
costurada com linha caseira.
Ontem era um brilho no pano,
depois um filó bem rendado,
anteontem um cetim lustroso,
que estava muito amassado.
Às vezes aparece um quadrado
ou quem sabe um redondinho,
o formato não se escolhe
ele chega e se junta, mansinho.
Há certo tempo difícil.
A gente pára, olha a colcha
e pensa: será que vale juntar
aquele pedaço sem cor
desbotado pelo choro, vale pregar ?
Mas é preciso ir adiante.
A vida segue e mais panos,
agora estampados, com flores
que nem lembram os desenganos.
Há pedaços de camisolas
das crianças bem pequenas,
todos guardam uma saudade,
mas são saudades, apenas.
Até que beirando os “oitenta”,
os pedaços já esgarçados
tem que ser juntados, de leve,
senão, se perdem, coitados !
Os dedos, a linha e olhos
anuviados, bem iguais
olham o tamanho da colcha
e perguntam a Deus, tem mais ?”
*Fotos de arquivo
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