terça-feira, 9 de julho de 2013

IRMÃOS ESPIRITUAIS E IRMÃOS NA ARTE


Ana Maria Pascale, nossa anfitriã é viúva de um médico e teve 7 filhos, um deles médico, uma professora de yoga e outro artista. Gosta de arte, coleciona quadros e conhece os melhores artistas italianos. Me introduziu aos livros de Montanarini, um grande pintor italiano.
“O processo de arte dele se assemelha ao seu”, me disse ela. Realmente, as idéias e depoimentos de Montanarini têm muito a ver com os meus livros. Interessante ver como a vida nos coloca às vezes junto aos grupos afins, somos realmente conduzidos pela sincronicidade. É esta sincronicidade que marca os encontros não programados.
Disseram-me um dia no Brasil: “Você vai encontrar na Índia seus irmãos espirituais e na Europa seus irmãos de arte.” Essas palavras me foram ditas por uma vidente há mais de 20 anos atrás. Caminhei 20 anos pelas estradas da Índia, ali encontrei amigos, grupos espiritualistas, mestres de yoga, filósofos e pensadores. Encontrei a arte estendida ao cotidiano e a arte estendida à educação nas escolas de Aurobindo, Krishnamurti e no Kalakshetra. Ali encontrei Rukmini Devi, diretora da escola de dança Kalakshetra, cujos conceitos sobre arte e vida se assemelhavam aos meus.
Agora encontro em Roma, na figura de Ana de Pascale grande  afinidade na vida e na arte. Quando Ana abriu a porta, tive a impressão de que já a conhecia há muito tempo. Ela foi nos mostrando a casa, os móveis antigos, os quadros, os livros – uma biblioteca enorme. Recebeu-nos com o maior carinho, desculpando-se porque a casa estava sendo preparada para o filme.
“Vocês ficam aqui no quarto de minha filha, podem estar à vontade”
Em cima da mesa encontramos um exemplar da Baghavagita, a Bíblia dos hindus e outros livros de yoga.
As coisas não acontecem por acaso. A resposta estava ali naqueles livros. Contei sobre nosso interesse pela filosofia oriental e das minhas viagens à Índia. Cláudia, a filha mais nova de Ana é professora de yoga e a mãe estuda com ela o pensamento milenar da Índia. À noite, sentada na sala cantamos mantras indianos, canções brasileiras, italianas e argentinas. De madrugada percebi luz no quarto de Ana – ela estava lendo os meus livros. Quando acordou já queria traduzi-los para a língua italiana.
“Vou levá-los à viúva de Montanarini, ela vai gostar, suas idéias são bem semelhantes e seu processo artístico também. Ele seguiu o mesmo itinerário do figurativo para o abstrato. Os artistas modernos são também pensadores, tais como Kandinsky, Mondrian, Klee, Van Gogh e agora este italiano. Todos buscaram ampliar a visão da arte para o campo do desenvolvimento humano. Anotei algumas frases do livro de Montanarini:
“Um pintor deve ter a mente de um profeta, a coragem de um combatente, a força de um operário, a constância de um atleta, a paciência de um eremita e a humildade de um mendigo.”
“A história da humanidade é um ciclo que vai do ético ao estético”. Estas palavras de Montanarini constituem uma advertência. Este tema ético e estético seria o lema da Bienal de Veneza de 2000.

*Fotos de arquivo


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