Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
domingo, 22 de setembro de 2013
DUAS ARTISTAS UNIDAS NO TEMPO
Escrevo
da varanda de minha casa escutando os passarinhos que chegam saudando esta
manhã de sol. Ao meu lado, dois livros de arte descrevem a presença das
mulheres nos movimentos que surgiram nos séculos XX e XXI.
Escutar
a voz destas mulheres é importante para esclarecer a história e clarificar
caminhos semelhantes ou contraditórios.
Tomei
como exemplo duas artistas que viveram em épocas distantes mas se unem no
espaço e tempo com formas e pensamentos semelhantes. São elas: Sonia Delaunay e
Beatriz Milhazes.
“Não
sei como definir minha pintura, o que não acho ruim, porque desconfio de
classificações e categorizações. Como e por que definir algo que vem de dentro
de nós?” Estas palavras de Sonia Delaunay esclarecem muitas vezes o que nós
artistas sentimos quando realizamos um quadro, um desenho, uma escultura. O que
parte do sentimento, da emoção, da alma, dificilmente pode ser definido. Sonia
Delaunay participou da vanguarda russa, casou-se com Roberto Delaunay,
radicou-se em Paris durante a revolução russa. Mas em seus quadros abstratos,
ligados ao construtivismo, as curvas sinuosas sugerem o movimento das danças da
Ucrânia, sua terra natal.
“Lembro-me
dos casamentos dos camponeses na minha terra, em que os vestidos vermelhos e
verdes, enfeitados com muitos laços, balançavam durante a dança.”
Agora
voltemos à outra exposição que está, no momento ocupando um espaço no Sesc Paladium.
Beatriz Milhazes é uma referência do movimento denominado “Geração 80”, uma
artista que se firmou no plano internacional como uma representante brasileira:
o Brasil do carnaval, dos desfiles das escolas de samba, do movimento das
danças.
Sonia
Delaunay se refere às danças ucranianas, Beatriz Milhazes registra as danças
carnavalescas. Em suas telas e serigrafias sentimos a movimentação das cores em
ritmo contido pelas origens construtivas da artista. O construtivismo
brasileiro está contido como base estrutural de suas serigrafias, expostos em
Belo Horizonte. Sonia Delaunay, ao mesmo tempo, ocupa uma sala no CCBB da Praça
da Liberdade, integrando a exposição “Elles, mulheres artistas na coleção do
Centro Pompidou”. Os depoimentos de ambas são testemunhos de que duas terras
tão distantes podem se tornar próximas através das manifestações artísticas.
*Fotos
de arquivo
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