Escrevo
da varanda de minha casa escutando os passarinhos que chegam saudando esta
manhã de sol. Ao meu lado, dois livros de arte descrevem a presença das
mulheres nos movimentos que surgiram nos séculos XX e XXI.
Escutar
a voz destas mulheres é importante para esclarecer a história e clarificar
caminhos semelhantes ou contraditórios.
Tomei
como exemplo duas artistas que viveram em épocas distantes mas se unem no
espaço e tempo com formas e pensamentos semelhantes. São elas: Sonia Delaunay e
Beatriz Milhazes.
“Não
sei como definir minha pintura, o que não acho ruim, porque desconfio de
classificações e categorizações. Como e por que definir algo que vem de dentro
de nós?” Estas palavras de Sonia Delaunay esclarecem muitas vezes o que nós
artistas sentimos quando realizamos um quadro, um desenho, uma escultura. O que
parte do sentimento, da emoção, da alma, dificilmente pode ser definido. Sonia
Delaunay participou da vanguarda russa, casou-se com Roberto Delaunay,
radicou-se em Paris durante a revolução russa. Mas em seus quadros abstratos,
ligados ao construtivismo, as curvas sinuosas sugerem o movimento das danças da
Ucrânia, sua terra natal.
“Lembro-me
dos casamentos dos camponeses na minha terra, em que os vestidos vermelhos e
verdes, enfeitados com muitos laços, balançavam durante a dança.”
Agora
voltemos à outra exposição que está, no momento ocupando um espaço no Sesc Paladium.
Beatriz Milhazes é uma referência do movimento denominado “Geração 80”, uma
artista que se firmou no plano internacional como uma representante brasileira:
o Brasil do carnaval, dos desfiles das escolas de samba, do movimento das
danças.
Sonia
Delaunay se refere às danças ucranianas, Beatriz Milhazes registra as danças
carnavalescas. Em suas telas e serigrafias sentimos a movimentação das cores em
ritmo contido pelas origens construtivas da artista. O construtivismo
brasileiro está contido como base estrutural de suas serigrafias, expostos em
Belo Horizonte. Sonia Delaunay, ao mesmo tempo, ocupa uma sala no CCBB da Praça
da Liberdade, integrando a exposição “Elles, mulheres artistas na coleção do
Centro Pompidou”. Os depoimentos de ambas são testemunhos de que duas terras
tão distantes podem se tornar próximas através das manifestações artísticas.
*Fotos
de arquivo
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