Viajar é bom para o auto conhecimento. Ficamos
sabendo como somos quando arrumamos nossas malas. Quanto maior a bagagem, maior
nossa insegurança. Queremos levar tudo, carregar a proteção nas costas, cruzar
o rio da vida com os pertences. São roupas, sapatos, compras, livros, remédios.
Observo as pessoas em torno, como são despojadas!
“Mas sua bagagem é só isto?”
Dois vestidos e uma sandália. A beleza de Patna é interior, ela não precisa variar de roupa. Veio de Israel, foi iniciada na Inglaterra, agora corre a Índia. Permaneceu em Madras três meses, participou de palestras, conferências, danças, fazia pesquisas na biblioteca. Quando ia a um curso de bonecos no centro, voltava com os olhos brilhantes de alegria. Sua bagagem aumentou com dois bonecos feitos por ela mesma. Aqui não há a preocupação de consumir.
Dois vestidos e uma sandália. A beleza de Patna é interior, ela não precisa variar de roupa. Veio de Israel, foi iniciada na Inglaterra, agora corre a Índia. Permaneceu em Madras três meses, participou de palestras, conferências, danças, fazia pesquisas na biblioteca. Quando ia a um curso de bonecos no centro, voltava com os olhos brilhantes de alegria. Sua bagagem aumentou com dois bonecos feitos por ela mesma. Aqui não há a preocupação de consumir.
Shanta partiu para Lunawa com pouca coisa. Não tem
casa, perdeu tudo e ainda espera da vida. Veio do Líbano. Encontramo-nos na
enorme varanda. Passa gente lá em baixo
e olha para cima com curiosidade. Os indianos são curiosos e sorriem. Nós somos
brancas. Shanta ao meu lado, pesquisa livros naturistas. “Nature cure” é o seu
darma. Às vezes a vejo cercada de pássaros. Outras vezes cuidando das plantas
“Vou a Delhi para um curso especializado, mas em janeiro estarei de volta.” Há
uma simplicidade em dizer “I’m a homeless lady”. Uma pessoa sem lar, sem casa,
viajando com poucas malas. O consumo não existe para esta gente, pois o consumo
exige um lugar para se depositar coisas. Armários embutidos, prateleiras,
armários cheios de bagulhos.
Viver o agora é despojar-se de tudo, morrer para o
passado, os apegos, as coisas acumuladas. As pessoas de um modo geral são
“homeless” aqui. Suzy foi professora, largou tudo. Fico lembrando as palavras
de Rubens, um teosofista vindo de Kênia, África. “Conhecimento adquiri-se em
livros, mas a sabedoria só nos chega através da experiência.” Viajar nos mostra
a vida logo em seus múltiplos aspectos, chega-se à conclusão de que o acumulo e
o consumo não levam a nada. É como a serpente comendo o próprio rabo.
Compra-se, satisfaz-se um desejo e ele nos envolve. O não consumo é a
sabedoria. Aquela italiana com um coque amarrado no alto da cabeça só tem duas
roupas. “Tive de optar, ou viajo e aprendo, ou compro e não aprendo”. As roupas
já estão desbotadas, mas a filhinha de 6 anos está feliz porque está sempre com
a mãe, que aprende a fazer bonecos, estuda música e pretende ensinar na Itália
o que aprendeu na Índia.
Aqui nesta comunidade moramos em quartos com
banheiro coletivo. Lavamos roupa no tanque, onde às vezes encontramos amigos para
um bate papo internacional. Lisa nos fala da Inglaterra. Já foi chofer de taxi,
agora está aqui, aprendendo na universidade da vida. Procura ajudar todo mundo.
Há uma vibração intensa de amor e compaixão. Todos têm a sua história e se
encontram junto ao tanque de lavar roupa.
*Fotos de Maria Helena Andrés e da internet
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