Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
CASAMENTO DE ALICE E PAULO
Alice e Paulo casaram-se no dia 6 de junho de 2015
no Iate Clube do Rio, situado junto à enseada de Botafogo, tendo como nave a
beleza natural da cidade maravilhosa. Já noticiei neste blog a pré estreia
deste casamento que agora se torna uma realidade social, com a confirmação das
duas famílias reunidas.
Alice e Paulo se casaram de forma diferente, mas
autêntica, tendo as estrelas como testemunhas e a abóboda celeste como teto de
igreja.
Dois jovens, dentro do mesmo barco iniciam a sua
viagem pelo grande oceano da vida, cercados de familiares. O amor era o
principal vínculo desta caminhada a dois. Ao final da cerimônia, recebi de
Joaquim Pedro, irmão da noiva, uma página muito lúcida que foi lida durante a
cerimônia.
Transcrevo suas palavras no texto abaixo:
“Alice e Paulo, queridos amigos e familiares,
Alice e eu viemos de uma família que sempre comungou
de valores muito sólidos, mas que ao mesmo tempo sempre celebrou as
singularidades de cada um em seus relacionamentos.
Nossos pais são exemplos de que o amor duradouro
nasce de princípios comuns, mas floresce mesmo nas diferenças e no respeito com
relação ao espaço de cada um.
Nossa mãe Aparecida é a primeira filha de seis
irmãos que muito jovem teve responsabilidades de adulta. Uma filósofa e médica
de formação, com temperamento e opiniões fortes, e espírito prático. Por
coincidência nosso pai Maurício também vem de uma família grande de seis
irmãos. Um fotógrafo-arquiteto-ecologista de temperamento zen, econômico nas
palavras e espírito livre. Duas personalidades distintas que sempre se
complementaram – seja em belo Horizonte, em Bangalore, ou em Brasília.
Nossos avós também são exemplos de como é importante
na vida a dois o respeito às individualidades de cada um.
Os pais de nossa mãe, Avô Delfino e Avó Zauhry, não
podiam ser diferentes. A boemia de meu avô e sua paixão pelas amizades da noite
sempre contrastaram com a praticidade e fé de minha avó, uma doce batalhadora e
aglutinadora de pessoas. Mesmo separados, nossos avós nutriam um grande amor
pela família, cada qual a sua maneira. Tanto Avô Delfino quanto Avó Zauhry
estão em espírito conosco hoje abençoando essa união.
Também em espírito conosco hoje está nosso Avô Luiz
Andrés, pai de nosso pai, um dedicado homem de família e médico-cirurgião que
encontrou na artista renomada e nossa avó Maria Helena, presente aqui hoje, a
sua cara metade. Se nosso avô Luiz era um professor-doutor apaixonado pela vida
na fazenda, nossa avó Maria Helena é uma
cidadã do mundo, apaixonada pelas artes e espiritualidades. Essa união da
ciência com a arte, de Entre Rios com a Índia, da disciplina com o espírito
livre é mais um exemplo do casamento que celebra singularidades e que une
opostos.
Nossos pais e avós – e muitos mais exemplos aqui
presentes – mostram a importância do amor que encontra vida na interseção de
duas personalidades distintas.
Quando casei com Fernanda há dois anos atrás,
recebemos da Alice um lindo cartão em que ela falava sobre o amor e como ele
deve ser cuidado como uma planta, que ao ser adubada e regada a cada dia,
crescerá com raízes fortes e frutos saborosos.
Que o amor de vocês, Paulo e Alice, também seja
regado e cuidado a cada dia, ciente de que duas árvores numa mesma floresta
nunca crescem na sombra uma da outra. E que por meio da luz e espaço próprios,
essas duas árvores se desenvolvem e crescem no mesmo compasso.
Que o amor de vocês, Alice a Paulo, saiba encontrar
o equilíbrio da comunhão e da individualidade. Que seus passos caminhem lado a
lado no mesmo ritmo sempre com um norte em comum. E que vocês saibam construir,
cada qual a sua maneira, uma vida inteira juntos.
Muitas felicidades!
Joaquim Pedro”
*Fotos de Maurício Andrés
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quinta-feira, 4 de junho de 2015
MEMÓRIAS DE MÁRIO SILÉSIO, PINTOR E MURALISTA
No
dia 13 de maio de 2015, Mario Silésio completaria 100 anos de idade.
Resolvi,
como artista e amiga, prestar-lhe uma homenagem neste meu blog.
Conheci
Mario Silésio nos anos 40, quando foi inaugurada a Escola Guignard.
Fomos
da 1ª turma da escola. Guignard conduzia 40 alunos pelos caminhos da arte,
despertando o potencial de cada um sem impor regras e conceitos.
Mario
Silésio logo se destacou por seu imenso desejo de aprender.
Formara-se
em direito como seu colega Amilcar de Castro, mas a sua vocação verdadeira era
a arte, especialmente a pintura, à qual se dedicou até o fim da vida.
Lembro-me
de Mario no parque, desenhando com a maior atenção troncos de árvores, com lápis
duro, um desenho de grande precisão, lembrando gravura em metal.
Guignard
nos levava sempre para o atelier da escola, um grande salão onde todos nós
desenhávamos modelo vivo, retratos e “naturezas mortas”. Armava com cuidado
alguns objetos, garrafas, frutas ou flores e, dentro daquela composição
figurativa, Mario sobressaía com a limpeza de cores e a exatidão de formas, que
mais tarde seriam o veículo principal de suas abstrações.
Pintar
com muita gente perto, cada um colocando o seu modo peculiar de expressão era
para mim grande novidade.
Essa
diversidade foi de grande importância para seguirmos à frente cada um assumindo
o seu caminho.
Guignard
nos levava ao Rio para ver os alunos que deixara lá, e ali conhecemos o grande
artista Iberê Camargo.
O
intercâmbio com o Rio era necessário e também com São Paulo onde estavam as
maiores oportunidades.
E
foi justamente São Paulo o ponto principal da grande mudança que ocorreu na
arte brasileira nos anos 50.
Foi
a chegada de Max Bill no Brasil e a inauguração da I Bienal de São Paulo, que
possibilitou essa mudança.
Íamos
a São Paulo, entrávamos em contato com Mario Pedrosa, Volpi, Maria Leontina,
Milton da Costa. Mario Pedrosa vinha a Minas Gerais e visitava nossos ateliês.
O
abstracionismo que já começaria a se manifestar em Minas, tomou novas
características com a chegada das ideias vindas da Europa. André Lhote, grande
artista francês, veio a Belo Horizonte e teve contato com a Escola de Belas
Artes Guignard e, após este contato, Mario Silésio obteve uma bolsa do governo
francês em Paris.
Voltando
ao Brasil, entre 1957 e 1960 executou diversos painéis em edifícios públicos e
privados em Belo Horizonte, como o painel do Banco Mineiro de Produção,
Condomínio Retiro das Pedras, Teatro Marília, Escola de Direito da UFMG,
Departamento Estadual de Transito – Detran.
No
Rio criou em Araruama um grande mural para o clube dos engenheiros.
Em
1964 executou os vitrais da Igreja de Ferros em Minas.
Este
foi o grande percurso de um artista que começou a pintar na Escola Guignard, à
sombra das árvores e mais tarde levantou voo para novos caminhos internacionais.
*Fotos
de Maurício Andrés e da internet
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