quinta-feira, 4 de junho de 2015

MEMÓRIAS DE MÁRIO SILÉSIO, PINTOR E MURALISTA

No dia 13 de maio de 2015, Mario Silésio completaria 100 anos de idade.
Resolvi, como artista e amiga, prestar-lhe uma homenagem neste meu blog.
Conheci Mario Silésio nos anos 40, quando foi inaugurada a Escola Guignard.
Fomos da 1ª turma da escola. Guignard conduzia 40 alunos pelos caminhos da arte, despertando o potencial de cada um sem impor regras e conceitos.
Mario Silésio logo se destacou por seu imenso desejo de aprender.
Formara-se em direito como seu colega Amilcar de Castro, mas a sua vocação verdadeira era a arte, especialmente a pintura, à qual se dedicou até o fim da vida.
Lembro-me de Mario no parque, desenhando com a maior atenção troncos de árvores, com lápis duro, um desenho de grande precisão, lembrando gravura em metal.
Guignard nos levava sempre para o atelier da escola, um grande salão onde todos nós desenhávamos modelo vivo, retratos e “naturezas mortas”. Armava com cuidado alguns objetos, garrafas, frutas ou flores e, dentro daquela composição figurativa, Mario sobressaía com a limpeza de cores e a exatidão de formas, que mais tarde seriam o veículo principal de suas abstrações.
Pintar com muita gente perto, cada um colocando o seu modo peculiar de expressão era para mim grande novidade.
Essa diversidade foi de grande importância para seguirmos à frente cada um assumindo o seu caminho.
Guignard nos levava ao Rio para ver os alunos que deixara lá, e ali conhecemos o grande artista Iberê Camargo.
O intercâmbio com o Rio era necessário e também com São Paulo onde estavam as maiores oportunidades.
E foi justamente São Paulo o ponto principal da grande mudança que ocorreu na arte brasileira nos anos 50.
Foi a chegada de Max Bill no Brasil e a inauguração da I Bienal de São Paulo, que possibilitou essa mudança.
Íamos a São Paulo, entrávamos em contato com Mario Pedrosa, Volpi, Maria Leontina, Milton da Costa. Mario Pedrosa vinha a Minas Gerais e visitava nossos ateliês.
O abstracionismo que já começaria a se manifestar em Minas, tomou novas características com a chegada das ideias vindas da Europa. André Lhote, grande artista francês, veio a Belo Horizonte e teve contato com a Escola de Belas Artes Guignard e, após este contato, Mario Silésio obteve uma bolsa do governo francês em Paris.
Voltando ao Brasil, entre 1957 e 1960 executou diversos painéis em edifícios públicos e privados em Belo Horizonte, como o painel do Banco Mineiro de Produção, Condomínio Retiro das Pedras, Teatro Marília, Escola de Direito da UFMG, Departamento Estadual de Transito – Detran.
No Rio criou em Araruama um grande mural para o clube dos engenheiros.
Em 1964 executou os vitrais da Igreja de Ferros em Minas.
Este foi o grande percurso de um artista que começou a pintar na Escola Guignard, à sombra das árvores e mais tarde levantou voo para novos caminhos internacionais.

*Fotos de Maurício Andrés e da internet

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