Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 30 de maio de 2016
MEDITAÇÕES NA ÍNDIA V
Meditação I
No mundo Ocidental a vida é prolongada
artificialmente, nos CTI’s onde muitas vezes o doente morre sozinho afastado
dos parentes e amigos.
Este prolongamento artificial da vida nos torna
insensíveis à grande viagem que teremos de empreender um dia. Não estamos
preparados para a morte. No entanto, se nascemos neste planeta, mais cedo ou
mais tarde teremos que nos despedir dele. O desapego é importante para a
libertação daquele que está morrendo. Os yogues cantam mantras tais como “Om
namah shivaya”. O cântico ajuda na passagem do plano terrestre para um plano
melhor. Outros repetem a oração: “Estamos todos muito felizes porque você está
se elevando acima da vibração densa da terra em busca de estados superiores
cheios de luz.”
O exemplo do Eremita de Rishikeshi morrendo em
postura de meditação cercado de discípulos foi pra mim um toque de consciência.
Meditação II
Recebi de uma teosofista residente em Adyar na Índia
a meditação abaixo:
“Eu não sou deste mundo, mas uma filha do
imensurável. Minha morada é longe daqui e eu tenho saudades da Casa de meu Pai.
Possa eu começar a jornada do retorno. Consagro meu corpo físico, emocional,
mental e intuitivo à realização deste Grande Trabalho. Que as sensações do meu
corpo, os sentimentos de minhas emoções, os pensamentos da minha mente e os
insigths da minha intuição, possam servir a este Grande Trabalho. Não existe
parte nenhuma do meu corpo que não pertença a Deus. Pretendo considerar todos
os acontecimentos da minha vida como uma parte do diálogo entre o meu “self”
individual e o “Grande Self”. Que todas as partes do meu ser e todas as ações
da minha vida sejam dedicadas ao propósito do Retorno para a Casa do meu Pai.”
*Fotos internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”,
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
MEDITAÇÕES NA ÍNDIA IV
Meditação I
Corredores da índia
Encontros inesperados
De pessoas afins.
A ligação se faz
Tão simples.
Tara veio do Japão
E é sobrinha de Aldous Huxley.
Iuri chegou de Israel
E Ruth da Austrália.
Mas se pudermos
Fotografar a alma
De cada um
Sentimos a Unidade
Dissipando fronteiras
Alcançando as diferenças
Transformando-as
Num único ser.
O que é que nos separa?
Meditação II
Irmãos espirituais
Vindos de longas distâncias
Andam pelo mundo
Vivendo experiências.
Deixam pátria
Segurança
E a família
Protetora.
Nos caminhos
Nas estradas
Nas esperas
No aeroporto
Viajantes
Peregrinos
Percebem que a segurança
E a proteção da família
Os hábitos
E a permanência
Os apegos, as carências
Os anseios, ambições
As lutas, competições
As invejas, os ciúmes
Os medos
São como algemas
Que prendem
Homens, mulheres e jovens
Na eterna roda da vida
Meditação III
A vida
É o único mestre
Sempre indicando
O caminho
Sempre enviando
Mensagens.
Não sentimos
Não vivemos
Porque sempre
O pensamento põe-se à frente
Das mensagens
E nos faz viver
No passado ou no futuro.
Traçamos planos futuros
Em linha reta
Sem perceber
Que as mudanças
Nos fazem sempre
Dar curvas.
Viver é sentir
O agora
Palpitando
Em cada ser.
É perceber
A beleza
Vive-la na intensidade do momento fugidio.
*Fotos de Marília Andrés Ribeiro
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”,
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
segunda-feira, 16 de maio de 2016
MEDITAÇÕES NA ÍNDIA III
Meditação I
Não estamos preparados
Para a morte
O apego
Nos torna insensíveis
À grande viagem
Que se aproxima.
Meditação II
Entrega – abandono – silêncio
Entregar a vontade ao Divino.
Entregar os impulsos a Deus.
Entregar os desejos ao Divino.
Entregar as fantasias, pensamentos, emoções,
carências.
Entregar os corpos vital, emocional, mental – com
todas as suas manifestações.
Entregar as células do corpo, sua formação e
sustentação.
Entregar os movimentos da mente e das emoções, os
impulsos da raça, os hábitos , as carências vindas da infância, da noite dos
tempos.
Entregar os sonhos, os símbolos do inconsciente, os
arquétipos, as formas, as cores, os sons, a sensibilidade, os conflitos (o
querer e o não querer, o desejar, o sofrer).
Entregar o amor, as paixões, o amor terreno e os
apegos, o amor divino e as aspirações.
Entregar a inspiração para a arte, a expressão
através de formas.
Entregar o eu pequeno e o Eu Superior, o Corpo
Búdico, os 7 temperamentos, o inconsciente coletivo, o Ser Interno.
Abandonar-se neste inconsciente, nesta Unidade Total
do Ser.
*Fotos de Maria Helena Andrés
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE
ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
MEDITAÇÕES NA ÍNDIA II
Meditação I
Estive aqui neste ashram em 1983, quando Gurumai
iniciava seu dharma de guru. Era então uma menina de extraordinária beleza.
Tocou-me a testa e o alto da cabeça, quando me deu Shaktipath. Uma luz intensa
irradiava daqueles pés, daquelas mãos.
Recebi o mantra So-ham para ser repetido
diariamente, mas pedi-lhe a substituição de So-ham por Ham-sah, sentindo que
estava mais harmonizado com a minha respiração.
Hoje não preciso repetir Ham-sah, apenas presto
atenção no Agora e escuto Ham-sah no compasso de meus pés, do meu mastigar, do
meu respirar. Ele está inteiro dentro de mim, faz parte do meu corpo. Hoje,
caminhando na estrada de pedrinhas cinzentas, escutei também os meus passos
batendo em ritmo de percussão o mantra Ham-sah.
Ao fim da caminhada uma imensa paz me envolveu.
Meditação II
Novamente medito ao som dos passos na areia. Posso
incluí-los às batidas de meu coração e ao canto dos pássaros. Formamos um todo,
homens, mulheres, plantas, animais. Respiramos o mesmo ar e sentimos as mesmas
vibrações. A vida é esta energia fluindo constantemente.
Os mestres recebem esta energia crística de forma
intensiva e os discípulos também fazem a sua parte, um corpo coletivo de
vibrações energéticas. A vibração varia de acordo com o chacra despertado. No
imenso gramado verde, pássaros brancos sobrevoam e descem afim de receber o
prana da natureza.
*Fotos da internet
segunda-feira, 2 de maio de 2016
MEDITAÇÕES NA ÍNDIA I
Meditação I
A grama verde se estende a perder de vista. Pessoas
relaxando, o dia acabando. Alguns fazem yoga. Ontem no curso de contemplação,
sugeriram-me fazer um diário.
O diário começou com a minha própria vida. Tudo está
relacionado. Tenho 70 anos e preciso subir 70 degraus para chegar ao meu
quarto. Estou alojada no terraço do Anapurna e à noite, as estrelas brilham no
chão de mármore branco.
Quando me levanto para ir ao banheiro, vou pisando
sobre as estrelas e só isto me faz relaxar. Agora relaxo também olhando a grama
em frente.
Hoje, quando estava no 60° degrau, pensei comigo
mesma no que estava fazendo quando tinha 60 anos. Devia estar exatamente
subindo esta escada e parando para descansar enquanto olhava o retrato de Baba
em frente. Alguém me perguntou o que estava sentindo.
“Estou bem, mas esta escada me lembra a minha
própria vida. Há 10 anos atrás ela me cansava mas, hoje, quando não carrego
embrulhos, subo facilmente os 70 degraus”. O problema são os embrulhos, as
compras, as bolsas que carregamos. Se não fosse isto, se diminuíssemos a
bagagem, teríamos a mesma agilidade de um jovem para subir escadas...
Meditação II
Enquanto descasco cebolas comparo também meu trabalho
com a minha vida. Descascar cebola, tirar a pele, retirar experiências
negativas para chegar à Essência.
Meditação III
Sol descendo devagar. Barulho de passos na areia.
Meditação “Neti, Neti”, conhecida da antiga tradição
hindu.
Andei também sobre as pedrinhas da estrada repetindo
“Neti, Neti”.
Eu não sou a areia, eu não sou as árvores, eu não
sou o caminho, eu não sou o corpo, eu não sou a pele, eu não sou os músculos,
eu não sou as pernas, eu não sou este sangue, eu não sou estas veias, eu não sou
este coração, eu não sou esta energia, eu não sou a célula, o átomo, o quantum.
Quem sou eu?
O sol foi descendo solene, devagar. Sentei-me no
chão depois de saudá-lo. E a resposta surgiu.
Eu sou Luz, eu sou a Eternidade..
Uma enorme paz me envolveu. No imenso gramado verde,
as sombras da noite apagaram o colorido das plantas e das flores.
*Fotos da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE
ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
Assinar:
Postagens (Atom)