segunda-feira, 2 de abril de 2018

O EREMITA DE RISHKESH


O carro parou na estrada e descemos 300 degraus de ma escada de pedra.
O rio Ganges corria sereno, entre patamares planaltos e praias de areia branca.
Debaixo de arvores, no meio de pedras, existe um ashram escondido.
Dois homens vêm nos receber. Estão enrolados em panos acinzentados. Escolheram uma vida simples, inteiramente ligada à natureza. Crianças se acercam de nós. Uma delas, me põe um pozinho de sândalo na testa para clarear os pensamentos.

Ali viveu durante muitos anos Swami Purushottamenendgi, o eremita de Rishkesh. Meditava  dentro de uma gruta com uma lamparina de óleo junto à imagem de Shiva. Quando queria comer ia à aldeia próxima e lhe davam fogo para cozinhar. Não usava fósforo nem tirava o fogo das pedras, mas conservava sempre acesa a sua lamparina. Ate hoje, podemos vê-la acesa, como o fogo sagrado que nunca se apaga.

O velho eremita era uma espécie de S. Francisco da Índia. Conversava como os tigres e as cobras, dava comida aos peixes do rio. Sua vida estava ali, junto ao rio muito verde, escondido no meio da floresta. As lendas a seu respeito corriam de boca em boca.

“Eu estava junto dele, quando se aproximou uma cobra, tive medo mas o Swami ordenou que ela se retirasse. A cobra que preparava o bote, afastou-se de nós tranqüilamente”, isto nos informou o seu jovem discípulo.
Um dia, o velho Swami chamou os discípulos para avisá-los de que sua hora chegara. Morreu sentado em postura de lótus.

Hoje seu retrato é homenageado cm colares de flores, junto à entrada da caverna.

Um menino de 8 nos me segura as mãos e vou andando devagarinho, sem enxergar nada, só a lamparina brilhando no escuro. Aos poucos, das sombras vão surgindo formas, silhuetas.
O menino tocou um sino e cantou mantras. “Om nama shivaya”.

Os cânticos ressoaram dentro da gruta, fazendo coro com a flauta de Patrícia, a jovem brasileira que nos acompanhava.

A saída, eles nos forneceram “prasad”, um doce feito com leite e coco, muito comum na Índia. Significava uma atenção para com o visitante, uma forma de saudá-lo. Todos os lugares sagrados oferecem “prasad”.

“Namaste” – ( O Deus em mim saúda o Deus em ti) As mãos se juntaram em reverencia e a imagem do eremita nos acompanhou enquanto subíamos a escadaria. ( Diário de viagem, década de 1980)

*Fotos da internet

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