terça-feira, 20 de novembro de 2018

O SOL NASCE PARA TODOS


Em 1990, viajei para a índia com um grupo de 4 pessoas. O relato abaixo, extraído do meu diário, é um comentário de um indiano sobre como usar o nascer do sol para curar problemas de saúde. A Índia, com sua sabedoria de 5000 anos nos ensina a cada dia uma nova visão da natureza e da vida. 

 “Por que a senhora usa óculos?” Do outro lado do guichê, um indiano toma o meu passaporte e confere o retrato com o original.

“Tire os óculos”, fica melhor para a senhora.

Fiquei pensando no quanto se aprende conversando.

“A melhor hora para se curar problemas de vista é a hora do amanhecer. Aquela lista vermelha no horizonte antes do sol nascer, faz bem à vista”.

No dia seguinte fomos à praia. Saímos no escuro, antes do sol nascer. Esperamos até as 7 horas e ele não nasceu, quer dizer, estava encoberto por nuvens...

Hoje acordamos de madrugada. Fernando Guedes está hospedado do outro lado no Bhoganasala. Às 5 horas da manhã ele bateu na minha janela. Fomos participar da celebração matinal no templo hindu.

O sol nasceu por detrás das pilastras de pedra e, enquanto eu participava do ritual da madrugada, vivenciava, através de ritos e oferendas, a mesma intenção de se alcançar o invisível, aquilo que está por detrás de todas as aparências.

O sol nasce para todos e o seu brilho alcança as cidades, as praias, as montanhas. O sol é o mesmo, mas a sua função se diversifica de acordo com a necessidade de cada um.

 Lá no Brasil eu costumo contemplar o por do sol nas montanhas. E meu filho Euler, que é fazendeiro, se levanta bem cedo para o trabalho e registra o nascer do sol. (Trecho do diário de viagem à Índia, 1990)

Fotos de Euler Andrés e de Maria Helena Andrés

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