Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
PONDICHERRY
Pondicherry,
antiga colônia francesa, está situada a 3 horas de Chennai, sul da Índia.
Os
antigos colonizadores deixaram suas marcas nos nomes das ruas, nas estátuas das
praças, nos restaurantes com comida francesa, no jeito francês dos guardas nas
igrejas católicas, onde as missas são rezadas em francês.
Cada região
da Índia responde no presente à influência dos antigos conquistadores. Aqui os
indianos falam francês e a Aliança Francesa abre suas portas para novos
conhecimentos com o mundo ocidental.
O Golfo de
Bengala traz notícias de um passado envolto na história de lutas imperialistas
e hoje, nas ruas, as bandeiras se levantam em torno de eleições. Os muros
parecem enormes painéis de artistas ocidentais, influenciados pela escrita oriental.
Porém toda essa decoração não se limita a uma expressão do grafismo (mais um
“ismo” dentro da arte), mas a uma realidade viva do presente.
Os
candidatos estão ali anunciados nas paredes com enormes dizeres dos quais não
sabemos o significado, mas podemos apreciar a beleza da forma.
Andamos
pelas ruas de Pondicherry de “rickshaw”, um carrinho puxado por um ciclista. As
ruas são planas e a praça ao centro faz lembrar as cidades de Poços de Caldas e
Caxambu. Muita gente pedalando, conduzindo os turistas para as diversas partes
do Ashram Pondicherry.
Para aqui se deslocam pessoas do mundo inteiro, que se
ligaram aos ensinamentos de Sri Aurobindo e da Mãe.
*Fotos da
internet
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
PENITÊNCIA
Conhecemos pessoas originais ao longo das viagens.
Aquela australiana sentada ao meu lado, vai me contando suas experiências na
Índia. "O calor não nos maltrata, quando não nos colocamos contra ele..."
“Maria, fui fazer uma peregrinação onde só permitem
a entrada de homens, mas insisti e também subi o morro, 12 horas, debaixo de um
sol abrasador, com oferendas na cabeça, coco e sementes...”
Enquanto ela contava os episódios da subida,
lembrei-me de repente de Nossa Senhora da Penha, os devotos subindo as escadas
de joelhos, sobre bagos de feijão. Mas, como brasileiro dá um jeitinho para
tudo, uma penitente cozinhou o feijão e amarrou-o aos joelhos...
Agora a voz do guia explica: “esta é uma comunidade
de jacarés, “Madras crocodilo bank trust”.
Mr Whiteker desenvolveu este parque de proteção aos
animais. Viveu em Tâmil Nadu 22 anos.
Agora pisamos na areia e, por cima de um
muro de pedra podemos ver os crocodilos tomando sol, protegidos daqueles que
ambicionam sua pele para fazer bolsas, sapatos e cintos.
Estão ali à vontade,
curtindo a vida a que têm direito. A proporção é de 10 machos para 3 fêmeas e,
quando nascem os bebês, dos ovos enormes, são colocados em um departamento
especial para “recém nascidos”.
O ônibus corre pelas estradas, buzinando sem parar.
Por que buzinar tanto, se não tem quase nenhum tráfego, nesta estrada que vai
dar em Pondichery? Mas aqui na Índia, os motoristas insistem na buzina. (Trecho de Diário à Índia, 1990)
*Fotos da internet
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
SULTAN ALI
Estou sentada em frente a um artista que conheci em
Cholamandal 12 anos atrás. Sultan Ali mora dentro da comunidade, já esteve no
Brasil em 1966, na Bienal de São Paulo.
Agora pinta pequenas aquarelas que vai
expor em Bombay. Também por algum tempo abandonou tudo para seguir Krishnamurti
e se ofereceu para ensinar pintura em Rish Valey, uma das escolas de
Krishnamurti.
Naquela época, fazia longas caminhadas com
Krisnamurti. Um dia o mestre lhe disse: “Volte a ser pintor. Não abandone a sua
carreira artística, você se encontra com mais intensidade, dentro do caminho da
arte.”
Há 20 anos Sultan Ali reside em Cholamandal, colônia
de artistas perto de Madras.
Agora, Mr Ashok, do turismo, está nos convidando a
trocar experiências na colônia de artistas.
Trazer 3 brasileiros, fazer
exposições, conhecer um pouco da Índia...
Realmente as viagens são absolutamente necessárias
para a abertura de consciência, a troca de experiências conduz a “insights”
importantes para o nosso crescimento. (Trecho do meu diário de viagens, 1990)
*Fotos da internet
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