segunda-feira, 7 de outubro de 2019

ÍNDIA , VARANASI


Varanasi foi a última cidade dessa viagem incrível à India. Cheguei à cidade ainda fascinado com a modernidade de Bangalore, e já de cara percebi que a beleza de Varanasi era a de uma cidade milenar, tradicionalmente religiosa e de muitos peregrinos.  
Varanasi - ou Benares – é a cidade de Shiva, um dos deuses hindus mais 
importantes. A cidade se localiza à beira do rio Ganges. Formada por muitos
 “ghats" ou plataformas construídas à beira do rio por marajás e lideres políticos de toda a Índia, Varanasi é uma cidade viva. As escadarias na margem do rio emendam-se umas nas outras, e os prédios e palácios imponentes se espalham.
Muitos "sadhus" se deslocam pelas ruas, tendo renunciado à vida ativa e se
 
recolhido em um dos muitos asilos da cidade. Muitos peregrinos vêm à Varanasi
 em busca da purificação no rio Ganges. As cerimonias de aarthi ao anoitecer são 
celebradas todo dia, comemorando mais um dia de luz com musicas, fogos e
 velas jogadas no rio. Os barcos percorrem o rio e as ruas da cidade, sempre cheias, 
demonstram vitalidade comercial intensa. Os templos são lindos e a
 
universidade, uma das maiores da India, oferece cursos de engenharia,
 
medicina ayurvedica e yoga.

O tour de barco no rio Ganges, ao amanhecer, é imperdível. Antes mesmo dos
 primeiros raios de sol, as pessoas se dirigem ao rio para tomar o banho 
matinal sagrado. Fazem exercícios, mergulham na água, escovam
 
seus dentes, lavam sua roupa. O sol nasce vermelho no outro lado da margem e
 
os raios refletidos nos prédios dão um ar mágico amarelado à cidade. Aos
 
poucos Varanasi acorda.

Uma das atrações mais impressionantes é o crematório gigantesco ao ar livre
 à beira do rio. O que poderia ser uma cena mórbida e bizarra de morte leva aqui um tom solene em que a morte é vista como algo absolutamente natural.
É difícil descrever as cenas - voltei ao local mais de três vezes. Os eventos 
nos mostram como o indiano tem outra visão do ciclo de vida humano.

Diz a lenda que quem morre ou é cremado em Varanasi se liberta dos ciclos de
 
nascimento e morte. Portanto, muitas pessoas escolhem morrer ou serem
 
cremadas aqui. O corpo, enrolado em uma gaze branca e com ornamentos, é
 trazido por parentes no mesmo dia de sua morte, numa maca improvisada de bambu. E banhado no Ganges para purificar-se, salpicado de sândalo e outros materiais ritualísticos, e depois colocado no topo de uma fogueira ardente recém-armada. Em três horas, ao lado de ao menos 15 outras piras, ao ar livre, com turistas assistindo, vacas, cachorros e bodes ao lado, o corpo se carboniza em cinzas. As cinzas são coletadas, jogadas no Ganges, e a fogueira é rearmada para o próximo defunto.
Na há dramas, não há choros. Há pouquíssimas mulheres presentes, pois há
 alguns anos atrás uma delas se jogou na fogueira de seu marido. Proibiu-se a presença delas por receio de não conseguirem conter a emoção. Os filhos cortam todo o cabelo e vestem-se de branco, simbolizando a purificação. Uma pessoa 
local me disse que o evento na verdade é motivo de celebração.

Perto de Varanasi há também Sarnath, local onde Buda fez seu primeiro sermão
 depois de iluminado. O local é muito bonito, no meio de um bosque verde e arejado. É um dos locais mais sagrados do budismo. Ali existe um museu de Sidarta com relíquias encontradas no local.
Varanasi é um programa imperdível para quem se interessa pelo hinduísmo,
 budismo ou simplesmente busca uma experiência completamente diferente. O que se passa aqui se repete há 2.000 anos! Uma bela forma de fechar essa viagem a Índia com chave de ouro!
*Fotos da internet
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