Há momentos na vida de uma pessoa, que ficam
gravados na memória. São momentos que nos deixam marcas. Momentos decisivos de
risco de vida.
Lembro-me da praia de Copacabana e de tio Joel, que
nos levava para tomar banho de mar e brincar na areia. Tio Joel se tornou mais
tarde o médico da família, grande figura, não só no tamanho, como na bondade.
Levar os sobrinhos na praia, não é para qualquer tio. Pois esse tio era o nosso
preferido porque nos levava para momentos de grande alegria. A experiência de
entrar no mar, fazer castelos de areia com outras crianças. A alegria era
grande quando fazíamos um castelo bonito, com bandeiras de pano em cima da
torre. Ali fizemos várias estórias infantis: Branca de Neve e os 7 anões, A
Bela Adormecida e uma grande quantidade de mitos da infância. Os castelos
duravam enquanto duravam as ondas do mar e a sua desconstrução também nos
causava alegria. A dor da perda não nos atingia, celebrávamos o evento batendo
palmas.
Quando voltávamos da praia, a ordem era ficar perto
do tio. Com os pés sujos de areia, tínhamos de nos submeter a um lava-pés no
calçadão.
Um belo dia, eu me soltei do grupo de crianças e
atravessei a rua correndo! Só me lembro do grito de meu avô, que nos esperava
dentro do carro, de óculos, lendo jornal. Cheguei triunfante no carro
estacionado no meio da rua. Um ônibus freou junto de mim. Não sei se foi por
causa da freada do ônibus ou do grito do meu avô.
Só sei que fiquei 15 dias de castigo, sem ir à
praia. Eu via os outros saírem e chorava baixinho, sozinha em casa.
-“Vai lá”, me disse tia Lilita, “e pede desculpas ao
seu avô, ele quase morreu de susto e sofre do coração.”
O medo de receber outro grito me impedia de chegar
perto dele, mas meu avô, ou “Avute” como o chamávamos, era bondoso e me
perdoou.
E continuei indo à praia com o tio Joel...
*FOTOS DE ARQUIVO E DA INTERNET
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