Viemos de taxi-lancha até Rialto, ponto central da cidade. Em Veneza não há carros, andamos a pé, um carregador à frente com as malas.
O hotel é simpático, chama-se Albergue Malibran e da janela podemos ver e ouvir o movimento em baixo, o toc-toc dos saltos batendo na pedra, as vozes dos italianos discutindo. Tudo em Veneza é pitoresco e romântico, desde as gôndolas cortando as águas dos canais, às pequenas pontes curvas que ligam uma rua à outra.
No centro da cidade, zona comercial, não há canais. Nas ruas estreitas, com lojas de extremo bom gosto, circula o povo que assobia e canta alegremente. Assistimos a um concerto na praça de São Marcos. Ouvimos música sinfônica pela banda municipal da cidade, tendo como fundo de cenário a imensa catedral, cujas torres ora se erguem para o céu, ora se perdem na bruma da noite. Lampiões acesos, mesinhas de bar invadindo a área da praça, música, o povo religiosamente escutando, tudo isto nos fez sentir em Veneza um espírito completamente diferente daquele que percebemos em Roma.
Roma é uma cidade extremamente materialista, e apesar de ser a sede da igreja católica, não tem a espiritualidade que lá desejaríamos sentir. Tudo em Roma é força, mostrando o apogeu do poderio humano. Veneza é leve, graciosa, cheia de pombas voando. Veneza é um barco que desliza sobre as águas, e os venezianos vivem num imenso navio. Há várias lanchas que circulam pelo grande canal e param de um lado e do outro, levando o povo para os diversos bairros da cidade. Assistimos a um cortejo nupcial, a lancha dos noivos toda enfeitada de flores.
No trajeto da lancha-taxi, podemos observar os grandes palácios venezianos de lampadários acesos, escadarias de mármore e os alicerces de pedra cobertos de um lodo muito verde. No tempo das águas, estas casas devem ter os seus primeiros andares completamente submersos.
Os venezianos, durante a invasão dos bárbaros nos séculos IV e V, viram-se obrigados a se refugiarem no meio da laguna. Ali construíram suas casas de madeira, sobre estacas. Mais tarde, abriram canais para dirigir o fluxo das águas e formaram esta cidade. É com pesar que imaginamos sua completa submersão, prevista para daqui a alguns anos.
Estamos debruçadas nas sacadas do palácio dos Bórgia em Veneza, construído ao lado da Basílica de São Marcos. Em baixo, as pombas misturam-se aos turistas, e entre flashes e revoadas conseguimos observar o panorama característico da cidade. No Mar Adriático em frente, passam embarcações também cheias de turistas, gente do mundo inteiro. A Itália é um monumento de arte e o turismo deve ser uma de suas principais fontes de renda. As igrejas não têm bancos, nem o silêncio necessário à oração. São museus. Guias acompanham bandos, legiões de forasteiros e explicam tudo em línguas diferentes. Inglês, francês, alemão, espanhol. O italiano nascido e vivido aqui só fala o italiano.
A enorme basílica de São Marcos, na semi-obscuridade, brilha no ouro dos mosaicos de suas paredes e abóbadas e refulge nos relicários. Sente-se o espírito oriental e a inspiração bizantina no preciosismo de cada detalhe e na unidade do conjunto. São Marcos é requintada e simples ao mesmo tempo. O mesmo espaço de pedra da praça continua dentro da igreja, mas em piso de mosaico, ligeiramente ondulado pela terra em baixo, que ameaça ceder. Na praça, ouve-se música. Veneza é cidade essencialmente musical. Há alegria, movimento, música pelas ruas e a despreocupação completa do tráfego. A condução para a travessia dos canais é a antiga e famosa gôndola veneziana.
*Fotos da internet
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