“É bom viajar para um lugar
onde o turismo ainda não chegou”
Assim começa o depoimento de
Teresa, minha neta, atual presidente do IMHA:.
“Viajamos às 3 e meia da
manhã para os “Lençóis Maranhenses”
O motorista da condução,
percebendo que não tínhamos muito dinheiro nos convidou para ficarmos na sua
casa em Santo Amaro ,
um lugarejo com nome de cidade, mas com no máximo 50 casas. É onde começam os
“Lençóis Maranhenses”.
É o único deserto em que a
miragem é verdadeira.
Imagine uma área de dunas de
areias brancas do tamanho da cidade de São Paulo, com lagoas cristalinas. Ali, sendo
um parque nacional, é proibido a passagem de jipes ou carros. Tivemos que
seguir viagem andando com as nossas mochilas às costas acompanhados por um guia
local.
É incrível a experiência de
viajar pelas dunas, pois elas oferecem uma visão completamente diferente de
tudo que conhecemos. Caminhamos no primeiro dia 7 horas até um oásis, ilhas
verdes no meio de deserto onde vivem algumas famílias.
No meio das dunas o sol se
põe transformando em luz alaranjada todo o cenário fantástico do deserto. Ali
encontramos piscinas naturais onde pudemos nos banhar durante a travessia.
O objetivo era atravessar os
grandes lençóis, conhecendo mais a paisagem, sentir o povo, seu modo de vida, seus
costumes.
As construções são de palha e
madeira e as famílias nos receberam com simpatia e hospitalidade.
Acordar no meio do deserto,
ver o sol se por e o sol nascer, perceber a noite que se aclara com o reflexo
da areia. Vimos a lua crescente iluminando o nosso caminho, quando partimos
ainda escuro no dia seguinte.
No final da caminhada
enxergamos o mar também com areias branquinhas. Aproveitamos a maré baixa para
continuar nossa caminhada por mais 6 horas até Atim, um povoado no outro
extremo do parque. A travessia deste deserto foi uma experiência muito forte, um
desafio ao nosso desejo de conforto.
Sentimos saudades das
mordomias de nossa vida cotidiana; não podíamos carregar muita coisa e o
desafio vencido nos trouxe um sentimento de que conseguimos superar o medo, o cansaço e a necessidade de conforto.
A volta até Barreirinhas foi
feita num barquinho local, subindo o rio Preguiça. Atravessamos o Igarapé com
mangues altíssimos, cheios de macacos, quatis e aves brancas voando pelos céus
desta região do Brasil.”
Ivana também esteve no
Lençóis Maranhenses há poucos meses e deixou o depoimento abaixo:
“Não existem palavras que possam descrever a paisagem das
lagoas azuis entre as dunas brancas, centenas de montanhas de areia fina e
macia. As montanhas, ora são recortadas “a faca”, formando esculturas, ora
arredondam-se sensualmente. Entramos em duas lagoas e a água quente e leve nos
recebeu como um ventre. Toda essa água veio das chuvas que caíram há poucos
meses e em quase todas as lagoas ela irá secar. Apenas uma delas, a lagoa do
peixe irá permanecer, criando inclusive seus pequenos peixes. Outra também irá
ter os peixinhos vindos de ovos que adormeceram no leito seco.”
*Fotos de Ivana Andrés e Teresa Andrés Rolim
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