sábado, 28 de abril de 2012

LENÇÓIS MARANHENSES


“É bom viajar para um lugar onde o turismo ainda não chegou”

Assim começa o depoimento de Teresa, minha neta, atual presidente do IMHA:.

“Viajamos às 3 e meia da manhã para os “Lençóis Maranhenses”
O motorista da condução, percebendo que não tínhamos muito dinheiro nos convidou para ficarmos na sua casa em Santo Amaro, um lugarejo com nome de cidade, mas com no máximo 50 casas. É onde começam os “Lençóis Maranhenses”.
É o único deserto em que a miragem é verdadeira.
Imagine uma área de dunas de areias brancas do tamanho da cidade de São Paulo, com lagoas cristalinas. Ali, sendo um parque nacional, é proibido a passagem de jipes ou carros. Tivemos que seguir viagem andando com as nossas mochilas às costas acompanhados por um guia local.
É incrível a experiência de viajar pelas dunas, pois elas oferecem uma visão completamente diferente de tudo que conhecemos. Caminhamos no primeiro dia 7 horas até um oásis, ilhas verdes no meio de deserto onde vivem algumas famílias.
No meio das dunas o sol se põe transformando em luz alaranjada todo o cenário fantástico do deserto. Ali encontramos piscinas naturais onde pudemos nos banhar durante a travessia.
O objetivo era atravessar os grandes lençóis, conhecendo mais a paisagem, sentir o povo, seu modo de vida, seus costumes.
As construções são de palha e madeira e as famílias nos receberam com simpatia e hospitalidade.
Acordar no meio do deserto, ver o sol se por e o sol nascer, perceber a noite que se aclara com o reflexo da areia. Vimos a lua crescente iluminando o nosso caminho, quando partimos ainda escuro no dia seguinte.
No final da caminhada enxergamos o mar também com areias branquinhas. Aproveitamos a maré baixa para continuar nossa caminhada por mais 6 horas até Atim, um povoado no outro extremo do parque. A travessia deste deserto foi uma experiência muito forte, um desafio ao nosso desejo de conforto.
Sentimos saudades das mordomias de nossa vida cotidiana; não podíamos carregar muita coisa e o desafio vencido nos trouxe um sentimento de que conseguimos superar  o medo, o cansaço e a necessidade de conforto.
A volta até Barreirinhas foi feita num barquinho local, subindo o rio Preguiça. Atravessamos o Igarapé com mangues altíssimos, cheios de macacos, quatis e aves brancas voando pelos céus desta região do Brasil.”

Ivana também esteve no Lençóis Maranhenses há poucos meses e deixou o depoimento abaixo:

“Não existem palavras que possam descrever a paisagem das lagoas azuis entre as dunas brancas, centenas de montanhas de areia fina e macia. As montanhas, ora são recortadas “a faca”, formando esculturas, ora arredondam-se sensualmente. Entramos em duas lagoas e a água quente e leve nos recebeu como um ventre. Toda essa água veio das chuvas que caíram há poucos meses e em quase todas as lagoas ela irá secar. Apenas uma delas, a lagoa do peixe irá permanecer, criando inclusive seus pequenos peixes. Outra também irá ter os peixinhos vindos de ovos que adormeceram no leito seco.”

*Fotos de Ivana Andrés e Teresa Andrés Rolim

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