domingo, 8 de julho de 2012

EAST WEST UNIVERSITY OF BRAMAVIDYA: UMA COMUNIDADE DE ARTE E FILOSOFIA I


 Em 1979 visitamos uma comunidade situada no estado de Kerala, submersa no verde das florestas da Índia. Ali encontramos um casal de europeus empenhados em realizar experiências  de reunir arte, filosofia, religião e ecologia, a fim de acelerar o processo de consciência do Self.
Jean e Nicole, dois artistas plásticos, vieram da Bélgica, tornaram-se discípulos do Guru Nataraja, incentivador do encontro de todos os caminhos e de volta a um modo de vida simples e primitivo, longe do artificialismo gerado pela sociedade de consumo. A contemplação da natureza completava os estudos teóricos. Nas estantes os livros de Ciência, Psicologia, Artes Plásticas, Música, Taoísmo, Hinduísmo, Física e Matemática mostravam a vocação holística do casal.
East West University of Bramavidya buscava desenvolver, na prática, a visão do grande poeta Rabindranath Tagore, que tentou elevar o conceito da Universidade a um Centro Universal de Estudos da Sabedoria-Mãe.
A arte é o meio pelo qual a sabedoria se manifesta em sua forma espontânea, intuitiva. Conhecer a antiga sabedoria do mundo não significa apegar-se a um passado morto, mas alcançar as fontes vivas, perenes, as leis que regem o universo, a natureza e o homem.
Jean procurou um lugar tranqüilo para organizar o ashram e seu guru Nataraja conduziu-o a esse recanto de paz no meio da floresta. Escutamos as batidas de um martelo. Era Jean, ele mesmo, construindo um galpão para as aulas de arte. Lá embaixo as crianças cantavam. Um professor vinha aos sábados ensinar música. Aos domingos Jean e Nicole davam aulas de pintura. Eles orientavam um grupo de crianças pobres, que moravam em Vaythiri, uma vila próxima ao ashram. Jean transformou sua casa em atelier de arte. Portas, janelas, umbrais eram trabalhados a mão e lembravam formas de dragões e águias. Havia uma sala de meditação, tendo ao centro uma mandala tibetana, significando a união das forças opostas, muito usada pelos budistas tibetanos para meditação. Em frente à mandala colocaram uma escultura de Shiva Nataraja, o deus dançarino em sua dança cósmica. Procurar crescer através da arte é deixar que a espontaneidade faça nascer os símbolos do inconsciente.  Jean e Nicole  reuniam as idéias de Freud e Jung aos ensinamentos dos grandes místicos orientais, considerando que o mundo é um só e a Essência de tudo é a mesma.
A criatividade era fundamental dentro do trabalho proposto por eles. Segundo Jean é importante deixar as coisas acontecerem, em lugar de aprisioná-las em frios compartimentos de programas pré-elaborados. Assim como a pulsação do coração ou o ritmo vital da respiração, a Faculdade de Artes e Letras tem uma dupla função: uma dirigida para a elucidação estética do indivíduo; a outra, em direção ao despertar cultural da coletividade. A primeira tem um movimento centrípeto; a última tem um centrífugo, revelando o cerne da vida à humanidade.
Apesar de frequentemente se dizer que a Iluminação Espiritual pode ser alcançada até mesmo na aglomeração de um mercado e a inspiração artística pode ocorrer nas piores condições do mundo, ele considerava da maior importância, para quem busca a espiritualidade, o contato com a natureza pelo menos durante uma fase da vida.

*Fotos da internet

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