domingo, 6 de outubro de 2013

UMA VIAGEM À TOSCANA

Recebi de Maurício Andrés o relato abaixo, sobre recente viagem à região de Toscana, na Itália.

“Visitamos Teresa e Alberto em Vico D’Elsa, uma das muitas pequenas cidades situadas em topos de morro no vale do rio Elsa, na Toscana.
Com eles passeamos em pequenos burgos medievais nas redondezas, tais como San Gimignano, com suas seis torres altas; e Certaldo, onde havia um festival de comidas ecológicas. Na Itália é muito forte o movimento pelo alimento quilometro zero, o que significa a produção e o consumo de alimentos produzidos localmente, sem transportes a grandes distâncias.  Provam-se e comercializam-se de queijos, de azeites, de vinhos produzidos nas redondezas com métodos naturais da agricultura orgânica, sem uso de agrotóxicos ou de transgênicos.
A região era passagem dos peregrinos que vinham da catedral de Canterbury, na Inglaterra, bem como de toda a Europa, para Roma e dali seguiam para Jerusalém. A via Francigena, com mais de dois mil quilômetros, era o caminho que percorriam. Ao longo dela há muitos lugares de pouso para os peregrinos, tais como Monteriggione.Uma menção especial merece Siena, com suas construções ocres e marrons, sua praça em forma de uma concha onde todas as linhas convergem para um bueiro de drenagem e onde se realiza duas vezes por ano a festa do Palio, com corridas de cavalos e disputas entre as várias partes da cidade. A catedral de Siena, com seu piso em mármore totalmente trabalhado com motivos figurativos e geométricos é um espetáculo à parte.

Poggibonsi é a parada de trem nas imediações. Fomos e voltamos de trem de Florença e no verso da passagem há informações sobre como o viajante no trem emite menos gases de efeito estufa do que quando se viaja de avião. É um modo de transporte econômico, ecológico, agradável, contempla-se a paisagem.
A Toscana, e especialmente o seu relevo e geomorfologia, se parece com a paisagem dos campos das Vertentes em Minas Gerais, a Toscana brasileira. A vegetação é diferente, pois lá tudo é muito cultivado com uvas para o vinho ou com oliveiras para a produção do azeite. O gado é confinado e alimentado com feno.
A paisagem é muito bonita e os céus são cortados por muitos rastros de aviões, pois ali é uma rota aérea muito usada. Nos telhados das casas centenárias, antenas e parabólicas nos lembram de que estão conectadas com o mundo globalizado.

Havia muitas guerras entre as cidades, como por exemplo, as que ocorreram entre Florença e Siena. Os burgos medievais têm controles de segurança, com muros fortificados e fossos. São semelhantes, nesse quesito de segurança, aos condomínios existentes nas cidades brasileiras, eletronicamente vigiados e procuram proteger os moradores dos perigos do ambiente externo.

A Itália é densamente habitada, com 192 habitantes por quilometro quadrado (A Itália tem metade do tamanho de Minas Gerais e uma população quase 4 vezes maior). O Brasil é oito vezes menos denso, com 23hab/km2. No passado, uma das maneiras de reduzir essa densidade foi por meio das emigrações de italianos para o Brasil, os EUA e outras partes. Outro caminho era por meio das guerras ou das pestes como a que afetou Florença nos anos 1350. Muitos países europeus se apropriaram de recursos das colônias para se sustentarem. Hoje, os descendentes dos povos colonizados retornam para os países que os colonizaram. Se os empregos não vão para onde estão as pessoas, elas vão para onde se encontram os empregos, já observou um conhecido demógrafo.”

Fotos de Maurício Andrés

1)     Alberto e Teresa observam a paisagem da Toscana, semelhante à dos Campos das Vertentes em Minas Gerais.
2)     Catedral de Siena
3)     Interior da Catedral
4)     Praça principal de Siena
5)     Vico d’Elsa – casa de Teresa e Alberto, no térreo, com figueira no quintal
6)     Monteriggione
7)     San Gimignano
8)     Vico D’Elsa – vista da Toscana

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