Em
1979, visitei uma comunidade na Índia
cujo modo de viver tem atraído pessoas no mundo interior. Seu fundador, Sri
Aurobindo, foi o pensador oriental que mais se aproximou de nossa civilização.
Procurava um entrosamento das idéias espiritualistas do Oriente com o dinamismo
progressista do ocidente. Sua filosofia, baseada na evolução, prevê a
transformação do homem acreditando que “por detrás da inteligência existe em
todo o ser humano outra ordem de consciência ainda oculta, que espera o momento
de surgir.”
A
insatisfação do homem, seu desejo de progredir, é uma prova disto. Essa sede de
progresso que nos impulsiona para a evolução não se prende apenas ao raciocínio
lógico, mas o ultrapassa. A evolução, processada anteriormente pelas forças da
natureza, seria realizada agora conscientemente, no próprio homem, através de
praticas, exercícios e o desenvolvimento e suas energia internas.
Tendo
sido educado na Europa e conhecendo bem a civilização ocidental, Sri
Aurobindo considerava impossível
dominarmos as conquistas da ciência e da técnica sem a ajuda de um poder maior
do que a inteligência. O desenvolvimento interior através da ioga integral
viria despertar nossas potencialidades adormecidas, conduzindo-as à ação. A
busca e a educação dessas energias existentes em todo o ser humano são formas
de atividade que identificam a filosofia do mestre. Tornar consciente o que
está inativo e forçá-lo a atuar, despertar, discernir, desapegar-se, agir,
purificar-se e evoluir. A transformação se realizaria inicialmente em cada
pessoa que já estivesse preparada, mais tarde atingindo a todos. Essa evolução
para um plano mais alto de existência se efetuaria normalmente através do
desenvolvimento das aptidões de cada um, considerando-se que o trabalho feito
com amor conduz ao aperfeiçoamento da pessoa. Qualquer forma de atividade pode
ser considerada veículo de evolução. O trabalho assim realizado prevê a ajuda
mutua e o espírito comunitário. O trabalho feito com idealismo transforma e
purifica o homem. A vocação já é o chamado para a evolução. Bloqueá-la
significa atraso.
A
criatividade também ajuda a despertar as energias interiores. Através dela,
usamos a intuição que nos conduzirá à descoberta da realidade interna. O exercício
da criatividade, em todos os seus aspectos - científicos, filosóficos,
artísticos - ajuda em nossa integração, conduzindo-nos a planos mais altos. É
necessário despertá-la por meio da arte na educação e do incentivo aos artistas
e pesquisadores. Mas a evolução exige o aperfeiçoamento total do homem. Baseado
nisso, Sri Aurobindo incentivou o esporte, acreditando que o corpo deveria se
fortalecer para ajudar na transformação espiritual que se processaria através
dele. Suas idéias unificam matéria e espírito. O progresso tecnológico avança,
impulsionado por outras forças que ultrapassam as dimensões da inteligência e
do raciocínio lógico. Dentro desse impulso totalizante e unificador, o homem
crescerá para a sua evolução.
A
experiência comunitária de Sri Aurobindo apoiada pela UNESCO traz-nos a
mensagem de esperança. Suas idéias, aliando a agudeza do ocidente com a
iluminação do oriente, conduzem-nos a reflexão. Nossas forças também poderão
ser dirigidas e transformadas para que o homem do futuro possa encontrar uma
humanidade melhor.
*Fotos de Maurício Andrés e da internet
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