quarta-feira, 13 de novembro de 2013

NEPAL

 Estou no Nepal. O céu muito azul, montanhas circundando a cidade, lembrando Minas Gerais, Belo Horizonte, Ouro Preto, Retiro das Pedras. O mesmo céu, a mesma situação geográfica. 4000 pés acima do nível do mar. No inverno há neve e gelo, estamos no verão na Índia, 40 ° em Madras de onde saí. Aqui a temperatura é agradável e a altitude me pôs de cama o primeiro dia. Há hippies nos bairros da cidade, na zona comercial. Aqui é o bairro dos grande hotéis, do palácio real. Meu hotel é modesto, parece uma fazendinha. Acordo com os passarinhos cantando, com os galos anunciando um novo dia. Tenho de sair de casa para almoçar e jantar. Desço as ruas até o restaurante chinês. No caminho observo as casas, as varandinhas de madeira, as janelas de grade, antigas, os compartimentos pequeninos onde os nepalenses fazem seu comércio, seus negócios. Lembra Ouro Preto, mas também a China, o Japão. Os pagodes chineses vieram daqui e do Tibet. O estilo arquitetônico dos pagodes começou nos himalaias, berço da arte, cultura, civilização , costumes, religião. As caras dos nepalenses lembram os peruanos, bolivianos, mas também aquele olhinho puxado dos chineses. O mundo é realmente uma unidade e o planeta terra neste universo de estrelas não pode ter a pretensão de se dividir. Somos na realidade uma só e única família. Sentimos isto nas fisionomias, no jeito de ser; os nepalenses residem em lugares montanhosos, os peruanos também. Carregam seus filhos nas costas, enrolam panos na cintura para carregar pertences (nada de bolsas ocidentais). Os sáris não têm a graça dos indianos, são sóbrios, sem bordados. As comidas tem influência chinesa e tibetana. Vejo os costumes chineses de carregar mercadoria – muito prático – um pedaço de bambu e dois cestos, cada um de um lado, presos nas pontas por cordas. A idéia é ótima, porque o corpo não carrega o peso todo, não traz problemas de coluna. Seria uma ótima idéia se fosse adotado nas fazendas brasileiras. Como tudo nasceu nas montanhas, fico achando que muitos dos costumes chineses não são chineses, mas nepalenses. Às vezes vejo carinhas de brasileiros, do Paixão, do Juscelino... Meu dentista (tive de arrumar um) é a cara do Juscelino. Deve ser bom, pois é o dentista do Rei. Estudou em Londres e não acredita em homeopatia. Fui dizendo “Tive um problema, um abscesso, cuidei com homeopatia”. “Para abscesso? Só antibiótico!”
No dia seguinte cheguei com as radiografias, antes e depois. Ele examinou, olhou... “Sarou, não tem nada.”
Hoje vou correr os mosteiros. A paz de Buda é diferente, Buda é um estado de consciência que os ocidentais chamam de intuição. Para entrar nele só transcendendo o ego e o intelecto , os conceitos, teorias, fórmulas. Sair da forma e entrar na essência – sabedoria, caminho do meio, equilíbrio corpo, mente, espírito. Somos uma só unidade. Enquanto nos dividimos, sofremos. Para crescer é preciso estar só, sentir-se só... Até que a gente percebe que não está só. Que o mundo inteiro é irmão, não existem fronteiras, divisões, separações. As caras são iguais, um sorriso, quando sorrimos estamos felizes. Por que não sorrir sempre para tudo e todos? Buda recomenda sorrir na meditação.
A rua está cheia de gente passando. Estou em Anapurna, bairro hippie. Há gente de toda parte do mundo.

*Fotos da internet


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