Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
MULTICULTURALISMO E ARTE NA EDUCAÇÃO
Um velho de longas barbas brancas e turbante na cabeça aguarda a
esposa que traz as malas. O filho vem esperá-los no aeroporto de Londres,
num carro ultimo tipo. O avião veio de Delhi, capital da India, com 400
pessoas, superlotado, com muitas indianas vestidas de sarís,
sandálias nos pés como se estivessem no calor da Índia. Aos poucos
vou tomando consciência de que o antigo império britânico está recebendo
agora o seu carma de conquistador. O invasor se vê invadido pelos povos
conquistados e os indianos na Inglaterra formam nova colônia, realizando
aquele desejo que os orientais têm de viver no ocidente. Moram em casas
confortáveis e se instalam em vários bairros do subúrbio de Londres,
mas voltam todos os anos à Índia para rever os costumes dos
antepassados ou buscar a noiva prometida pelos pais. Os casamentos são
realizados na Índia, com todas as comemorações festivas, mas a noiva vem
morar na Inglaterra, com a família do noivo, pois isto é o costume na Índia. Os
filhos são, de certo modo, a segurança para os pais durante a velhice, e moram
com eles na mesma casa, muitas vezes devido à necessidade econômica.
Recebem apoio dos avós e dos mais velhos, que ajudam na educação das crianças enquanto
as mães trabalham fora. Há o tempo de
ser sustentado pelos pais e o tempo de sustentar econômica e psicologicamente
os mais velhos.
Fomos convidadas a conhecer uma família indiana residente em Londres. A mulher
trabalha fora, no aeroporto, e o marido faz plantão no metrô subterrâneo, o
" underground" . Estão felizes com a nova pátria que adotaram e
o frio de Londres faz com que recordem também do frio de Punjab, estado do
norte da Índia, próximo aos Himalaias.
Marcamos encontro na entrada do "underground". Vieram nos receber num carro confortável, e a filha mais velha, estudante de universidade, vem conhecer os visitantes brasileiros. Os filhos rapazes usam turbante como o pai, os " sikhs" não mudam sua indumentária quando se estabelecem no Ocidente. O turbante é importante para identificá-los e para que se afirmem política e religiosamente como um grupo cultural da Índia.
Refletindo sobre a situação dos filhos dos imigrantes das ex-colônias britânicas, entrevistei Monica Keating, professora de arte da universidade da "Central England" que participou do Forum das Americas, a convite da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente no Retiro das Pedras, em um encontro informal onde ela descreveu com entusiasmo sua experiência em arte-educação da perspectiva de multiculturalismo. Coube a ela ensinar para aos filhos de imigrantes vindos do Caribe, Índia, Paquistão, Bangladesh que entraram na Inglaterra atendendo às necessidades de mão de obra para trabalho depois da 2a guerra mundial. Monica analisa a situação dos muçulmanos e negros Britânicos, isolados nos subúrbios das grandes cidades e considera o ensino da arte contemporânea, uma das formas de reduzir tal isolamento. A arte contemporânea permite a coexistência de diversas técnicas e manifestações culturais. Com isso, facilita na busca da identidade necessária ao desenvolvimento dos jovens. A situação da mulher na cultura muçulmana está evidente nas caixas da jovem Rubina, de 17 anos: "esta é a minha prisão", relata a artista em seu trabalho, uma caixinha com arabescos muçulmanos, hermeticamente trancada, contendo em seu interior detalhes de fatos onde o olhar é velado às mulheres.
Rasheed Araeen, jovem paquistanês, critica em suas obras o isolamento dos artistas não ocidentais, considerados exóticos. A pintura coletiva foi usada por Monica Keating, como forma de aproximar os jovens e quebrar o isolamento causado pela discriminação.
Entre as artistas citadas por Monica destaca-se Ana Maria Pacheco, brasileira famosa na Inglaterra, cujo trabalho vem influenciando os jovens estudantes da educação multicultural. No momento, o governo se preocupa com a discriminação racial, promovendo o multiculturalismo através da arte. Num mundo conturbado por guerras e terrorismo, a arte na educação levanta a sua proposta de paz.
Marcamos encontro na entrada do "underground". Vieram nos receber num carro confortável, e a filha mais velha, estudante de universidade, vem conhecer os visitantes brasileiros. Os filhos rapazes usam turbante como o pai, os " sikhs" não mudam sua indumentária quando se estabelecem no Ocidente. O turbante é importante para identificá-los e para que se afirmem política e religiosamente como um grupo cultural da Índia.
Refletindo sobre a situação dos filhos dos imigrantes das ex-colônias britânicas, entrevistei Monica Keating, professora de arte da universidade da "Central England" que participou do Forum das Americas, a convite da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente no Retiro das Pedras, em um encontro informal onde ela descreveu com entusiasmo sua experiência em arte-educação da perspectiva de multiculturalismo. Coube a ela ensinar para aos filhos de imigrantes vindos do Caribe, Índia, Paquistão, Bangladesh que entraram na Inglaterra atendendo às necessidades de mão de obra para trabalho depois da 2a guerra mundial. Monica analisa a situação dos muçulmanos e negros Britânicos, isolados nos subúrbios das grandes cidades e considera o ensino da arte contemporânea, uma das formas de reduzir tal isolamento. A arte contemporânea permite a coexistência de diversas técnicas e manifestações culturais. Com isso, facilita na busca da identidade necessária ao desenvolvimento dos jovens. A situação da mulher na cultura muçulmana está evidente nas caixas da jovem Rubina, de 17 anos: "esta é a minha prisão", relata a artista em seu trabalho, uma caixinha com arabescos muçulmanos, hermeticamente trancada, contendo em seu interior detalhes de fatos onde o olhar é velado às mulheres.
Rasheed Araeen, jovem paquistanês, critica em suas obras o isolamento dos artistas não ocidentais, considerados exóticos. A pintura coletiva foi usada por Monica Keating, como forma de aproximar os jovens e quebrar o isolamento causado pela discriminação.
Entre as artistas citadas por Monica destaca-se Ana Maria Pacheco, brasileira famosa na Inglaterra, cujo trabalho vem influenciando os jovens estudantes da educação multicultural. No momento, o governo se preocupa com a discriminação racial, promovendo o multiculturalismo através da arte. Num mundo conturbado por guerras e terrorismo, a arte na educação levanta a sua proposta de paz.
*Fotos da internet
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segunda-feira, 1 de setembro de 2014
VIAGEM AO CAMBOJA
Recebi do Dr Cid Veloso o relato de sua viagem ao
Camboja, que transcrevo abaixo:
“País muito antigo, relatando-se histórias de uma
época pré-histórica, de 5 séculos A.C. Em toda sua história, sempre teve muita
influência da Índia (hinduísmo e budismo).
Sistema político: monarquia parlamentar democrática;
não é comunista. O rei atual (Sihamoni) tem 61 anos, é budista, solteiro e foi
bailarino em Paris, não tendo vocação política.
Religião: 95% budistas; há 4.000 pagodas no país.
A colonização francesa ocorreu de 1864 a 1953. O
forte sentimento nacionalista, liderado pelo partido surgido na época – Partido
Popular Revolucionário do Kampuchea – apoiado pelo Vietnã, obrigou a França a
conceder a independência ao país em novembro de 1953, que foi declarada pelo rei Sihanouk. Após a
Guerra do Vietnã, em 1975, o Camboja foi dominado pelo movimento Khmer
Vermelho, liderado por Pol Pot e apoiado pela China, que pregava o maiosmo
radical; foi um regime violento, que resultou na morte de 1,7 milhões de
habitantes. O regime foi derrotado com ajuda dos vietnamitas, em 1979. Em 1993
foi restaurada a monarquia.
É o país mais pobre da Ásia e sua economia é baseada
no arroz, na indústria têxtil, borracha, óleo de palma e, atualmente, o turismo
está sendo o principal produto econômico (recebem 4 milhões de turistas por
ano; como referência, o Brasil recebe 6 milhões/ano). Foi descoberta reserva de
petróleo no fundo do mar, mas ainda em pequena escala, não exportando.
Possui o maior lago de água doce do sudeste da Ásia,
o Tonlé Sap: 3.000 km². de extensão. É o mais rico em peixes e fornece água
para o território da metade da população do Camboja; no lago moram 90.000
pessoas, que vivem em 170 vilas flutuantes. É considerado “Reserva da Biosfera”
pela UNESCO.
Phnom Penh , a capital do país, já foi considerada a
“pérola da Ásia”, tendo perdido o brilho após as seguidas guerras e revoluções,
estando agora se recuperando. O Palácio Real, com belos templos, especialmente
a pagoda de Prata, tem o chão coberto por 5.000 peças de prata e um sólido Buda
de Ouro
Neste momento atual, o ano budista é 2.558. O
Budismo prega 4 princípios: caridade, neutralidade, compaixão e misericórdia; o budista busca sempre dar e não receber. Budistas devem comer apenas 2 vezes ao
dia e dormir do lado direito. Nas estátuas, Buda adota 25 posições; alguns exemplos:
com uma mão para cima: perdão: com duas mãos para cima: paz; uma mão para baixo
e uma mão ao longo do corpo: vencer a batalha do mal.
ANGKOR , considerado Patrimônio da Humanidade pela
UNESCO. O parque dos templos possui 400 km². A beleza, a história
impressionante e a arquitetura imponente dos templos são difíceis de descrever.
Angkor – antiga Yashodharapura – foi o império mais
poderoso do sudeste da Ásia (compreendendo desde Myanmar até o Vietnã), em
torno do grande lago Tonlé Sap, quando foi capital do Camboja, no ápice da
civilização Khmer. Com o declínio do Império Khmer, Angkor foi abandonada,
sendo cercada e coberta pelas florestas tropicais do país. No final do século
19 missionários, pesquisadores e historiadores,
predominantemente franceses, iniciaram estudos na região, recuperando a
história e revelando a importância e a beleza dos templos. Somente na década de
90 do século passado foi iniciado o esforço governamental para desenvolver o
turismo baseado em Angkor. São 300 templos em Angkor, sendo os principais:
Angkor Wat, conjunto de Angkor Thom (Bayon,
Phnom Bakheng , Preah Kahn, Srah Srang, Ta Prohm, entre outros) e
Banteay Srei.
Angkor Wat (angkor = cidade; wat = templo) é o maior
templo religioso do mundo. Construído
durante 32 anos (1.113 a 1.145) por 300.000 trabalhadores e 8.000 artistas (na
época, havia cerca de 1 milhão de habitantes na região, quando Londres possuía
50.000 habitantes). As pedras foram trazidas de 70 km. de distância, utilizando
2.000 elefantes. Tem forma piramidal, com 3 níveis; 5 portas de entrada: uma
para o rei e depois outras para os funcionários, para os monges, para os ricos
e para o povo; apenas uma porta de saída, simbolizando que a morte iguala
todos. Há 4 serpentes com muitas cabeças, uma
em cada canto do templo, para proteção. Há um mural entalhado de 80
metros, com lendas de influência hindu: Mahabharata, Ramayana, criação do
mundo, e cenas de guerra com a eterna luta dialética entre os deuses e
demônios. Há 4 tanques em salas de recepção, dedicados aos 4 elementos: fogo,
ar, água e terra. Os 4 corredores são em forma de cruz, fazendo imaginar uma
identidade (arquétipo?) com o cristianismo.” (Cid Veloso, Diário de Viagem ao
Sudeste da Ásia)
*Fotos de Cid Veloso
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