Viemos
para este lugar maravilhoso, um oásis no meio da confusão de Benares. Estamos
alojadas num cotage, com uma varanda dando para um bosque. Lá embaixo o rio
Ganges continua trazendo as memórias dos conflitos das cidades e banhando de
paz as encostas, as praias e as diversas “Gates” onde os devotos de banham. Em
suas águas deposito as experiências, sejam elas boas ou más. O presente só me
fala de paz, compaixão, amor. Lembro-me do Dalai Lama – “os nossos inimigos são
os nossos maiores amigos, pois nos trazem problemas” e, sem problemas não
podemos crescer.
Os
problemas de Benares me trouxeram a Ragport, onde está situada a sede do K.T.
Aqui
a vivência do agora é tranquila, cheia de beleza. Aqui é o ponto de encontro de
viajantes, daqueles que caminham sozinhos, não pertencem a organizações. Vêm de
todas as partes do mundo. Krisnamurti foi realmente o mestre internacional.
Para ele não existia fronteiras; viajava do Oriente para o Ocidente espalhando
sua mensagem. Derrubava as divisões que separam os homens. “You are the world”,
dizia. Não existe separatividade entre o observador e a coisa observada. Se entrarmos
em união com o canto dos pássaros, com o verde da natureza, o rolar das águas,
o barulho das cidades, a massa humana passando nas ruas nas horas do “rush” nos
sentimos parte deste todo como participantes incógnitos da música coletiva.
Uma
indiana simpática nos recebeu. Chegamos cheias de malas e pacotes. Contei o
episódio do macaco e a decisão rápida de vir para aqui.
Krisnamurti
sempre tem sido o meu refúgio nas longas viagens. Ele foi o primeiro que teve a
coragem de romper com todos os “ismos”. Em 1974, comprei um livro de
Krisnamurti “A Primeira e Última Liberdade”. Achei-o no aeroporto de Belo
Horizonte e fui lendo o livro sem para até Brasília. Continuei lendo pela
madrugada até o dia amanhecer. Quando o sol foi surgindo rompendo as névoas da madrugada
abri a janela do quarto. Minha cabeça mudara, a minha percepção sensorial
aumentara.
A
partir desse dia a minha ligação com Krisnamurti se manifesta de forma
independente, sem pertencer a nenhum grupo, mas sempre encontrando por acaso os
meus irmãos espirituais, seja no Brasil ou na Índia. Eles me recebem com a
maior cordialidade. As portas se abrem, as divisões não existem. Nossa chegada
a Rajgath, a permanência neste cottage todo pintado de cores claras, com uma
varanda de onde escrevo ou desenho, o silêncio do bosque somente cortado pela
música da natureza, o vento, os pássaros cantando, as trepadeiras, os vasos de
flores e um pavão tranquilamente circulando por entre as árvores, tudo isto
constitui no momento o meu oásis. Aqui tenho possibilidade de estar só e
refletir.
*Fotos
da internet
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TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
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