segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

KRISHNAMURTI FOUNDATION VARANASI

  
Viemos para este lugar maravilhoso, um oásis no meio da confusão de Benares. Estamos alojadas num cotage, com uma varanda dando para um bosque. Lá embaixo o rio Ganges continua trazendo as memórias dos conflitos das cidades e banhando de paz as encostas, as praias e as diversas “Gates” onde os devotos de banham. Em suas águas deposito as experiências, sejam elas boas ou más. O presente só me fala de paz, compaixão, amor. Lembro-me do Dalai Lama – “os nossos inimigos são os nossos maiores amigos, pois nos trazem problemas” e, sem problemas não podemos crescer.
Os problemas de Benares me trouxeram a Ragport, onde está situada a sede do K.T.
Aqui a vivência do agora é tranquila, cheia de beleza. Aqui é o ponto de encontro de viajantes, daqueles que caminham sozinhos, não pertencem a organizações. Vêm de todas as partes do mundo. Krisnamurti foi realmente o mestre internacional. Para ele não existia fronteiras; viajava do Oriente para o Ocidente espalhando sua mensagem. Derrubava as divisões que separam os homens. “You are the world”, dizia. Não existe separatividade entre o observador e a coisa observada. Se entrarmos em união com o canto dos pássaros, com o verde da natureza, o rolar das águas, o barulho das cidades, a massa humana passando nas ruas nas horas do “rush” nos sentimos parte deste todo como participantes incógnitos da música coletiva.

Uma indiana simpática nos recebeu. Chegamos cheias de malas e pacotes. Contei o episódio do macaco e a decisão rápida de vir para aqui.
Krisnamurti sempre tem sido o meu refúgio nas longas viagens. Ele foi o primeiro que teve a coragem de romper com todos os “ismos”. Em 1974, comprei um livro de Krisnamurti “A Primeira e Última Liberdade”. Achei-o no aeroporto de Belo Horizonte e fui lendo o livro sem para até Brasília. Continuei lendo pela madrugada até o dia amanhecer. Quando o sol foi surgindo rompendo as névoas da madrugada abri a janela do quarto. Minha cabeça mudara, a minha percepção sensorial aumentara.
A partir desse dia a minha ligação com Krisnamurti se manifesta de forma independente, sem pertencer a nenhum grupo, mas sempre encontrando por acaso os meus irmãos espirituais, seja no Brasil ou na Índia. Eles me recebem com a maior cordialidade. As portas se abrem, as divisões não existem. Nossa chegada a Rajgath, a permanência neste cottage todo pintado de cores claras, com uma varanda de onde escrevo ou desenho, o silêncio do bosque somente cortado pela música da natureza, o vento, os pássaros cantando, as trepadeiras, os vasos de flores e um pavão tranquilamente circulando por entre as árvores, tudo isto constitui no momento o meu oásis. Aqui tenho possibilidade de estar só e refletir.

*Fotos da internet

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