Quando estava na Índia, falaram-me de um vidente que
lia em folhas de palmeira o destino e a missão de cada um de nós na Terra.
Naquela ocasião eu conduzia um grupo de turistas brasileiros, todos
interessados no misticismo da Índia.
Quem é que não gostaria de saber o que veio fazer
aqui? Nascemos, crescemos, morremos, todos nós participamos deste plano
cósmico, às vezes apostando no desconhecido e outras vezes tentando dirigir o destino. A sugestão nos
foi dada por Dominique, nossa grande amiga em Bangalore.
“O vidente mora a meia hora daqui, nos arredores da
cidade. É bom tomar um taxi ou um auto-rickshaw para chegar até lá.”
A viagem foi divertida, vendo a paisagem desfilar lá
fora, o vento nos batendo no rosto. O sul da Índia é cheio de palmeiras como o
nordeste brasileiro e parecia incrível que o vidente conservasse uma biblioteca
de folhas de palmeira para ajudar as pessoas a se posicionarem. Pareceu-me à
primeira vista o oráculo do I Ching, livro de adivinhações da antiga China. Eu
mesma consultei o I Ching várias vezes
antes de viajar para a Índia. Segundo o I Ching, todo ser humano possui um
universo paralelo, com as respostas
invisíveis para situações visíveis. De acordo com a direção tomada mudamos
nosso destino. Assim, eu muitas vezes consultei o I Ching quando escrevia o meu
livro “Os Caminhos da Arte” e acho que apostei certo. Enquanto pensava no I
Ching, viajava saculejando pelas estradas , num carrinho de 3 rodas. A casinha
do vidente era simples, uma sala pequena onde nos acomodamos . O vidente
chamava as pessoas por ordem de chegada. Depois de meia hora, também fui
conduzida para um quartinho meio escuro, onde ele me recebeu amigavelmente. O
vidente tinha uma biblioteca de folhas de palmeira com todos os dias do ano. Aquelas
folhas eram para ele uma espécie de horóscopo.
“Olha aqui, me disse ele, estou vendo uma comunidade
de arte e meditação, situada em terras herdadas de seu marido. Vai ser
desenvolvido um trabalho junto à população local e este trabalho será importante
para o crescimento social, artístico e espiritual daquela região. Este é o
trabalho a ser estimulado por você e seus filhos.”
Saí de lá pensando na nossa fazendinha em Entre Rios
de Minas. Pensei no Artur com seu grupo ligado ao Instituto Gurdieff e no Euler
com as hortas orgânicas, que beneficiam e conscientizam as pessoas sobre uma
alimentação sem as poluições vindas dos produtos agrotóxicos.
Quando fomos consultar o vidente de Bangalore em
1991, nunca podíamos imaginar que anos depois a nossa família teria a
iniciativa de criar o IMHA, Instituto Maria Helena Andrés, voltado para o
desenvolvimento humano através de ações culturais e sociais, beneficiando
centenas de pessoas em Entre Rios e entorno.
Atualmente o IMHA funciona em Belo Horizonte,
desenvolvendo trabalhos de pesquisa e conservação da minha obra, bem como estimula intercâmbios
culturais e artísticos com outros países.
Fotos de Maria Helena Andrés e da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG "MINHA VIDA DE ARTISTA", CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
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