quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O VIDENTE DE BANGALORE

Quando estava na Índia, falaram-me de um vidente que lia em folhas de palmeira o destino e a missão de cada um de nós na Terra. Naquela ocasião eu conduzia um grupo de turistas brasileiros, todos interessados no misticismo da Índia.
Quem é que não gostaria de saber o que veio fazer aqui? Nascemos, crescemos, morremos, todos nós participamos deste plano cósmico, às vezes apostando no desconhecido e outras vezes  tentando dirigir o destino. A sugestão nos foi dada por Dominique, nossa grande amiga em Bangalore.
“O vidente mora a meia hora daqui, nos arredores da cidade. É bom tomar um taxi ou um auto-rickshaw para chegar até lá.”
A viagem foi divertida, vendo a paisagem desfilar lá fora, o vento nos batendo no rosto. O sul da Índia é cheio de palmeiras como o nordeste brasileiro e parecia incrível que o vidente conservasse uma biblioteca de folhas de palmeira para ajudar as pessoas a se posicionarem. Pareceu-me à primeira vista o oráculo do I Ching, livro de adivinhações da antiga China. Eu mesma consultei o I Ching  várias vezes antes de viajar para a Índia. Segundo o I Ching, todo ser humano possui um universo  paralelo, com as respostas invisíveis para situações visíveis. De acordo com a direção tomada mudamos nosso destino. Assim, eu muitas vezes consultei o I Ching quando escrevia o meu livro “Os Caminhos da Arte” e acho que apostei certo. Enquanto pensava no I Ching, viajava saculejando pelas estradas , num carrinho de 3 rodas. A casinha do vidente era simples, uma sala pequena onde nos acomodamos . O vidente chamava as pessoas por ordem de chegada. Depois de meia hora, também fui conduzida para um quartinho meio escuro, onde ele me recebeu amigavelmente. O vidente tinha uma biblioteca de folhas de palmeira com todos os dias do ano. Aquelas folhas eram para ele uma espécie de horóscopo.
“Olha aqui, me disse ele, estou vendo uma comunidade de arte e meditação, situada em terras herdadas de seu marido. Vai ser desenvolvido um trabalho junto à população local e este trabalho será importante para o crescimento social, artístico e espiritual daquela região. Este é o trabalho a ser estimulado por você e seus filhos.”
Saí de lá pensando na nossa fazendinha em Entre Rios de Minas. Pensei no Artur com seu grupo ligado ao Instituto Gurdieff e no Euler com as hortas orgânicas, que beneficiam e conscientizam as pessoas sobre uma alimentação sem as poluições vindas dos produtos agrotóxicos.
Quando fomos consultar o vidente de Bangalore em 1991, nunca podíamos imaginar que anos depois a nossa família teria a iniciativa de criar o IMHA, Instituto Maria Helena Andrés, voltado para o desenvolvimento humano através de ações culturais e sociais, beneficiando centenas de pessoas em Entre Rios e entorno.
Atualmente o IMHA funciona em Belo Horizonte, desenvolvendo trabalhos de pesquisa e conservação  da minha obra, bem como estimula intercâmbios culturais e artísticos com outros países.


Fotos  de Maria Helena Andrés e da internet

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG "MINHA VIDA DE ARTISTA", CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA

Nenhum comentário:

Postar um comentário