segunda-feira, 27 de junho de 2016

UMA FOTÓGRAFA AMADORA

Comprei uma máquina digital no free-shop e me senti a própria fotógrafa. A partir daquele momento me foi desvendada uma nova versão da vida. Paisagens, figuras passaram a fazer parte do meu dia a dia, anotando cenas de viagem, encontro com os netos na Europa, retorno ao Brasil. 

A pequena máquina quase não pesava nada, desaparecia dentro da bolsa, tudo dentro dela era pequeno, parecia brinquedo de criança. Passei a ser criança, vendo as coisas como se fossem pela primeira vez. Desvendei a beleza dos céus de Minas, as montanhas que prolongam o horizonte a perder de vista, o por do sol, as nuvens desenhando figuras no fundo azul. Descobri a alegria de criar sem nenhum objetivo, apenas curtir o momento.

 Já escrevi um dia que a fotografia é a arte do aqui e agora. Se a gente perde o momento, ele se dilui no tempo, não existe mais.

Um dia saí para fazer minha caminhada no Retiro e não levei a máquina. Lá no alto do morro, perto da capela, parei para ver a paisagem. Uma nuvem brilhante atravessava o horizonte como uma enorme flecha no espaço. Era preciso fotografar aquela beleza de nuvem, corri para casa afim de pegar a máquina fotográfica. Quando voltei, a nuvem já tinha ido embora....

Enquanto caminhava de volta para casa, vim refletindo sobre a efemeridade de uma nuvem; ela aparece, mostra sua beleza, depois se transforma e some, não fica posando para fotografias.

Fotos de Maria Helena Andrés

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