Comprei uma máquina digital no free-shop e me senti
a própria fotógrafa. A partir daquele momento me foi desvendada uma nova versão
da vida. Paisagens, figuras passaram a fazer parte do meu dia a dia, anotando
cenas de viagem, encontro com os netos na Europa, retorno ao Brasil.
A pequena
máquina quase não pesava nada, desaparecia dentro da bolsa, tudo dentro dela
era pequeno, parecia brinquedo de criança. Passei a ser criança, vendo as
coisas como se fossem pela primeira vez. Desvendei a beleza dos céus de Minas,
as montanhas que prolongam o horizonte a perder de vista, o por do sol, as
nuvens desenhando figuras no fundo azul. Descobri a alegria de criar sem nenhum
objetivo, apenas curtir o momento.
Já escrevi um dia que a fotografia é a arte
do aqui e agora. Se a gente perde o momento, ele se dilui no tempo, não existe
mais.
Um dia saí para fazer minha caminhada no Retiro e
não levei a máquina. Lá no alto do morro, perto da capela, parei para ver a
paisagem. Uma nuvem brilhante atravessava o horizonte como uma enorme flecha no
espaço. Era preciso fotografar aquela beleza de nuvem, corri para casa afim de
pegar a máquina fotográfica. Quando voltei, a nuvem já tinha ido embora....
Enquanto caminhava de volta para casa, vim
refletindo sobre a efemeridade de uma nuvem; ela aparece, mostra sua beleza, depois
se transforma e some, não fica posando para fotografias.
Fotos de Maria Helena Andrés
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE
ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
Nenhum comentário:
Postar um comentário