Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
ENCONTRO COM OS TIBETANOS
“Om Mani pad me hung”, é o mantra repetido 108 vezes
pelos budistas tibetanos quando desfiam seu rosário. O mantra tem força e ajuda
no encontro do homem consigo mesmo, com seu vazio interno. Os tibetanos buscam
o estado do vazio, comum a todos os outros seguidores de Buda, através do
estímulo aos sentidos externos, despertando os ouvidos com mantras, sons de
tambores, sinos, visualizando esculturas e pinturas, repetindo sutras e usando
5 cores para as suas bandeiras, que representam os 5 elementos da matéria.
Através das cores balançando ao vento, amarradas em postes de madeira, os 5
elementos são relembrados.
Estamos no alto de um mosteiro em Pokhara e quem nos
acompanha é um tibetano de meia idade.
“Quando os chineses invadiram o Tibet, tivemos de
fugir pelas estradas para escapar à morte. Meus pais foram fuzilados e eu atravessei a fronteira para me fixar
neste lugar. Tenho mulher e 3 filhos e vivo de vender objetos, artesanato e bijuterias
de prata.”
“O Tibete é um país lindo, mas tivemos de fugir e
nos refugiar na Índia e no Nepal.” Sherap mora no Nepal desde 1959.
Os refugiados vivem em comunidades, vendem objetos
de prata trabalhados, pulseiras com arabescos e mantras. Falam pouco e têm
dificuldade no inglês.
Dalai Lama tinha na época 25 anos, refugiou-se em
Daramsala, na Índia, de onde dirige os vários mosteiros. É o papa do budismo
tibetano e sua sabedoria se espalha pelo mundo.
Quando as terras foram invadidas, alguns lamas
quiseram defendê-las, mas a filosofia budista é contrária às guerras. Os lamas
preferiram fugir pelas montanhas, a pé, carregando às costas alguns objetos
sagrados.
Agora a comunidade tibetana faz parte do Nepal e,
paradoxalmente, este episódio de conquista contribuiu para a difusão do budismo
no Ocidente.
O budismo não é considerado uma religião, mas um
modo de viver correto, um caminho para a libertação do ego e seus conflitos.
O objetivo é tornar as pessoas conscientes de si
mesmas. Os lamas tibetanos buscam trazer luz aos conflitos internos do ser
humano, estudando a fundo a natureza da mente.
Assistimos a uma aula de budismo no centro Marpa
Institute de Bouddanath, comunidade tibetana de Katmandu.
Khenpo Tsultin Gyantso Rimpoche falou das mudanças
como forma de conscientização da impermanência. Não existe nada fixo, de
momento em momento estamos mudando. Quando tentamos segurar um momento, ele já
desapareceu no vazio. A compreensão da impermanência, esta não existência das
coisas, faz superar apegos e transcender o sofrimento e a morte.
Hoje, contemplando os himalaias do alto do terraço
do hotel, vejo um grande número de meninos vestidos de mantos púrpura, que se
preparam para a vida monástica.
De modo geral, as famílias no Tibet sempre tiveram o
costume de entregar seu primeiro filho ao monastério. Apesar das dificuldades
enfrentadas no exílio, este costume ainda é mantido e pode se ver grande número
de meninos lamas em miniatura, dedicando-se ao aprendizado do budismo.(Trecho do
meu livro “Encontro com mestres no Oriente”)
*Fotos da internet
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segunda-feira, 14 de novembro de 2016
BOUDDHANATH, COMUNIDADE TIBETANA
Voltei à comunidade tibetana em busca do mestre que
me iniciou no Budismo em 1978. Chegamos no dia da celebração de Dharma Buda.
Frente à grande stupa branca, panos coloridos, impressos com sutras budistas,
balançavam ao vento. Passamos por uma multidão , acotovelando-se no mercado em
frente, onde os artesãos vendiam tapetes e bijuterias. Ignorando por completo a
aglomeração de pessoas, vacas, carros e bicicletas, velhos tibetanos
continuavam a fazer suas práticas diárias. Repetiam mantras, desfiando um
rosário de contas de sândalo denominado “mala” e rodeavam a stupa cento e oito
vezes, prostrando-se no chão em atitude de reverência.
Thrangu Rimpoche dava aulas de budismo e meditação e
continua recebendo os visitantes com o
mesmo sorriso franco de antigamente. A função do lama é abrir a consciência das
pessoas e tirá-las da ignorância.
“A hesitação de Buda de ensinar até que lhe pediram
com sinceridade para fazê-lo, enfatiza uma importante característica
disseminada em seus ensinamentos. Eles nunca são impostos aos outros contra a
sua vontade.
‘Estes ensinamentos são fantásticos! Por que vocês
não vêm juntar-se a nós?’
Também não envia discípulos às ruas para convencer
as pessoas de que são infelizes, oferecendo a salvação às que quiserem
juntar-se à eles. Os ensinamentos de Buda nunca foram apresentados dessa
maneira e a tradição tibetana ainda segue o costume de esperar até que alguém
peça para receber os ensinamentos”(Yeshe, Lama Thubten, Ensinamentos do Budismo
Tibetano)
A sabedoria dos lamas atravessa fronteiras e a
figura do Dalai Lama é respeitada pelo mundo todo. Lembrei-me do Dalai Lama no
Brasil, na Eco-92, falando sobre ecologia para milhares de pessoas dos diversos
países do mundo.
Em Bouddanath, no silêncio de um pequeno quarto de
mosteiro, Thrangu Rimpoche nos perguntava sobre o Brasi,l a floresta Amazônica
e o meio ambiente. Os lamas enxergam de forma muito ampla o sofrimento do mundo
e as consequências da ambição dos seres humanos, que destroem impiedosamente, a
natureza e que poluem o meio ambiente. Estão vendo de perto a poluição de
Kathmandu. O vale, anteriormente procurado por sua qualidade de vida, cada vez
mais mergulha na poluição. (Trecho do meu livro “Encontro com mestres no Oriente”)
*Fotos da internet
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segunda-feira, 7 de novembro de 2016
DALAI LAMA
Dalai Lama , o principal líder do Budismo Tibetano,
tinha apenas 15 anos quando o seu país foi ocupado pelos chineses. Naquela
ocasião, vendo suas terras serem invadidas, alguns lamas quiseram defendê-las.
Mas a filosofia budista é contrária às guerras e os lamas preferiram escapar a
pé pelas montanhas geladas, carregando às costas alguns objetos sagrados.
Agora, as comunidades tibetanas fazem parte do Nepal e da Índia e,
paradoxalmente, esse episódio de conquista contribuiu para a difusão do Budismo
no Ocidente. Os lamas tibetanos buscam trazer luz aos conflitos internos do ser
humano, estudando a fundo a natureza da mente.
O Budismo propõe um modo de viver correto, um
caminho para a Libertação dos conflitos. O objetivo é tornar as pessoas
conscientes de si mesmas.
Dalai Lama nos conduz, através de sua palavra, a
conscientizar a interdependência de todas as coisas. “Todos os fenômenos, desde
o planeta em que vivemos até os oceanos, nuvens, florestas e flores que nos
cercam, ocorrem por dependência aos delicados modelos de energia. Sem suas
apropriadas interações, eles se desfazem e caem” (1)
Compreender a interdependência de todas as coisas é
compreender a Unidade e naturalmente desenvolver um dos princípios básicos do
Budismo: Amor e Compaixão por tudo e por todos. Esta atitude deve se estender
também aos nossos inimigos. “Portanto, se nós desejamos realmente aprender,
deveríamos considerar os nossos inimigos como nossos melhores professores” (2).
Eles nos ensinam dando-nos os problemas e, portanto,
oferecendo-nos a oportunidade de alcançarmos o conhecimento.
Dalai Lama esteve no Rio de Janeiro, participando do
encontro de todas as religiões, durante a Eco-92. Sua proposta de Paz
estende-se a todos os seres humanos. “Não é necessário pertencer a nenhuma
seita, mas apenas desenvolver dentro de nós Amor e Compaixão” (3).
As palavras de Dalai Lama conduziram-nos a um plano de consciência além
da mente e das divisões religiosas, para alcançar um espaço vazio de nomes e
formas e apenas ocupado pelo sentimento de Amor por tudo e por todos. (Trecho
do livro de minha autoria “Encontro com mestres no Oriente”)
1, 2 e 3 :Tenzin Gyatso – O Dalai Lama. “A compaixão
e o indivíduo”
*Fotos da internet
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