Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
sexta-feira, 22 de junho de 2018
VASANT VIHAR
Nas minhas
anotações de viagem, encontrei este pequeno texto, que se refere a Vasant
Vihar, Fundação Krishnamurti em Chenai. Acho oportuno colocá-lo agora, dando
continuidade ao texto de Fernando Guedes.
A
permanência neste espaço onde viveu Krishnamurti significa a grande benção da
viagem. A gentileza da acolhida, o pequeno “cottage” onde estamos hospedadas,
permitindo momentos de reflexão e estudo, estão nos trazendo a necessária paz
para seguir para o norte.
Estes 4 dias estão sendo aproveitados para estudo e
repouso. Minha filha sai todas as tardes afim de recolher informações sobre sua
pesquisa de música devocional.
Hoje, Mrs Saraswati, a jovem educadora
encarregada da programação dos diversos cursos, sentou-se conosco frente à sua
casa. Ensinou-nos canções de roda de crianças indianas, nas diversas línguas:
híndi, telugu, malayana, bengali, kanadá.
Esquilos
subiam apressados pelas árvores em frente, e os corvos acompanhavam o som das
cantigas como se fossem também crianças.
Ser criança
é estar aberto para viver o momento, e o momento é sempre uma cantiga de roda,
em qualquer língua, em qualquer país.
*Fotos da
internet
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segunda-feira, 11 de junho de 2018
DIÁRIO DE VIAGEM À ÍNDIA, FERNANDO GUEDES I
Em 1990, organizamos um pequeno grupo com a finalidade
de visitar a Índia de forma não turística. Éramos 4 pessoas, todas interessadas
em conhecer comunidades espiritualistas. Nosso grupo era formado por Marília Paleta,
professora de Yoga, Ana Araújo, médica Antroposófica e Fernando Guedes,
filósofo e Teosofista. Eu fiquei como orientadora do grupo, já que fizera
muitas viagens àquele país.
Recentemente, revendo as anotações de viagem,
encontrei o Diário escrito por Fernando Guedes. Pedi-lhe a permissão de
publicar alguns textos, que seguem abaixo.
“Acabo de vir de um passeio pelos jardins da Fundação Krishnamurti.
Os pássaros começavam a se recolher, alguns ainda ciscando o gramado da frente.
Um esquilo desceu de uma árvore bem à minha frente. Uma paz muito grande na
hora do Ângelus.
Hoje Marília Paleta e Maria Helena foram visitar
alguns templos fora da cidade pela manhã. Lembro-me de quando perguntaram a
Krishnamurti, durante uma palestra na Índia, se ele era contra ou a favor da
presença dos “intocáveis” nos templos hinduístas. Sua resposta foi : “Não
deveria haver templos!”. Às vezes me parece que, no fundo, os gurus e
Krishnamurti falam sobre a mesma coisa. Só que os gurus lançam mão de uma
linguagem mítica e tradicional; e Krishnamurti, de uma linguagem psicológica e
factual, mais de acordo com as necessidades do mundo atual.
Tenho
estado em permanente contato com Krishnamurti, através de livros, vídeos e
conversas. Mas às vezes me pergunto se suas abordagens não perdem um pouco da
beleza e da poesia do Bhakti Yoga (o Yoga da devoção). Senti muita beleza nos
cânticos em Ganeshpuri e em toda a ambiência por lá. Para muitas pessoas isto é
muito importante e, para mim, também o foi, ainda que não me considere um devoto.
Bom, o próprio Krishnamurti nos convidou a questioná-lo e não segui-lo cegamente.
É o que estou fazendo neste momento...” (Sobre a Fundação Krishnamurti)
“Voltamos ontem às 22 horas da apresentação “Dance
Drama”, Panchali Sapatham, no
Kalakshetra. Foi apresentado em 5 atos, mais de duas horas de espetáculo, e
conta a história do Mahabharata. É um misto de teatro, pantomima e dança. É
dançado com todo o corpo. O que nos chama a atenção são os movimentos da
cabeça, dos olhos e, principalmente das mãos, os mudras, que têm um significado
para cada movimento de expressão.
A escola foi fundada por Rukmini Devi, falecida em
1986, casada com George Arundale, um dos líderes da Sociedade Teosófica.
Pode-se dizer que a SociedadeTeosófica produziu dois grandes presentes para o
mundo: Krishnamurti e o Kalakshetra.” (Sobre a Escola de Dança Kalakshetra)
“Hoje cedo, finalmente, estivemos em Auroville. É um
projeto internacional em andamento. Não chega a ser uma cidade . Parece que a
preocupação é não fazer uma cidade como as demais. As casas estão espalhadas
numa imensa área. Morar aqui envolve um total envolvimento com a ideia do
projeto. Caso contrário, a pessoa não encontra a necessária motivação. Mas para
quem fica é uma bênção. O ponto alto do projeto é o Matrimandir em construção.
É o
centro, o ponto focal e de irradiação de luz para toda
a comunidade. Tirei muitas fotos do Matrimandir e de sua vizinhança para
ilustrar a nossa visita. Auroville é uma experiência de vida comunitária para o
próximo século, para a humanidade futura. A vida espiritual é o centro de todas
as atividades. É o que o Matrimandir simboliza.” (Sobre Auroville)
*Fotos da internet
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segunda-feira, 4 de junho de 2018
VIAGEM DE TREM - ÍNDIA
Retirei do meu diário de viagens à Índia, o relato abaixo:
"Cinco horas da
madrugada em Jaipur. Deveríamos tomar o trem das 5 e meia, reservado na
véspera.
Avisaram-nos:
“Tomem assento “na marra”. A lei é de quem grita mais alto”
That’s
Índia!
Chegamos sem
lugar certo. Só aquele “puleiro” sem janelas, compartimento reservado às malas
ou aos sacos de batatas.
No escuro da
madrugada, o primeiro impacto da falta de conforto.
A
necessidade de transporte é muito grande e os mais pobres querem viajar nem que
seja sobre o teto do trem.
Um homem
alto, barba grisalha se aproximou. Pelas características, deveria ser
muçulmano. Alojou-nos em sua cabine. Foram 10 horas de viagem, o suficiente
para descobrir que somos todos irmãos. Não existe separatividade nem de raça,
nem de credo.
A Índia nos
possibilita conscientizar esta unidade. Ficamos amigos. Ele veio de longe, de
Calcutá. Viaja com o filho, a nora e o neto e reservou 2 cabines, uma para a
família, a outra para ele. É comerciante e chama-se Sarail.
Duas heranças
importantes que os ingleses deixaram na Índia: as estradas de ferro e a língua
inglesa." ( Trecho de viagem à Índia, anos 90)
No Brasil,
as estradas de ferro foram desativadas na década de 50, dando lugar às estradas
de rodagem.
Elas
permaneceram apenas para transporte, na maioria das vezes, de minério de ferro.
Nossas
fazendas são cortadas por estradas de ferro, que levam nossas montanhas para
outras terras.
*Fotos da
internet
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