segunda-feira, 11 de junho de 2018


DIÁRIO DE VIAGEM À ÍNDIA, FERNANDO GUEDES I

Em 1990, organizamos um pequeno grupo com a finalidade de visitar a Índia de forma não turística. Éramos 4 pessoas, todas interessadas em conhecer comunidades espiritualistas. Nosso grupo era formado por Marília Paleta, professora de Yoga, Ana Araújo, médica Antroposófica e Fernando Guedes, filósofo e Teosofista. Eu fiquei como orientadora do grupo, já que fizera muitas viagens àquele país.
Recentemente, revendo as anotações de viagem, encontrei o Diário escrito por Fernando Guedes. Pedi-lhe a permissão de publicar alguns textos, que seguem abaixo.

“Acabo de vir de um passeio pelos jardins da Fundação Krishnamurti. Os pássaros começavam a se recolher, alguns ainda ciscando o gramado da frente. Um esquilo desceu de uma árvore bem à minha frente. Uma paz muito grande na hora do Ângelus.
Hoje Marília Paleta e Maria Helena foram visitar alguns templos fora da cidade pela manhã. Lembro-me de quando perguntaram a Krishnamurti, durante uma palestra na Índia, se ele era contra ou a favor da presença dos “intocáveis” nos templos hinduístas. Sua resposta foi : “Não deveria haver templos!”. Às vezes me parece que, no fundo, os gurus e Krishnamurti falam sobre a mesma coisa. Só que os gurus lançam mão de uma linguagem mítica e tradicional; e Krishnamurti, de uma linguagem psicológica e factual, mais de acordo com as necessidades do mundo atual.
Tenho estado em permanente contato com Krishnamurti, através de livros, vídeos e conversas. Mas às vezes me pergunto se suas abordagens não perdem um pouco da beleza e da poesia do Bhakti Yoga (o Yoga da devoção). Senti muita beleza nos cânticos em Ganeshpuri e em toda a ambiência por lá. Para muitas pessoas isto é muito importante e, para mim, também o foi, ainda que não me considere um devoto. Bom, o próprio Krishnamurti nos convidou a questioná-lo e não segui-lo cegamente. É o que estou fazendo neste momento...” (Sobre a Fundação Krishnamurti)

“Voltamos ontem às 22 horas da apresentação “Dance Drama”, Panchali Sapatham, no Kalakshetra. Foi apresentado em 5 atos, mais de duas horas de espetáculo, e conta a história do Mahabharata. É um misto de teatro, pantomima e dança. É dançado com todo o corpo. O que nos chama a atenção são os movimentos da cabeça, dos olhos e, principalmente das mãos, os mudras, que têm um significado para cada movimento de expressão.
A escola foi fundada por Rukmini Devi, falecida em 1986, casada com George Arundale, um dos líderes da Sociedade Teosófica. Pode-se dizer que a SociedadeTeosófica produziu dois grandes presentes para o mundo: Krishnamurti e o Kalakshetra.” (Sobre a Escola de Dança Kalakshetra)

“Hoje cedo, finalmente, estivemos em Auroville. É um projeto internacional em andamento. Não chega a ser uma cidade . Parece que a preocupação é não fazer uma cidade como as demais. As casas estão espalhadas numa imensa área. Morar aqui envolve um total envolvimento com a ideia do projeto. Caso contrário, a pessoa não encontra a necessária motivação. Mas para quem fica é uma bênção. O ponto alto do projeto é o Matrimandir em construção. É o
centro, o ponto focal e de irradiação de luz para toda a comunidade. Tirei muitas fotos do Matrimandir e de sua vizinhança para ilustrar a nossa visita. Auroville é uma experiência de vida comunitária para o próximo século, para a humanidade futura. A vida espiritual é o centro de todas as atividades. É o que o Matrimandir simboliza.” (Sobre Auroville)

*Fotos da internet

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