Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
ANIVERSÁRIO NA QUARENTENA
98 anos
Passados em quarentena.
Eu no Retiro das Pedras
E cada um no seu quadrado.
Me lembro
Que no ano passado
A festa foi no gramado.
Hoje, com a pandemia
O aniversário é à distância.
Cada um parte o seu bolo
E come o seu pedaço.
Gente de todos os cantos
Do Brasil e do exterior.
De São Paulo, do Rio, de Brasília, de Entre
Rios
Dos EUA e até de Portugal.
Interessante ver como as pessoas
estavam presentes
Apesar de ausentes.
Ausência física, presença virtual.
Caracteriza o novo normal.
Foi possível ver pessoas
Que há muito tempo eu não via.
Chegaram vídeos dos bisnetos.
De repente uma surpresa:
Aqui no Retiro das Pedras
Um bando de pequenos mascarados
Para ver a bisavó.
Todos ficaram felizes e
Ajudaram a bisa a soprar as velinhas.
E eu me lembrava do vídeo
Dos meus bisnetos
Pulando na piscina,
Espalhando água por todo lado e
gritando :
“Bisa, bisa, viva a Bisa!”
FOTOS DE ARQUIVO
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domingo, 2 de agosto de 2020
COM SEMENTE, COM SABOR
Recebi de Euler Andrés o texto que transcrevo abaixo:
“Hoje, vendo esta foto de quando eu
era criança, me lembrei de um pé “franco” de laranja campista que havia aí ao
fundo, no jardim da fazenda. Pé franco é como chamamos as árvores que não são
enxerto. São provenientes de sementes. Embora comecem a produzir bem mais
velhas, elas persistem por muito mais tempo, com frutas mais saborosas e sempre
cheias de sementes.
Com o tempo, a quantidade de sementes
foi decaindo e junto diminuiu o sabor das laranjas. Naquela época era comum a
laranja cravo, que tinha o interior bem avermelhado e um sabor maravilhoso
entre a tangerina e a laranja. Tinha tanta semente que a gente chupava e
brincava de metralhadora. Nunca mais vi esta variedade.
Meu pai era um grande apreciador de
laranjas e plantou 2 hectares com todos os tipos que existiam na época. A última
novidade era a laranja pera-natal, variedade que produzia no verão. Me lembro
da laranja seleta, enorme e com casca grossa, ótima para fazer doce. A laranja
da terra, com sumo que anestesiava a boca como o jambu. Lima de bico, que tinha
este nome por causa do formato, lembrando um bico de mamadeira. O limão doce
tinha o interior da cor de limão, com sabor suave e perfumado. A laranja bahia
com seu umbiguinho de fora e a serra d'água, dulcíssima, talvez sejam as poucas
que encontramos atualmente depois do domínio da laranja pera.
A rainha do sabor era a laranja
campista, que ainda possuía uma casca semi grossa, muito boa para aprender a
descascar. Descascar laranja era uma arte muito apreciada na época. Quando
consegui fazer aquela serpentina completa, do talo a ponta sem romper e sem
ferir a laranja, meu pai me deu um prêmio: meu primeiro canivete. Foi um rito
de passagem. Lembro de tudo isso com o aroma da laranja campista no olfato. E
muitas sementes na boca.” (Euler Andrés)
*Fotos de arquivo
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