O Rio de Janeiro continua lindo...
Tudo em paz, apesar da guerra anunciada pelos jornais e emissoras. A bandeira do Brasil e do Rio foi hasteada no alto do complexo do Alemão, acuando os traficantes. Conseguimos chegar normalmente do Galeão até o Leblon, com trânsito aberto, sem aglomerações. Viemos para o casamento de Francisca, filha do Pedro e Eugênia. Casa-se com Marcelo,seu noivo, com quem já vivia há 8 anos.
Com isto eles tiveram mais tempo para se conhecerem e construírem as bases de um casamento mais sólido.
O casamento foi celebrado com a maior originalidade, debaixo das árvores de uma casa de eventos em Botafogo.Parecia um quadro de Boticelli, com pétalas espalhadas pelo chão. Foi comovente o desfile de crianças com flores na cabeça e as palavras de amor que os noivos leram na hora da solenidade.
Nos aloés de uma casa antiga, datada de 1886, houve festa até altas horas da noite. Todo mundo dançou, inclusive eu.
No dia seguinte fui visitar meus bisnetos, filhos de Luiz e Nádia, cada um mais lindo do que o outro. Relembramos a festa, o buquê da noiva, amarrada no lustre de cristal e a filha do Evandro montada nos ombros do Mauro, tentando desembaraçar o buquê. Conseguiu mas não ficou com ele, as moças reclamaram, pois ela era muito pequena para casar. Quem ganha o buquê é a primeira a casar.
Agora, sentada na varanda do apartamento de Maria Regina, aproveito para recordar seu passado em Belo Horizonte.
Muita coisa aconteceu com esta minha irmã mais jovem, que na realidade poderia até ser minha filha. Lembro-me de Maria Regina pequenininha, cabelo todo cacheado, vestida como uma boneca. Eu e Lourdes passeávamos com ela de carrinho, por Belo Horizonte.
Maria Regina conheceu Azulino, seu marido, num passeio de ônibus no Rio de Janeiro. Os dois se conheceram por acaso e o destino se encarregou de programar uma nova história para eles.
Agora, relembramos os dias em Belo Horizonte , anteriores ao seu casamento.
Segue um depoimento de Maria Regina:
“Morávamos na rua Santa Rita Durão esquina com Ceará. De nossa cozinha podíamos ver os fundos da casa onde morava a D. Naná, irmã de Juscelino Kubitchek. Eram os dois irmãos, Naná e Nonô. Ali o movimento era grande quando JK chegava em Belo Horizonte.
O portão da garagem da casa dava para a rua Ceará, onde eu passeava de bicicleta. D. Júlia, mãe de Juscelino ficava no portão, tomando conta das crianças. Dava palpites: “Fala com sua mãe para mandar cortar a sua franja, porque ela está impedindo você de enxergar, deste jeito você pode cair da bicicleta.”
Com estas observações ela se tornou nossa amiga.
Um dia a casa ganhou grande animação. Juscelino era o novo presidente do Brasil e Belo Horizonte se levantou para homenageá-lo.
Houve uma carreata até a praça da Estação e fomos convidados a subir no carro, de capota aberta, era impossível recusar. Entusiasmada, subi no carro com todos os políticos para cantar junto com eles:
“Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria.
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua
Sem a tua
Sem a tua companhia...”
Maria Regina continua seu depoimento:
“Ali, na companhia dos políticos, as crianças também estavam celebrando a vitória de nosso presidente mineiro.
Até hoje me lembro da euforia de seguir dentro de um carro aberto, cantando pelas ruas de Belo Horizonte. E também me lembro do pito que recebi de papai porque desapareci da casa sem ninguém saber onde eu estava.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário