sexta-feira, 18 de março de 2011

REFLEXÕES SOBRE O JAPÃO


Em 1945 quanto terminou a segunda grande guerra mundial, um momento de silêncio pairou sobre a terra. Do outro lado do mundo duas cidades japonesas haviam sido devastadas pela bomba atômica. Naquele tempo não havia televisão, internet e celulares, tínhamos notícias pelo rádio e os jornais. A guerra terminara, com o sacrifício de milhares de inocentes.
Hoje, com os avanços dos meios de comunicação, imagens impressionantes de destruição chegam até nós. O tsunami negro, ameaçador, vai engolindo tudo em sua passagem: barcos, casas, pontes, estradas, o chão vai se abrindo, crateras surgem no meio do caminho e uma população heróica obedece a ordem que a situação de calamidade começa a exigir. O japonês supera as dificuldades com muita dignidade, inerente ao seu caráter. São impressionantes as manchetes:

“Uma falha na crosta terrestre, devido ao encontro de duas placas tectônicas, provoca um terremoto e tsunami no Japão”

“O terremoto e o tsunami no Japão foram os maiores na história do país”

“Toda a costa do Pacífico está em estado de alerta”

“Japão confirma explosão e vazamento radioativo na zona nuclear”

Enquanto escuto as notícias pela internet e televisão, dando detalhes impressionantes da energia da natureza e o seu terrível poder de destruição, vou refletindo sobre os perigos de nossa era tecnológica e os avanços do mundo explorando energias ameaçadoras. De minha casa eu posso ver as ojivas nucleares sendo ameaçadas e a bomba de hiroshima volta à minha memória.. As bombas trouxeram a morte e a destruição para duas cidades japonesas hoje reconstruídas pelo poder e a coragem de um povo heróico no sofrimento.

Revejo também a minha viagem ao Japão em 1970, quando aderi a um grupo de assistentes sociais que se dirigiam à Expo- 70.

O Japão assimilou a civilização ocidental e, apesar da conservação de hábitos tradicionais, houve simultaneamente uma aceleração de seu progresso. Perdura o culto às imagens na tradição dos templos budistas: águas jorrando das fontes sagradas, nuvens de incenso e velas acesas.
O artista japonês não se despersonaliza quando assume o Ocidente, porque o espírito oriental é revelado através da sensibilidade , da inventividade e da intuição, que supera a razão. Talvez, por isso mesmo, suas pinturas emocionem tanto o homem receptivo à Realidade Espiritual.
Enquanto o mundo ocidental preocupava-se com o homem, e o renascimento rendia-lhe verdadeiro culto como centro do universo, o oriente silenciosamente engrandecia a natureza. As grandes paisagens, em rolos enormes, dos museus de Kyoto e Tóquio, são testemunhas de uma arte sempre renovadora. De sua influência sobre o Ocidente nasceu a pintura informal.
Nikko é uma espécie de Teresópolis do Japão. Situada no alto de uma montanha com hotéis pitorescos é um local de férias. Ao longo da estrada observávamos palácios e castelos japoneses de vários andares, torres superpostas entre a exuberante vegetação. Atravessamos um túnel que nos levava ao outro lado da montanha, aos terraços onde podíamos ver as cachoeiras. Máquinas a tiracolo levantavam-se e ouvia-se um repetido bater de fotos.

O japonês preserva cuidadosamente seus recantos de meditação. Esses são templos, onde a natureza é o altar para o encontro com a eternidade. Na tranqüilidade desses jardins a alma recebe como benção o mistério nascido da terra.

A pedra em seu silêncio nos conta histórias do passado.
Ela não se reproduz como a planta. Existe. Quando foi criada? Ninguém sabe. E neste sentido de eternidade a pedra é mística e tem significado profundo.
Em Kyoto, os jardins de pedras sem plantas, são despojados como a doutrina Zen. O Zen- budismo foi a alma da arte japonesa.
Essas lembranças continuam vivas em minha memória e é com imenso pesar que vejo um povo com tanta espiritualidade e sensibilidade para a arte, passar por uma prova tão difícil.

*Fotos da internet e postais




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