Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
CASAMENTO DE JOAQUIM PEDRO E FERNANDA II
Os casamentos de hoje em dia
incluem uma poética que antigamente não existia. Os noivos criam a sua própria
linguagem. Foram inspiradoras as falas ocorridas no casamento de Joaquim Pedro
e Fernanda à beira mar, no norte da ilha de Santa Catarina.
Assim falou Fernanda para Joaquim:
“Perante todas essas pessoas tão importantes em nossas
vidas; perante Deus e esta linda praia que me viu crescer, entrego a você todo
meu amor, toda minha dedicação e amizade. Prometo, a cada dia, regar com
carinho e cuidado essa linda plantinha que nasce hoje: a nossa família. Ao
longo desses últimos sete anos juntos, soubemos nutrir muito bem nossa árvore
do amor, que cresceu robusta e fincada em raízes bem fortes. Prometo ser uma
esposa companheira, fiel, leal – sempre respeitando as nossas diferenças e a
nossa individualidade. Prometo não esquecer o que somos e o que sonhamos ser.
Amor da minha vida, estarei sempre com você na alegria e na tristeza, na saúde
e na doença. Que os momentos felizes inundem nossas vidas e nos tragam muita
sorte, prosperidade e paz. E que os momentos difíceis não nos deixem nunca
perder a ternura e tornem ainda mais forte essa união. Te amo para sempre. Sou
uma mulher de sorte. Sou a noiva mais feliz do mundo.”
E Joaquim Pedro disse para Fernanda:
“Ainda me lembro como se fosse
ontem quando nos conhecemos em 2005 durante uma bifurcação de nossas vidas.
Você, recém-chegada de Florianópolis e sedenta por abraçar o mundo. Eu, de
volta às raízes do Brasil, depois de uma década no exterior. Ambos buscando
novos horizontes pessoais e profissionais, cada um a sua maneira. Andamos de
mãos dadas por um tempo, tomamos caminhos separados que em um momento o destino
tratou de alinhar. Madrugamos para trabalhar e curtimos férias prolongadas.
Dividimos muitos sorrisos e por vezes sofremos juntos. Moramos juntos e
separados. Alçamos voos em conjunto, mas quando a vida nos presenteou com
oportunidades imperdíveis, aprendemos a voar solo sem perder a essência da
nossa união. O nosso relacionamento sempre soube alimentar o amor em comunhão,
respeitando nossos espaços. A nossa união, que amadureceu ao longo dos anos,
cresceu cada vez mais forte – e nunca foi sinônimo de prisão. Essa cerimônia
marca uma nova etapa de nossas vidas: a formalização de uma união que
construímos durante cada dia dos últimos anos, junto com muitas das pessoas que
estão aqui hoje celebrando conosco esse momento tão especial. Plantamos ao
longo desses últimos sete anos a semente de um amor puro e cheio de cumplicidade,
apreciador de nossas semelhanças, mas acima de tudo, respeitador de nossas
diferenças. A verdade é que duas arvores de uma mesma floresta não crescem na
sombra uma da outra. Ambas precisam de espaço e de luz para florescerem juntas
no mesmo compasso. Que o nosso amor saiba encontrar o equilíbrio da comunhão e
da individualidade. Que nossos passos caminhem lado a lado no mesmo ritmo,
sempre com um norte em comum.
E que por meio dessa união saibamos dividir a nossa luz e
respeitar os nossos espaços. E acima de tudo que saibamos construir, cada um a
sua maneira, uma vida inteira juntos.”
Aparecida, mãe de Joaquim, leu
falas da 1ª epístola de São Paulo aos coríntios:
“Ainda
que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria
como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Ainda que eu tivesse o dom da
profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tivesse
tão grande fé que transportasse montanhas, e não tivesse amor, eu nada seria.
Ainda que eu distribuisse todos os meus bens aos pobres e entregasse meu corpo em sacrifício, se não tivesse
amor, de nada me aproveitaria. O amor é paciente, é benfazejo, não é invejoso,
não é arrogante e nem orgulhoso. Nada faz de inconveniente, não é interesseiro,
não se irrita nem guarda ressentimento. Não se satisfaz com a injustiça, se
alegra com a verdade. O amor tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha.”
O belo pôr do sol e a lua cheia
de 5 de maio de 2012, a
lua de Buda, testemunharam, do cosmos, essa união.
* Fotos de Jared Windmüller, Maurício Andrés e Marília
Andrés
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domingo, 20 de maio de 2012
ÍNDIA, PASSADO E PRESENTE
Estamos a caminho do
Taj Mahal, uma das maravilhas do mundo. Procuramos entrar em contato com o povo
que vive nas cercanias do grande monumento histórico. Sabíamos que o mausoléu
fora construído pelo imperador mongol Shah Jahan, em memória de sua esposa Mumtaz Mahal (Favorita do Palácio).
Nossa peregrinação está sendo realizada com o intuito de
documentar o momento presente. Os arredores do Taj Mahal vão nos oferecendo uma
visão panorâmica da Índia.
Os campos estendem-se, em verdes macios. Ao longo da
estrada, vão desfilando bicicletas, camelos, caminhões enfeitados de desenhos e
cores. “Horn please” (Buzine, por favor) está escrito por detrás dos caminhões.
Os indianos apreciam a buzina e nós, ocidentais, seguimos viagem debaixo de
sons e cores. Paramos para ver um campo de flores amarelas, onde camponesas
indianas, com véus transparentes, lembram quadros de Renoir e de Monet.
Na Índia, a simplicidade da vida nos possibilita apreciar a
cada instante um novo quadro.
O transporte rural é feito de forma primitiva. O camelo
segue vagaroso carregando sacos e os burrinhos enfileirados transportam
cimento. Tudo respira a harmonia natural daqueles que estão ligados com a
natureza.
Debaixo de tendas de piaçava, uma família de artesãos fabrica
o giz para as escolas. O pó branco é misturado com água nas bacias de argila,
depois manufaturado de forma primitiva. O processo de empacotar é simples, sem
requintes. Paramos o carro para conversar com os artesãos e pudemos admirar a
textura do giz de diversas cores, colocado a secar dentro de esteiras.
A Índia é um exemplo de arte estendida ao cotidiano. Há
graça e leveza nas mulheres que lavam as varandas e preparam as casas para a
festa do holi. Nesse dia, fecham-se as lojas e em todas as vilas e cidades o
povo se pinta de pós coloridos e joga tinta em cima dos carros e das pessoas na
rua. Os rapazes cantam celebrando o festival e as moças preparam as casas para
as comemorações. Nos becos estreitos da vila as casinhas coloridas parecem
cenários de teatro. Ali pudemos sentir a espontaneidade da arte nas ruas e os
personagens também somos nós, vindos do Ocidente, com câmeras fotográficas a
tiracolo. As crianças nos rodeiam, curiosas, insistentes, e o povo na calçada
vem admirar os estrangeiros.
*Fotos de Marília Andrés e da internet
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sexta-feira, 11 de maio de 2012
CASAMENTO DE JOAQUIM PEDRO E FERNANDA I
“Estamos chegando daqui e
dali
E de todo o lugar que se tem
pra partir”
O casamento de Fernanda e
Joaquim Pedro em Florianópolis ilustrou bem essa música de Edu Lobo. Realmente
chegou gente de todos os cantos do mundo: de Minas, do Rio, de São Paulo, de
Brasília, do interior de Santa Catarina, dos EUA, de Londres e até da Espanha e
da Polônia.
O hotel à beira da praia
ficou lotado com os convidados e o jovem casal conquistou a todos reunindo em
Floripa as duas famílias. Foi o grande acontecimento do ano. Voamos sobre
montanhas e mares.
Assisti a montagem dos arranjos
ornamentais da festa, naquele hotel na Ponta das Canas, na costa norte e que
ocupa uma situação privilegiada na ilha onde se situa Florianópolis, capital do
estado de Santa Catarina.
O mar, muito sereno, chegava
pertinho de nós, levando e trazendo memórias e lembranças. Eu via flores de
cerejeira colocadas no teto entre dosseis brancos. Uma estátua de Buda meditava
serenamente no meio da agitação. Por coincidência, naquele dia da primeira lua
cheia de maio, quando ocorreu o casamento, comemorava-se no mundo todo, o dia
de Buda.
“Olha a lua lá no céu,
iluminando o casamento”, exclamou Juliana, a netinha de Vanessa.
Quando começou a cerimônia,
sentei bem na frente, ao lado da outra avó, de Florianópolis. A decoração de
flores se estendia por todas as partes, como um cenário colorido, de frente
para o mar. Foi escolhido o horário do por do sol e logo em seguida surgiu no
céu a lua cheia. Ao longe se via o continente e os barcos de pescadores e, mais
perto, podia-se ouvir o som das ondas do mar batendo nas pedras atrás do altar.
Flores e mais flores coroaram a festa e formaram guirlandas sobre o altar. Um
tablado foi armado para as danças numa pista construída sobre a piscina. Ali
houve musica e dança até as 2horas e 30 da manhã, comandadas pela disk jockey
Sininho BHZ, de Belo Horizonte. Foram armadas tendas brancas por todo o salão e
numa delas uma massagista fazia massagem nos pés dos convidados. Experimentei e
gostei muito dessa iniciativa.
Voltando a viagens do
passado, relembro Pepedro na Índia há mais de 30 anos atrás, muito loirinho,correndo
pelos corredores do hotel em Bangalore. Ficou amigo dos hóspedes e garçons,
tirava fotos com eles. Muitos anos depois, numa das minhas viagens, um garçon
se aproximou : “Onde está o seu neto?Tenho um retrato dele...” Acontece que o
menino cresceu, voltou para o Brasil, depois se formou em economia na
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Hoje esse menino, que é o meu
primeiro neto, está se casando em Florianópolis, lugar lindo.
Relembro também os casamentos na Índia, que
sempre eram celebrados nos hotéis, permitindo a todas as famílias participarem
da festa no local onde se hospedavam. Havia gente chegando de todos os lados e
as famílias se encontrando para a formação de uma nova família.
Casamentos na Índia são
importantes, o noivo chega a cavalo, coberto de pedrarias. As festas se
prolongam por três dias e três noites com muita música, dança e alegria.
No livro de Pepedro nos
caminhos da Índia, desenhei o menino Pepedro assistindo a uma dessas
cerimônias. Aparecida, mãe de Pepedro, descreveu o casamento indiano: “na frente, a banda de música; depois, um cavalo
branco de capa bordada em brilhos com o noivo todo enfeitado. Atrás vinham os
convidados, em roupas chiques, de gala, alegremente cantando, fazendo a festa
na rua. Enquanto isso a noiva se aprontava.” Percebo as semelhanças e
contrastes entre os dois países, separados por muitos mares. O casamento de Pepedro
e Fernanda foi celebrado no hotel, numa cerimônia que nos lembrava os
casamentos na Índia.
Festejemos Joaquim e Fernanda
com a alegria que existe no coração de todo brasileiro, eles merecem.
*Fotos de Jared Windmuller,
Sininho BHZ e Marília Andrés.
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