A arte, vista como desenvolvimento humano, como
resgate de valores essenciais do homem já começa a se manifestar como a grande
característica do século XXI. Trazer a arte para a vida, usá-la como forma de
harmonia da sociedade e quebra de estruturas materialistas é a força positiva
da criatividade que se espalha pelo mundo.
O nosso encontro em Roma com Ana de Pascale e sua
família, nos trouxe também a oportunidade de encontrar grupos de criatividade
atuando na Europa como forma de estender a arte ao cotidiano.
Ficamos hospedadas em Itri, sul da Itália em casa de
Stephano (filho de Ana Pascale) e Cazilda, sua esposa, conhecida atriz de
teatro de Belo Horizonte. O casal reside numa pequena fazenda onde têm criação
de abelhas e cuidam da terra. Na época de Natal apresentam-se como antigos
trovadores medievais, tocando instrumentos antigos como os que são vistos nos
quadros de Brueghel. Vestem-se à caráter e cantam nas casas da cidade onde
moram e nas praças de Roma. No dia de nossa chegada, reuniram outros artistas
ensaiando um pequeno show que pretendiam levar aos aniversários, numa forma
criativa e lúdica de animar festas e trazer a criatividade para o cotidiano.
O resgate dos antigos saraus traz à tona novos
valores e proporciona a oportunidade de despertar a alegria nos diversos grupos
sociais. No meu livro “Os caminhos da Arte” mostro o caminho assumido pela arte
desde o final do século passado: conduzir o ser humano a um estado de harmonia
e paz através da atividade criativa. Agora, neste passeio informal pelo sul da
Itália, lugar de extraordinária beleza, Stephano e Cazilda levaram-nos a
conhecer os artistas da cidade, alguns deles pintores de parede que se tornaram
também pintores de quadros, participando de Salões e Galerias de Arte. Alguns
desses pintores já obtiveram prêmios nos Salões. Aprenderam primeiro a técnica,
o uso das tintas, o contato com o material usado para pintar paredes e patinar
portas. Em seguida, com o pleno domínio da técnica, passaram a criar o seu
próprio estilo em grandes espaços, em paredes fora de casa, e em pequenos
espaços, nas telas de pintura.
“Somos pintores de parede para sobrevivermos e
pintores de quadros para nos realizarmos como artistas”
Este depoimento me faz lembrar o grande pintor
brasileiro de origem italiana, nosso saudoso Volpi, que, chegando ao Brasil
começou sua carreira em 1911, como pintor de paredes, para depois adquirir seu
estilo próprio na pintura.
Stephano e Cazilda tiveram trajetória oposta. Fizeram
cursos em Universidades, ele nas letras e ela no teatro. Agora estendem a arte
para a sociedade, cantando nas praças. Na época de verão Stephano vende coco
nas praias, para os turistas. Admirei o descondicionamento desse grupo de
artistas alternativos.
Existe um aprendizado para todas as faixas etárias
que não depende de livros. Ele acontece a cada instante na vida de cada um de
nós, é só nos colocarmos em atitude receptiva.
Estender a arte à vida é encontrar no próprio
trabalho o caminho direto para a realização pessoal.
Vivenciar com atenção o inesperado, o não
programado, torna-se uma das formas mais diretas de se aprender com a vida.
Fotos da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”,
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