segunda-feira, 19 de outubro de 2015

ENCONTROS NA ÍNDIA

Nas minhas viagens à Índia costumava me hospedar  em Adyar, onde está situada a Fundação Krishnamurti. Ali estive várias vezes estudando os ensinamentos do grande mestre indiano.
Em 1993 conheci o médico de Krishnamurti.

Sentou-se ao meu lado no refeitório, queria saber sobre o Brasil, nosso povo, o governo (as notícias de Collor atravessaram as fronteiras através da BBC). Interessou-se por minha pesquisa de aproximação Oriente- Ocidente, estava aberto a me escutar.
Não precisei marcar consulta. Ele me atendeu ali mesmo, debaixo da árvore, deu-me exercícios para a coluna. Eu estava viajando o tempo todo com um problema no ombro esquerdo devido a um acidente no Brasil (frozen-shoulder). O Dr. Parchure acompanhou Krishnamurti em suas viagens, aliviando-lhe as tensões da coluna com massagens e exercícios corporais. As pessoas que conviveram pessoalmente com Krishnamurti conseguiram alcançar um plano de intuição bem desenvolvido e aquele médico estava me dando conselhos importantes para seguir viagem.

Mais tarde o secretário da Fundação Krishnamurti  me procurou. Organizou, a meu pedido, uma dinâmica de grupo, e, sentados no grande salão central do edifício, discutimos sobre a violência. A violência não é uma coisa à parte, exterior a nós, ela está dentro de cada ser humano, vem à tona sempre que o ego é atingido por algum desafio, seja uma palavra ou uma ideologia contrária à nossa. Reagimos violentamente quando nossas estruturas de segurança se sentem atingidas. A violência está na raiz de nossa própria mente e a única forma de não compartilhar com a violência do mundo é observar seus movimentos dentro de nós mesmos, sentir o sangue esquentando nas veias quando a pessoa ao lado atinge o nosso ego.
Esses exercícios de dinâmica de grupo eram feitos periodicamente entre jovens e adultos, afim de facilitar o relacionamento humano.

Em seguida, um artista de Kerala que estava me fazendo massagens, convidou-me para fazer palestras sobre arte em sua escola em Cochin, cujo tema seria a integração cultural entre os ensinamentos dos mestres orientais e o desenvolvimento artístico do mundo ocidental.
“Cada um de nós foi chamado para desenvolver um trabalho em determinado raio”, nos diz ele. “Ninguém é perfeito. Somos seres humanos diferentes e a iluminação não é privilégio nem do Oriente nem do Ocidente. O importante é estar aberto para a intuição, o chamado interno que nos chega a cada instante”.
Realmente, é preciso ultrapassar os limites do pensamento lógico para que a mente compassiva possa se manifestar. Quando alcançamos a mente compassiva, os apegos e aversões se diluem.
“Estou sentindo uma vibração muito boa, vinda de você, deve ser de outras vidas”, me disse ele. A lei do Carma  promove o encontro com alguém ligado ao nosso passado, apenas para nos dizer uma palavra e nos olhar de forma compreensiva e amiga. Neste momento, não existe separação de raça, credo ou sexo. Não existe Oriente-Ocidente, norte ou sul. Somos habitantes do mesmo planeta e estamos sendo tocados pelo mesmo chamado interno...

*Fotos de Maurício Andrés e da internet


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2 comentários:

  1. Oi, Maria Helena, leio você e aprendo um pouco mais sobre a tal compaixão.

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    1. Obrigada, Dilton. Fico muito feliz de estar distribuindo um pouco do meu aprendizado na Índia

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