Nas minhas viagens à Índia costumava me
hospedar em Adyar, onde está situada a
Fundação Krishnamurti. Ali estive várias vezes estudando os ensinamentos do
grande mestre indiano.
Em 1993 conheci o médico de Krishnamurti.
Sentou-se ao meu lado no refeitório, queria saber
sobre o Brasil, nosso povo, o governo (as notícias de Collor atravessaram as
fronteiras através da BBC). Interessou-se por minha pesquisa de aproximação
Oriente- Ocidente, estava aberto a me escutar.
Não precisei marcar consulta. Ele me atendeu ali
mesmo, debaixo da árvore, deu-me exercícios para a coluna. Eu estava viajando o
tempo todo com um problema no ombro esquerdo devido a um acidente no Brasil
(frozen-shoulder). O Dr. Parchure acompanhou Krishnamurti em suas viagens,
aliviando-lhe as tensões da coluna com massagens e exercícios corporais. As
pessoas que conviveram pessoalmente com Krishnamurti conseguiram alcançar um
plano de intuição bem desenvolvido e aquele médico estava me dando conselhos
importantes para seguir viagem.
Mais tarde o secretário da Fundação
Krishnamurti me procurou. Organizou, a
meu pedido, uma dinâmica de grupo, e, sentados no grande salão central do
edifício, discutimos sobre a violência. A violência não é uma coisa à parte,
exterior a nós, ela está dentro de cada ser humano, vem à tona sempre que o ego
é atingido por algum desafio, seja uma palavra ou uma ideologia contrária à
nossa. Reagimos violentamente quando nossas estruturas de segurança se sentem
atingidas. A violência está na raiz de nossa própria mente e a única forma de
não compartilhar com a violência do mundo é observar seus movimentos dentro de
nós mesmos, sentir o sangue esquentando nas veias quando a pessoa ao lado
atinge o nosso ego.
Esses exercícios de dinâmica de grupo eram feitos
periodicamente entre jovens e adultos, afim de facilitar o relacionamento
humano.
Em seguida, um artista de Kerala que estava me
fazendo massagens, convidou-me para fazer palestras sobre arte em sua escola em
Cochin, cujo tema seria a integração cultural entre os ensinamentos dos mestres
orientais e o desenvolvimento artístico do mundo ocidental.
“Cada um de nós foi chamado para desenvolver um
trabalho em determinado raio”, nos diz ele. “Ninguém é perfeito. Somos seres
humanos diferentes e a iluminação não é privilégio nem do Oriente nem do Ocidente. O importante é estar aberto para a
intuição, o chamado interno que nos chega a cada instante”.
Realmente, é preciso ultrapassar os limites do
pensamento lógico para que a mente compassiva possa se manifestar. Quando
alcançamos a mente compassiva, os apegos e aversões se diluem.
“Estou sentindo uma vibração muito boa, vinda de
você, deve ser de outras vidas”, me disse ele. A lei do Carma promove o encontro com alguém ligado ao nosso
passado, apenas para nos dizer uma palavra e nos olhar de forma compreensiva e
amiga. Neste momento, não existe separação de raça, credo ou sexo. Não existe
Oriente-Ocidente, norte ou sul. Somos habitantes do mesmo planeta e estamos
sendo tocados pelo mesmo chamado interno...
*Fotos de Maurício Andrés e da internet
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ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
Oi, Maria Helena, leio você e aprendo um pouco mais sobre a tal compaixão.
ResponderExcluirObrigada, Dilton. Fico muito feliz de estar distribuindo um pouco do meu aprendizado na Índia
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