quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

UMA FILMAGEM SOBRE AS TAPEÇARIAS DE NOSSA SENHORA DE COPACABANA

Estamos na Igreja Nossa Senhora de Copacabana no Rio de Janeiro. Na década de 70 fui convidada a realizar os projetos de 3 tapeçarias para essa igreja, duas para a nave principal e uma para a capela do Santíssimo. A proposta era realizar a monumentalidade de um mural. As duas da nave principal medem 5 x 2,50 metros e a da capela preenche um espaço horizontal de 12 x 2,50 metros.

Aqui na capela do Santíssimo são realizados casamentos. Viemos, meu filho Maurício e eu, com o objetivo de fazer uma filmagem sobre as tapeçarias para um documentário sobre minha trajetória na arte, a ser feito pela Universidade Federal de Minas Gerais. 

Enquanto a câmera desliza sobre a grande tapeçaria  horizontal vou recordando o que motivou a criação desse painel colorido, destinado ao culto católico. Para esse tema eu teria que me concentrar um pouco na história. Revejo nele a chegada dos navegantes portugueses na cidade do Rio de Janeiro. Ali estão os mastros e velas que transportaram o cristianismo para esta terra. Enquanto o fotógrafo registra a obra, eu procuro recolher as minhas lembranças. Lembro-me de que eu procurei colocar uma mandala no centro do painel, significando a Eucaristia,  já que esta capela está destinada ao Santíssimo Sacramento. Ao lado, Nossa Senhora com o menino Jesus, abençoa a cidade do Rio de Janeiro, especialmente a praia de Copacabana.

Em seguida nos dirigimos à nave central onde existem duas tapeçarias, cujo tema busca configurar um dos aspectos mais transcendentes do cristianismo: a comunhão dos santos e o caminho de volta ao Pai. Lembro-me de ter me concentrado no tema buscando o recolhimento necessário para transmitir o caminho que nos leva das sombras para a luz.

Buscar espaços superiores cheios de luz é um dos caminhos de transcendência. Nesse primeiro painel, vertical, sombra e luz estão registrados. Há um desejo de alcançar o sol que a todos ilumina. Multidões buscam a realização da unidade. No painel à direita há uma celebração da chegada à casa do Pai, vencendo todos os obstáculos. Esta foi  minha concepção ao projetar os painéis. Transmutar as energias sombrias que nos prendem à terra e chegar à plenitude do encontro com Deus.

Volto à realidade do presente. Passa uma senhora com um vaso de flores. Ela se aproxima e pergunta se precisamos de alguma coisa.
“Estou aqui dando um depoimento sobre os painéis, sou a autora deles. Foram realizados aqui no Rio de Janeiro por Maria Ângela Magalhães na década de 70. Ela realizou uma série de tapetes a partir de meus desenhos feitos em pastel sobre papel veludo. ”
“Que bom”, respondeu ela, “assim eu posso explicar para as pessoas o significado das tapeçarias, o que você idealizou quando projetou o seu trabalho.”

*Fotos de Maurício Andrés

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