Enquanto contemplo as montanhas que se estendem à
perder de vista, nesta região privilegiada de Minas Gerais, fico lembrando de
outras montanhas que se assemelham na grande paisagem da Terra.
Aqui, as montanhas estão sendo devastadas pelas
mineradoras, lá longe, nos Himalaias elas são cultivadas , nos Alpes Suíços
elas se cobrem de neve. As montanhas eram procuradas pelos antigos como lugares
apropriados para curas de doenças dos pulmões.
Fico pensando no meu avô, recolhido num sanatório no
alto dos Alpes Suíços, contemplando a neve que cobria as montanhas. Os
sanatórios da Suíça eram famosos e por ali passaram celebridades tais como
Manoel Bandeira e Lenine. Sobre Lenine, corre na família a história de Américo,
nosso primo que o conheceu quando juntos descansavam num sanatório. Ficaram
amigos, tiraram fotos juntos.
Anos mais tarde a revolução russa explodia em
Manchetes por toda Europa e os retratos de Lenine apareciam em todos os
periódicos. Américo estava num bar junto com amigos, quando viu o retrato de
Lenine publicado em evidência como líder revolucionário.
“Este homem é meu amigo, exclamou Américo, eu o
conheci na Suíça. Os amigos não acreditavam, mas Américo foi buscar a foto em
que os dois apareciam juntos.
Nos sanatórios as pessoas se encontravam e faziam
boas amizades.
Naquele tempo as curas eram feitas aproveitando o
clima e o ar não poluído das montanhas. Banho frio de manhã, boa alimentação e
repouso. Alguns saravam definitivamente, outros se preparavam para a morte.
Manoel Bandeira viveu até os 70 anos, Lenine liderou a Revolução Russa. Meu avô
não teve a mesma sorte. Morreu aos 35 anos deixando no Brasil sua esposa e seus
6 filhos.
Minha avó foi amparada pelos familiares. Morou em
Vassouras, com a criançada, depois veio para Belo Horizonte, lugar famoso por
um bom clima. Sua preocupação era criar os filhos com saúde, no alto das
montanhas e Belo Horizonte oferecia, não somente o clima, como também promessas
de melhor futuro. Era a nova capital, surgindo com entusiasmo do antigo Curral
Del Rey.
O traçado da cidade obedecia a uma ordem onde os
nomes indígenas se integravam aos nomes dos estados brasileiros. Minha avó escolheu
a rua da Bahia, próximo ao Parque Municipal, sempre pensando nos filhos e na
oportunidade das crianças brincarem à sombra das árvores. Mais tarde
transferiu-se para a rua Ceará onde viveu até morrer aos 54 anos.
Daquela casa saíram 3 casamentos e muitos
aniversários. Como toda mãe de família de antigamente minha avó tinha medo das
filhas ficarem solteiras.
Lembro-me da casa, da varanda e do quintal com um
grande pé de jabuticaba que fazia a alegria das crianças.
*Fotos de Maria Helena Andrés e da internet
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