Encontro com jovens em Kajuraho.
-“Você parece Indira Gandhi”, me diz um deles.
Muitas vezes já me acharam parecida com Indira, primeira ministra da Índia,
falecida tragicamente. Realmente, brasileiros e indianos muitas vezes se
parecem.
Depois, quando me dirigi ao templo de Shiva para a
cerimônia vespertina, ali estavam também os jovens, batendo os sinos e tocando
tambores. Shiva faz mover o passado para recriar um novo ser assim como o sol
se põe sobre os templos, terminando o ciclo de um dia.
Templo de Shiva, toque de sinos, um enorme Shiva
Lingam ao centro do espaço circular, onde se encontra assentado um swami
vestido de amarelo. O monge não fala inglês, mas tenta ler minha mão, o olhar
penetrante atravessa as fronteiras da palavra, penetra num plano onde não
existem diferenças linguísticas. Adivinho o que ele quer dizer, ou antes,
penetramos juntos no mesmo inconsciente onde as coisas se integram. Os sinos
tocam, os fiéis se aproximam, a energia vibra intensamente dentro do templo. Há
chocalhos, trombetas e até de uma concha se tira o som. A energia de Shiva é
forte, sentimos o som nos atravessar a pele, penetrar nos ouvidos, no corpo
todo. “Om na ma Shivaia”.
“Venho aqui buscar a felicidade”, confessa o indiano
ao meu lado.
Jovens e velhos se reúnem às sete horas no Templo de
Shiva – reverenciam o swami, tocam os dedos nas cinzas, colocam cinzas na
testa. Os sinos, os incensos e as cinzas nos fazem lembrar as cerimônias
cristãs da Semana Santa. O ritual nos acorda para um ecumenismo religioso, onde
os elementos da matéria – a água, o fogo, as cinzas, são usadas para
reverenciar aquela energia que criou a matéria. (Trecho de diário de viagens,
década de 80)
*Fotos de arquivo e da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”,
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
Nenhum comentário:
Postar um comentário