segunda-feira, 27 de agosto de 2018


VISITA A GIROMAGNY II



Nesta postagem dou continuidade ao relato da viagem de Cecília Caram à Giromagny:

“Afinal, quem somos e de onde viemos, a família ANDRÉS?
Nossa origem está na França, cidade de Masevaux, e depois de Giromagny, a 3 hs de Strasbourg, na região da Alsácia, onde está preservada e habitada a casa Andrès, na Grande Rue 6.
Em 1874 chegava ao Brasil o jovem Marie Joseph Louis Andrès. E por que veio? Aqui estamos, aqui somos os herdeiros de uma interessante história.
“Si on sait d´où ont vient, on sait où on va”, diz o provérbio. Nos estudos das Constelações Familiares, agora em alta no Brasil, é importante resgatar a noção de pertencimento e honrar nossos antepassados; ou em outra linguagem, ampliar o autoconhecimento para “limparmos” nossos padrões repetitivos, e  até mesmo inconscientes, de comportamentos que nos impedem de ir em frente; em outras palavras, nossos karmas.
Nessa linha de pensamento, fazemos aqui um relato que poderá auxiliar os herdeiros de nossa família a conhecer nossas raízes.
Situando nosso antepassado que veio para o Brasil, Marie Joseph Louis Andrès..
Por várias vezes, a região da Alsácia foi disputada entre a França e a Alemanha. Os jovens, convocados a lutar, deixavam seus estudos e ocupações, para defender o território no front.
 Assim , M.J. Louis Andrès, que já era professor bacharel “em Sciences”, e estudava Medicina, foi convocado para combater na guerra Franco-Prussiana de 1870  e se integrou ao batalhão do general Charles Bourbacki.
Foram derrotados, e encontraram asilo na neutra Suiça, ( na cidade de Bâle), escapando de serem aprisionados pelo inimigo. Ali, Louis permaneceu 2 anos.
À família, que morava em Masevaux,  agora anexada à Alemanha, foi dada a opção de escolher sua cidadania. Permanecendo franceses, teria que se  mudar .Escolhendo a cidadania alemã, poderia permanecer em Masevaux..
·        Os Andrés escolheram a França como seu pais e “pagaram o preço” de reiniciar suas atividades e se mudarem  para Giromagny. Foram comerciantes  e professores

Imigração de J.M.Louis Andrès
Assim se deu a  escolha de Louis, de imigrar. A vida é como uma teia cheia de detalhes favoráveis à tessitura do “acontecer “ ou “fazer a hora de acontecer”.
Louis pensou a princípio em se mudar para Portugal. Certo dia, no porto de Marseille, se deparou com uma grande movimentação em torno de um embaixador em missão oficial. “ Encasacado, descendo de uma caleça, sob os sons de música vibrante executada por uma banda militar, indaguei do que se tratava” (palavras em seu diário intiltulado “De France au Brésil”)... ao que respondi : “Brésil, le grad pays de là-bas”!.
Esse fato, de alguma forma, podemos deduzir, sensibilizou e influenciou a mudança de escolha de Louis quanto ao pais de imigração. Em 20 de janeiro de 1874,  embarcou em Bordeaux no navio “Erymathé”, e chegou em Recife de 9 de fevereiro de 1874.
O destino final foi Alagoas, onde trabalhou como “preceptor” na fazenda São Salvador, do Dr. Rozendo César de Goes. Em 23 de abril decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, ai chegando em 7 de maio, tendo embarcado no navio “Ceará”. Em 3 de junho segue para Petrópolis e depois Correas, se fixando na Escola São José, de propriedade do Visconde Cansanção de Sinimbu, onde trabalhou como professor.
Em 1876 associou-se ao Monsenhor João Sabino Las Casas, e partiu para Juiz de Fora, Minas Gerais, onde integrou a equipe que fundou o Colégio Santa Cruz.
Conheceu e casou-se com Custódia Las Casas, irmã do Monsenhor, de origem espanhola, em 27 de junho de 1877, no Sítio São Mateus, ainda existente em Juiz de Fora ( ela, nascida em São Pedro do Paraopeba em 1 de novembro de 1858, filha de João Sabino Las Casas e Dona Maria José de Castro).
Louis se naturalizou Brasileiro e 9 de agosto de 1879, conforme documento assinado por D.Pedro II.”

*Fotos de arquivo

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terça-feira, 21 de agosto de 2018



ABHAY K., UM POETA DIPLOMATA
Abhay K. é um jovem poeta diplomata indiano, autor de vários livros já publicados no circuito internacional.
Abhay K. está desenvolvendo em Brasília um belo trabalho de intercâmbio cultural entre Índia e Brasil. Ele é poeta de grande sensibilidade e através da poesia aproxima os povos.
Abhay K. é diplomata, sua linguagem é direta e descreve com muito carinho a cidade de Brasília.

Tenho nas mãos o seu livro “A profecia de Brasília” e dentro de sua linguagem poética redescubro a nossa capital.

O poeta nos revela uma visão extraordinária, onde a profecia de Dom Bosco abre espaço para o visionário.
Brasília não é apenas uma cidade onde a ambição de poder parece imperar.
Ela é clara e luminosa e foi construída por grandes artistas.

Vale a pena transcrever alguns versos do diplomata - poeta que enxergou a nossa capital como aquela que o italiano Dom Bosco enxergou em sua visão:
“Entre os paralelos 15 e 20 havia um leito muito extenso, que partia de um ponto onde se formava um lago. Então uma voz disse repetidamente: Quando escavarem as minas, escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a grande civilização, a terra prometida, onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível!”

Abaixo transcrevo alguns versos do poeta:

“BRASÍLIA II
Um sonho na alvorada
Que é logo esquecido
Quando os olhos abrem.

BRASÍLIA III
Águas violetas
Terra índiga
Árvores azuis
Céus verdes
Flores amarelas
Nuvens vermelhas
No arco-íris
De Brasília

BRASÍLIA IV
O arco esticado
E uma flecha
No coração
Da América do Sul.

O PLANETÁRIO DE BRASÍLIA
Um polígono
Onde você pode conhecer
Um alienígena real.

CÉUS DE BRASÍLIA
Nuvens brancas
No sambódromo
De céu azul luminoso

CANDANGOS
Pessoas que construíram um avião
Do nada
São lembrados carinhosamente
Com uma escultura
Parecida com um casal alienígena
Na praça central da cidade.”

*Fotos de Maurício Andrés
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terça-feira, 14 de agosto de 2018


PAINEL CONSTRUTIVISTA NO GRUPO ESCOLAR HERBERT DE SOUZA


Estou diante da tela do computador, vendo desfilar as fotos concretistas de meu  painel executado na década de 1950 para a residência de Licurgo e Antonieta Lucena. Eles eram nossos vizinhos na rua Santa Rita Durão e pretendiam inaugurar uma casa nova com o meu painel.

Foi uma encomenda muito prazerosa, criei o projeto e solicitei a colaboração do ceramista Juan Franco Cerri, para o trabalho feito em cerâmica.

O painel construtivista ficou por muitos anos enfeitando a fachada da casa dos Lucena. Às vezes eu passava de carro e parava para vê-lo.

Ali ficou até que um dia o casal resolveu demolir a casa para, naquele local, construir um prédio.

Foi quando me telefonaram pedindo uma sugestão. Queriam colocar o painel num local onde tivesse visibilidade. Descobrimos o lugar ideal, o Grupo escolar Herbert de Souza , num bairro da periferia de Belo Horizonte. A transferência foi também executada por Cerri e hoje ocupa um espaço no Grupo Escolar, alegrando as paredes por onde passam crianças.

Há alguns anos atrás, fui visitar o grupo, conversei com as crianças, tiramos retratos juntos.

É importante ressaltar a generosidade de Licurgo e Antonieta, doando o seu painel para benefício público.

As fotos desta postagem foram tiradas por Rosa Maria Machado de Sousa, bióloga e analista social que trabalha na URBEL. Ela  estava fazendo um trabalho com os alunos da escola integrada sobre situações de riscos (geológicos e ambientais), desde que a escola Municipal Herbert de Souza fica próximo ao córrego do Onça, bairro Aarão Reis. Ficou emocionada quando viu o meu painel, pois é grande amiga de meu filho, Maurício Andrés.

A cidade e as crianças agradecem esta iniciativa.

*Fotos de arquivo e de Rosa Maria Machado de Souza.

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quarta-feira, 8 de agosto de 2018


VISITA A GIROMAGNY



Cecilia Caram, minha sobrinha, esteve em Giromagny, cidade dos antepassados do meu marido. A origem da família é na  França, cidade de Masevaux, e depois em Giromagny, a 3 hs de Strasbourg, na região da Alsácia. Ali está preservada e habitada a casa Andrès, na Grande Rue 6.
Abaixo está um relato da Cecília.

 Depois de 2 trens e 1 ônibus saindo de Strasbourg, passando por zonas de cultivo, vinhedos e castelos, chego à acolhedora e linda cidadela de nosso bisavô, atualmente com 3200 habitantes, terra sonhada pelos que não puderam conhecê-la a não ser por cartões postais fotografados e impressos pelo único irmão de nosso bisavô, Edouard, e depois seus filhos e netos.

Situada nas montanhas dos “Vosges”, é rica por suas bacias d´água, e preserva as fontes onde lavadeiras se reuniam no passado.
A chegada em Giromagny impacta pela fonte Louis XV, edificada em 1758, em torno da qual a cidade foi sendo planificada, localizada bem na pracinha central  e  pela suntuosa antiga “Casa dos Mineradores”  de ferro, prata e cobre que deram por centenas de anos empregos na cidade.

Vou tomar um café e na parede se encontram fotos antigas, com o escrito “imprinterie Andrès”.  Nesse momento, sinto um grande impacto, uma sensação familiar, e a certeza de que valeu a pena chegar ali. Eu sentia o cheiro das árvores de plátano e pisava em terra onde nossa família plantou a sua!
 Como era muito cedo, aguardo em frente uma loja de flores e artesanato local se abrir.
Stephanie, “La fleuriste”,  me escuta, e me ajuda a localizar a prefeitura. Parece mentira, pois quando olhei para o balcão, me chamou atenção  o vídeo que ia mostrando como um filme fotos antigas da cidade. Novamente, outro impacto, pois são muitas as de autoria de nosso tio bisavô Edouard. Senti acolhida  e parte da história  onde estão nossas raízes.

A casa dos ANDRÉS está intacta, na Grande Rue 6 , bem atrás da Igreja gótica local, também um ponto turístico. Ao lado, uma enorme árvore  abriga um quadrado dedicado aos heróis, mortos de guerra.
A casa, ao nível da rua, foi livraria da família, cafeteria e banco. Vendida, hoje é habitada por uma família local.

Fui à prefeitura ,onde Marie -Noelle Marline, chefe do patrimônio histórico, me recebeu com entusiasmo: mais uma “cidadã de origem francesa local”, e logo me levou para sua casa, abriu o computador e aos poucos fui me assustando com o primor dos arquivos dos CENSUs desde 1770, com toda a genealogia digitalizada, em letras caligrafadas.
 Ali estava a história de nossas origens, década por década, dados de nascimento, falecimento, profissão. Ela solicitou que enviasse os dados atualizados de nossa família no Brasil, pois a França se prima pelo patriotismo também expresso dessa forma.

Caminhamos pela igreja e até o cemitério, com  mapa na mão, considerado outro ponto turístico,e onde pude ver localizada a  lápide da família : Cruz grossa de cimento, cravada em chão coberto de musgo, atrás de outro monumento aos mortos de guerra, bandeira hasteada e reverenciada com ritual anual pelos estudantes das escolas locais.
Com toda a papelada em mãos, fotos e mapas, genealogia e escritos traduzidos do diário de nosso bisavô, agradeço ainda a nosso primo Alberto Andrés, pelo esforço de aos poucos, muito antes da era digital, escrever a cartórios, paróquias, prefeituras, rastreando informações, as quais recolhi com minha mãe que sempre aguardava ansiosa por ter acesso a cada uma que chegava por correio...

Aqui as incluo nesse relato para o blog de nossa tia Maria Helena (96 anos), querida como minha mãe “adotada por escolha”, e que convidou-me a compartilhar essa experiência em seu blog.”

*Fotos de Cecília Caram e da  internet.

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