terça-feira, 2 de outubro de 2018

GANESHPURI 1990 III


Dando continuidade ao meu relato sobre Ganeshpuri, transcrevo trecho do meu diário:

Sarees coloridos, flores, o sussurro das sedas desfilando, pés descalços tocando o mármore frio, cheiro de incenso...

O tempo não existe neste ashram.

Lavar a capela é um ritual reservado a pequenos grupos. As pratas têm de brilhar, sem a ajuda de líquidos apropriados, o chão deve estar limpo da sujeira dos devotos.
José, o jovem brasileiro do Rio, assim se refere à subida de Kundalini.

“A Shakti, quando desperta, vai nos tornando cada vez mais conscientes daquilo que precisamos para o nosso crescimento. É a forma direta de se quebrar o “Ego pensante”.
Facilita o trabalho de certo conhecimento, dá espaço para pesquisarmos nosso espaço interno, sem que as coisas exteriores nos afetem ou condicionem.

No momento, o meu objetivo é o descondicionamento, quebrar a mecanicidade, perceber a beleza do novo que surge a cada instante e desaparece para dar lugar a outro novo.

Viver no presente. Gurumai, com toda a tradição e beleza ritualística dos Siddas, possibilita a cada um seguir seu próprio caminho. Ela nos convida através do amor a conquistar nosso self (a luz interna).

No “Darshan” os devotos fazem fila e se prostram diante da jovem Swami – “O Deus em mim, saúda o Deus em ti”.

A reverência não se dirige à pessoa , mas ao seu Deus interno, acolhedor e generoso, sempre incentivando e despertando o Deus interno dos devotos.

A transmissão da energia espiritual pode ser feita através do toque do olhar, e da intenção de transmiti-la.

Neste século tumultuado por energias dualísticas, criando divisões, sectarismos e fronteiras, o toque de Kundalini é necessário. É este o real batismo pelo fogo. Não existe parada, você segue adiante, e sempre em frente.

A Shakti estabelece direções para cada um.

“See god in each other” – Com este título pintei um quadro para a escolinha do ashram. Duas crianças se olhando nos olhos e vendo o que Deus quer de cada um. Os caminhos da vida variam mas o encontro é o mesmo porque a luz interna de cada um é a mesma luz de todos.

*Fotos da internet

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