Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
KALAKSHETRA
Sentados no chão, sob esteiras de palha, os jovens participam do programa do Kalakshetra.
Katakali, a dança original de Kerala, está sendo
apresentado por um grande artista indiano.
Ao toque de tambores, ele expressa no palco os
sentimentos humanos. As paixões – o desejo, o amor, o encontro com a mulher
amada, o trabalho, um carpinteiro, com serrote e machado, em busca da árvore
certa na floresta.
As emoções que pertencem a todo o ser humano poderão
nos ser devolvidas através deste dançarino. O corpo fala e cria o movimento
certo para o “insigth”.
Sons de percussão, ritmo do corpo, pulsação do ser,
unidade da platéia que contempla em silêncio o desenrolar da cena.
A dança contém em si tempo, espaço e energia.
Liga-se à música que é a arte do tempo.
Ali, no ambiente do Kalakshetra, esta integração se
fez em plenitude.
Espectador e artista se completam dentro do mesmo
ritmo de integração. (Trecho do diário de viagem à Índia 1990)
*Fotos da internet
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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
UMA VIAGEM AO RIO II
Dando
continuidade à minha viagem de 3 dias ao Rio de Janeiro, registro aqui algumas
reflexões sobre 2 mostras importantes: no MAM (Museu de Arte Moderna) e no MAR
(Museu de Arte do Rio).
A arte
contemporânea
Se estende à
vida
Ela não fica
parada
Em museus,
mas percorre
Espaços variados.
No Brasil
Começou com
Lygia Clark
E Helio
Oiticica, sempre presentes
Sempre lembrados.
Hoje os
artistas estão mostrando
Suas criações
Que não são
somente quadros
Pendurados nas
paredes.
No MAR,
Adriana Varejão
Inaugurou
A bandeira
do MAR.
Solenemente ela
se eleva
Para o
espaço e pode ser contemplada
Pelas
pessoas que passam.
No MAM, o
artista Wilson Piran
Criou um
grande painel
Denominado “Constelação”
Com o nome
dos artistas
Que têm
quadros neste acervo.
Meu nome
está lá, bem
Em frente,
reluzente!
Estou perto
de outros artistas
Mais famosos
do que eu.
Continuo sendo
Uma sobrevivente
no meio
Dos colegas
que já partiram
Para outra
vida...
Lembro-me
dos meus quadros
Que também
foram sobreviventes
De um
incêndio neste museu...
Havia uma
exposição de artistas
Concretistas.
Não fui
escolhida
Foi o que me
salvou.
Os quadros da
exposição
Foram queimados
pelo incêndio
Mas os meus
escaparam.
Já foram
expostos
Em mostras
posteriores
Estão em
perfeito estado.
*Fotos de
Marília Andrés e da internet.
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
terça-feira, 11 de dezembro de 2018
UMA VIAGEM AO RIO
3 dias no Rio
3 festas de família
3 exposições.
Foram 3 dias de festa
De criança e
Gente grande.
Luiza com 4 anos
Joaquim com 43.
Foi na Barra da Tijuca
Passando por muitas matas
Muitos túneis
Muitas praias.
Paisagens passando
Como filmes
Na ida e na volta.
Lá dentro, na festa, as crianças
Corriam, subiam
Em pontes altíssimas
Entravam em túneis
Misteriosos
E desenhavam nos intervalos.
Alegria pura
Arte e esporte juntos!
Joaquim me deu a
Passagem.
“A Bisa tem de
Estar presente
Nas festas dos bisnetos”
Não poderia faltar!
Foi uma festa atrás da outra.
No domingo o irmãozinho menor,
O Gabriel
Foi batizado
Na Igreja de Santa Inês
Onde tio Dion
Inaugurou uma creche.
Tio Dion já morreu
Tia Maria Silvia também
Mas a obra continua
Porque Vik Muniz
Doou suas colagens de santos
Para serem vendidas
Em benefício da creche.
Antes do batizado
Fomos ver a exposição
Está linda!
Valeu a pena a viagem.
Obrigada, Joaquim!
Fotos de arquivo
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terça-feira, 4 de dezembro de 2018
NO CCBB/BH UM CONVITE: COM A PALAVRA MARIA HELENA ANDRÉS
Não tenho voz para o palco, falo baixo.
Mas Ivana lê o texto em voz alta.
Eu também escuto em silêncio.
Todos escutam o relato construtivo que se instalou
no Brasil e no mundo na década de 50.
Década do pós-guerra, artistas perseguidos por
canhões, bombas, ditaduras militares, exílios, imigrações.
A arte é o caminho escolhido para uma busca
interior.
No silêncio de ateliês improvisados os artistas
buscam a paz em seus trabalhos.
Falar em construtivismo é falar da busca de
equilíbrio e harmonia interna que se exterioriza nas grandes mostras.
Há semelhanças formais e semelhanças espirituais,
trazendo luz para o fato de sermos irmãos.
A atmosfera de violência esteve presente como nos
dias de hoje.
Mas a paz interna sempre existiu e sempre existirá
para aqueles que a buscam nos labirintos de sua própria interioridade.
Vamos percorrendo a exposição e parando diante de
algumas obras.
Primeiro, Joaquim Torres Garcia, artista uruguaio
que teve grande atuação na América Latina.
Estudou as semelhanças entre a arte construtiva e a
cultura pré-colombiana.
Diante de uma pintura de Waldemar Cordeiro, do
inicio de sua carreira, notei grande semelhança com as pinturas do nosso
construtivismo em Minas.
Ivan Serpa está presente com uma tela de grande
dimensão.
Ele foi considerado por Mário Pedrosa o papa do
concretismo brasileiro.
Lembrei-me do fato ocorrido na década de 60, quando
Serpa teve uma mudança radical apresentando trabalhos totalmente
expressionistas.
Nós todos mudamos na mesma época, da disciplina do
construtivismo para uma expressão artística mais livre.
Mira Schendel está presente nessa mostra com dois livros
de artista: o primeiro envolto em plastiglás e o segundo feito em papel preto e
branco.
Anna Maria
Maiolino está expondo um livro de
artista e ainda um objeto de papéis colocados em volumes superpostos, a
semelhança de um palco todo em branco.
Hélio Oiticica apresenta na mostra apenas um Metaesquema, um desenho onde ele repete
diversas formas negras sobre fundo sépia.
Lembramos de sua exposição no museu de Houston, onde
ele ocupa uma sala/instalação com seus famosos Núcleos coloridos.
Lygia Clark com seus Bichos em alumínio, que a tornaram internacionalmente conhecida,
pode ser apenas contemplada.
Sua proposta seria de participação do expectador,
mas ali ninguém participou, pois embaixo havia uma advertência: “Proibido tocar
na obra”.
Finalmente, fomos conduzidos para a sala/instalação
de Lygia Pape, que de uma forma muito sensível alcançou a arte contemporânea
com fios de cobre alinhados num espaço escuro, iluminados por um raio de luz.
Procuramos focalizar os artistas brasileiros
presentes nessa Coleção de Ella Fontanals-Cisneros, que nos ofereceu a
oportunidade de apreciar as obras geométricas latino-americanas através de uma
exposição itinerante.
Saímos de lá conscientes da importância da
apresentação das coleções internacionais para o publico brasileiro, que sempre
nos proporcionam momentos de reflexão.
Parabéns aos organizadores do evento educativo no
CCBB e aos curadores da mostra.
*Fotos de Walmir Góis
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