Não tenho voz para o palco, falo baixo.
Mas Ivana lê o texto em voz alta.
Eu também escuto em silêncio.
Todos escutam o relato construtivo que se instalou
no Brasil e no mundo na década de 50.
Década do pós-guerra, artistas perseguidos por
canhões, bombas, ditaduras militares, exílios, imigrações.
A arte é o caminho escolhido para uma busca
interior.
No silêncio de ateliês improvisados os artistas
buscam a paz em seus trabalhos.
Falar em construtivismo é falar da busca de
equilíbrio e harmonia interna que se exterioriza nas grandes mostras.
Há semelhanças formais e semelhanças espirituais,
trazendo luz para o fato de sermos irmãos.
A atmosfera de violência esteve presente como nos
dias de hoje.
Mas a paz interna sempre existiu e sempre existirá
para aqueles que a buscam nos labirintos de sua própria interioridade.
Vamos percorrendo a exposição e parando diante de
algumas obras.
Primeiro, Joaquim Torres Garcia, artista uruguaio
que teve grande atuação na América Latina.
Estudou as semelhanças entre a arte construtiva e a
cultura pré-colombiana.
Diante de uma pintura de Waldemar Cordeiro, do
inicio de sua carreira, notei grande semelhança com as pinturas do nosso
construtivismo em Minas.
Ivan Serpa está presente com uma tela de grande
dimensão.
Ele foi considerado por Mário Pedrosa o papa do
concretismo brasileiro.
Lembrei-me do fato ocorrido na década de 60, quando
Serpa teve uma mudança radical apresentando trabalhos totalmente
expressionistas.
Nós todos mudamos na mesma época, da disciplina do
construtivismo para uma expressão artística mais livre.
Mira Schendel está presente nessa mostra com dois livros
de artista: o primeiro envolto em plastiglás e o segundo feito em papel preto e
branco.
Anna Maria
Maiolino está expondo um livro de
artista e ainda um objeto de papéis colocados em volumes superpostos, a
semelhança de um palco todo em branco.
Hélio Oiticica apresenta na mostra apenas um Metaesquema, um desenho onde ele repete
diversas formas negras sobre fundo sépia.
Lembramos de sua exposição no museu de Houston, onde
ele ocupa uma sala/instalação com seus famosos Núcleos coloridos.
Lygia Clark com seus Bichos em alumínio, que a tornaram internacionalmente conhecida,
pode ser apenas contemplada.
Sua proposta seria de participação do expectador,
mas ali ninguém participou, pois embaixo havia uma advertência: “Proibido tocar
na obra”.
Finalmente, fomos conduzidos para a sala/instalação
de Lygia Pape, que de uma forma muito sensível alcançou a arte contemporânea
com fios de cobre alinhados num espaço escuro, iluminados por um raio de luz.
Procuramos focalizar os artistas brasileiros
presentes nessa Coleção de Ella Fontanals-Cisneros, que nos ofereceu a
oportunidade de apreciar as obras geométricas latino-americanas através de uma
exposição itinerante.
Saímos de lá conscientes da importância da
apresentação das coleções internacionais para o publico brasileiro, que sempre
nos proporcionam momentos de reflexão.
Parabéns aos organizadores do evento educativo no
CCBB e aos curadores da mostra.
*Fotos de Walmir Góis
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