terça-feira, 7 de maio de 2019

UM RETIRO NOS HIMALAIAS - VIA SACRA


 A chuva está, de certo modo nos mostrando o lugar onde devemos ficar para reflexão. Depois de meses de viagem, aqui repousamos no silêncio das montanhas. Realmente, tudo foi necessário para completarmos nossa via sacra. Estamos na época da quaresma, conscientizando o caminho percorrido onde poderemos encontrar todas as figuras das cenas da Via – Sacra de Cristo.

Maria, a mãe, foi a jovem Gurumai logo ao início da viagem. Sob a guarda da energia Shakti, conduzidos por ela, seguimos caminho, enfrentando todas as dificuldades necessárias para a caminhada, desde o calor excessivo do sul da Índia, ao frio intensivo dos Himalaias.

Percorremos a trilha dos devotos e dos “jnanas”, sempre conscientes de que , para se realizar a totalidade é importante conhecer tudo, para depois fazer a entrega de todos os conhecimentos e experiências.

É necessário o Deus Interno, o Self, encontrado no silêncio do ser, para depois também entregá-lo na redenção final.

É preciso sofrimento, paciência, desapego, atenção total.

Aqui estamos prontos para a entrega final, que seria a morte do passado, não apenas intelectualmente, mas vivencialmente. Não apenas numa experiência mística, induzida por um momento de êxtase, mas a consciência de que a vida é, para qualquer ser humano, uma Via Sacra. Os passos da Paixão são nossos passos, a condenação, o julgamento, a cruz sobre os ombros percorrendo o caminho, o encontro com as mulheres (energia feminina) a ajuda de Cirineu (energia masculina), a queda (os obstáculos), novamente a retomada para o encontro no alto da montanha. Neste momento, teremos de fazer nossa entrega total.

Estamos conscientes disto, o passado precisa morrer para que haja ressurreição.

(Trecho de meu diário de viagem, 1990)

*Fotos da internet

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